• 𝑬𝒙𝒕𝒓𝒂 •

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Anos depois

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Anos depois...

       A neve caía intensamente do lado de fora, pintando o mundo de branco. Aproximei-me da janela e observei Kaiden, bem agasalhado, ajudando nossa pequena Nadine a montar um boneco de neve. Ela usava um casaco rosa com detalhes de pelos brancos, segurando uma cenoura em uma das mãos enquanto observava atentamente o pai moldar a cabeça do boneco. Killer, travesso, estava de olhos fixos no legume, pronto para atacar.

     Ri baixinho enquanto colocava minhas luvas e pegava meu casaco. Saí para o frio, já preparada para intervir.

     — Killer, nem pense nisso! — adverti, me aproximando.

      Peguei Nadine nos braços, e seus cabelos loiros — iguais aos do pai — balançaram ao vento. Seus olhos verdes, herança minha, brilharam enquanto ela sorria para o cachorro.

        — lobinho... papar... — balbuciou com sua vozinha doce e aguda, tentando oferecer a cenoura ao cão.

     Ri diante de sua bondade. Era tão pequena, mas tão generosa.

      — Amor, me ajuda aqui. — chamou Kaiden, ajoelhado na neve.

      Coloquei Nadine no chão, e ela logo riu enquanto Killer, satisfeito, devorava a cenoura. Me abaixei ao lado do meu marido, ajeitando o cachecol.

      — Você ainda é muito ruim nisso. — provoquei com um sorriso. — Mas, tenho que admitir, está melhorando.

      — Muito engraçada, senhora Volkov. — ele revirou os olhos com falsa indignação, arrancando uma risada minha.

     — Papai! Cabessa! — gritou Nadine, apontando para o boneco.

     — Está vendo? Até ela sabe que eu sou um artista. — Kaiden lançou um olhar presunçoso, o que só me fez rir ainda mais.

     Trabalhamos juntos para finalizar o boneco, com Nadine dando palpites adoráveis e improvisando decorações com gravetos e pedras. Quando terminamos, ela bateu palminhas, radiante.

      — Bonico! — exclamou, abraçando Kaiden, que fingiu cair para trás na neve, arrancando gargalhadas dela.

     Logo o frio nos venceu, e voltamos para dentro. A lareira estava acesa, e o cheiro de chocolate quente enchia o ambiente. Sentados no sofá, cada um com sua caneca, Nadine segurava a dela com as duas mãos, lambendo o topo do chantilly com cuidado.

     — Fofo! — comentou ela, apontando para o boneco de neve pela janela.

    — Igual ao papai? — brinquei, olhando para Kaiden.

    — Claro, amor. Tudo de bom vem de mim. — ele piscou, me arrancando uma careta.

     Era hora de abrir os presentes. Nadine quase explodia de ansiedade enquanto desembrulhávamos os pacotes. Comecei pelo meu. Dentro da caixa, uma chave reluzente chamou minha atenção.

      — O que é isso? — perguntei, intrigada.

      Kaiden sorriu como quem tinha um segredo.

     — Vá lá fora e descubra.

     Olhei pela janela e, no caminho da entrada, estava um carro futurista, com design impecável e tecnologia de ponta.

     — Você está brincando! — exclamei, rindo e cobrindo a boca com a mão. — Obrigada!

      — Nada além do melhor para minha garota.

      — Ah, estou com vergonha de dar o meu agora.

     — Por quê? — perguntou ele, franzindo a testa.

     — Porque é simples.

     — Só de receber o presente já fico imensamente feliz. Me dê.

     Com Nadine no colo, entreguei a ele um pacote pequeno, mas especial. Ele abriu e encontrou um diário de couro, simples e clássico.

     — Um diário? — ele arqueou a sobrancelha, mas seu sorriso era genuíno.

   — Para que você escreva seus pensamentos, seus planos, sentimentos...

     Kaiden riu baixinho, olhando para mim com ternura.

     — Não preciso mais de diários, meu amor. — ele me puxou para perto, colando sua testa na minha. — Você é o meu diário. Meu começo, meio e fim.

     Ele me beijou, e Nadine, no colo, bufou, tentando puxar meu cabelo.

    — Papai... Mamãe... Pala! — reclamou, arrancando risos de nós dois.

     Ela tem muitos ciúmes de Kaiden. Eu não julgo. Também tenho.

     — Vem para o papai. — ele pegou ela e esfregou a bochecha dela contra a sua e eu fiz beicinho.

     Ele sorriu e enganou a Nadine dizendo ter visto o papai noel e  me deu um beijo rápido.

     — Agora, o primeiro bebê da mamãe.

     Chegou a vez de Killer e Nadine. O cachorro ganhou um novo brinquedo resistente, que ele imediatamente levou para seu canto com entusiasmo. Nadine, por sua vez, ajudou Kaiden a abrir uma caixa enorme.

     — O que é? O que é? — ela gritava animada, tentando rasgar o papel.

     Quando o presente foi revelado, minha expressão mudou. Era um fuzil personalizado com as princesas que ela gostava. Lancei um olhar mortal para Kaiden.

     — Sério? Um fuzil?

     — Ela precisa se cuidar, amor. Daqui a pouco, nossa anjinha vai para a escola, e vai ter um monte de demônios atrás dela.

     — Eu não quero que ela tenha a mesma vida que nós tivemos.

    — E não vai. Mas isso não significa que ela não precise estar preparada.

     Nadine, alheia à discussão, brincava com a caixa, rindo. Kaiden colocou a mão no meu ombro, suavizando o olhar.

    — Nós somos o que somos, mas isso não significa que ela terá que carregar os mesmos fardos. Só quero que ela esteja segura.

     Suspirei. Ele se aproximou, beijando minha testa.

     — Se livra do fuzil.

     — Ela adorou! — retrucou.

     — Agora.

     — Tá bom, sem brigas. É Natal.

     Terminamos a noite rindo, com Nadine correndo pela sala e Killer atrás dela. Era um caos feliz. Nunca mais passei o Natal sozinha. Eles eram minha casa, meu mundo. E, naquele momento, tudo parecia perfeito.

      Pelo menos por enquanto.


  FIM.

ᴍɪɴʜᴀ ᴅᴇsᴛʀᴜɪçãᴏOnde histórias criam vida. Descubra agora