Capítulo 72

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Seattle, Washington - 2009

O corpo humano é feito pra compensar as perdas, ele se adapta pra não precisar mais do que não pode ter. Mas ás vezes a perda é tão grande que o corpo não consegue se adaptar sozinho. É aí que os cirurgiões entram na história.

O relógio em cima do balcão marcava três da manhã. A cozinha estava em penumbra, iluminada apenas pela luz suave da geladeira aberta, onde Alina vasculhava em busca de algo para comer. Ela suspirava de cansaço, mas um leve sorriso aparecia em seu rosto ao lembrar do pequeno momento de tranquilidade com Sophia, a filha que havia acabado de alimentar e pôr para dormir.

De repente, passos suaves ecoaram no chão de madeira, a luz se ascendeu e Mark entrou na cozinha, com os olhos ainda sonolentos e um sorriso curioso.

— Amor, são três horas da manhã. Tá fazendo o que acordada? — ele perguntou, aproximando-se dela com um olhar divertido.

Alina deu de ombros, puxando uma vasilha de pizza da geladeira.

— Sophia quis leite e o bebê quis pizza. — respondeu com um brilho malicioso nos olhos.

Mark arqueou as sobrancelhas, surpreso, mas logo soltou uma risada baixa.

— Ah, o bebê quis pizza? — ele repetiu, sorrindo.

Ela assentiu com convicção, fingindo seriedade.

— Sim! E como eu sou a super mãe, já dei mamadeira pra Sophia e fiz ela dormir. Agora, vou alimentar o bebê. — disse, colocando dois pedaços de pizza no micro-ondas, enquanto lançava um olhar satisfeito para ele.

Mark se acomodou em um dos bancos altos atrás do balcão, observando-a com admiração.

— E tem pizza pro super pai também? — ele perguntou, tentando conter o riso.

— É claro. — Alina sorriu, tirando a pizza do micro-ondas e servindo um pedaço para ele. O aroma familiar preencheu a cozinha, dando um toque de aconchego à madrugada silenciosa.

Mark pegou a pizza, mas olhou para ela com uma expressão de resignação brincalhona.

— Um de nós vai precisar aprender a cozinhar. — ele riu ao olhar o pedaço de pizza no prato.

Ela riu e revirou os olhos.

— Que bom que acha isso! Minha mãe vem pra Seattle amanhã, vai me dar uma aula de comidas de bebê.

Mark inclinou a cabeça para trás, suspirando teatralmente.

— Ainda bem que eu estava sentado. Quantos dias a sua super controladora mãe vai ficar aqui? — ele disparou, voltando a olhá-la.

Alina soltou uma risada e sacudiu a cabeça.

— Ela não é tão controladora assim. — ele se sentou diante dele, encarando seu pedaço de pizza enquanto sentia o estômago revirar.

— Amor, ela disse que queria escolher o nome do bebê. — Mark ergueu uma sobrancelha, enquanto encarava a esposa com um sorriso de canto.

Ela balançou a cabeça, rindo consigo mesma.

— Tem razão, ela é mega controladora. — admitiu, rindo mais alto, contagiando Mark, que também soltou uma risada.

Depois de um momento, ele deu uma mordida na pizza e fez uma expressão de aprovação.

— Nossa, isso tá bom! — disse, surpreso.

Alina deu uma última risada, saboreando seu próprio pedaço.

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