Nota da autora: Este capítulo é uma continuação direta do anterior. E tem aviso importante no final, leiam, por favor (:
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MISHA
— Doutora Paloma Sartre? — perguntei, com a voz ligeiramente falhando.
Ela sorriu de forma divina assim que me viu, ultrapassando a barreira invisível que nos separa e vindo ao meu encontro com sua postura imponente e andar absurdamente elegante.
Porra, a Paloma Sartre parece a Kate Middleton versão acadêmica e eu usando uma calça de moletom cinza, um suéter de lã que roubei do meu pai, vulgo, peguei emprestado, mas que não pretendo devolver, e o cacete da bota ortopédica num pé e um All Star surrado azul, que era para ser azul claro e agora está cinza.
— Como vai, querida? Fez boa viagem? — ela me pergunta de uma forma curiosamente simpática.
— F-fiz, oi — nos aproximamos. — É, t-tá tudo bem? — Aqui, desisto da minha capacidade de regulação emocional que tanto estudamos no meu curso, a expressão neutra tão característica para as interações terapêuticas.
Tenho plena consciência de que estou rasgando os diplomas das minhas professoras neste exato momento.
Mas a Paloma parece ignorar minha reação, o que agradeço. Logo ela se abaixa para me cumprimentar (porque sim, ela é mais alta que eu, especialmente com essas botas), e seu perfume chega até mim, trazendo à memória o mesmo cheiro familiar daquela noite no Quimera, quando nos conhecemos pessoalmente. Mas, meu cérebro faz uma conexão instantânea e reconheço de imediato o perfume de madame dela: é o mesmo que estava no banheiro da Eris no dia que dormi pela primeira vez no ateliê.
O perfume era da Paloma Sartre.
Eris guardava o perfume da ex dela.
Mas então me lembro do que Eris me disse ontem, ou anteontem, sei lá. Não sei mais contar os dias depois dessa viagem. Ela fez a limpa no ateliê...
Ah, Eris, agora tudo isso faz tanto sentido. Por que estou sentindo meu peito apertar com essa constatação? Inferno. Ignora esses pensamentos, Misha, e foca no problema à sua frente.
— Ah, sim, claro — ela me responde. — É que a Jojo teve um imprevisto e não pôde vir, precisou se estender numa reunião de departamento. Ela estaria aqui para te recepcionar.
Jojo? Ela está se referindo à Doutora Jordan Pembroke, minha orientadora aqui em Manchester? É, parece que sim.
— Normalmente, temos algum professor ou representante para recepcionar os alunos internacionais, o que é mais simpático, não acha? No entanto, os alunos do comitê estudantil estão em recesso acadêmico. Por isso, decidi esperar pelo seu desembarque para garantir que não chegasse sozinha, afinal, você tentou o programa através da minha indicação. Fiz mal?
Paloma sorri com os lábios fechados, e eu só consigo pensar que ela é a cara da Gamora. A Paloma Sartre lembra muito a Zoe Saldana.
O que eu respondo? Pensa rápido, Misha.
— N-não, tudo bem, eu só não quero atrapalhar a senhora.
Deboche 1 X Medo de morrer 0.
— Não precisa me chamar de senhora, Misha, por favor.
— Foi mal, é por respeito — e porque eu não posso te chamar de filha da puta.
Ainda.
Mas, infelizmente eu ainda tenho juízo.
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ANTES QUE ELA VÁ EMBORA | ROMANCE LÉSBICO
RomanceCONTEÚDO ADULTO +18 | HISTÓRIA ORIGINAL O que acontece quando dois universos completamente diferentes colidem? Uma explosão, correto? Correto. Mas antes da poeira e o cheiro de queimado aparecerem, o caos nos faz uma visita e bagunça tudo. Foi as...