𝟑𝟗: 𝐁𝐫𝐚𝐧𝐜𝐨

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Empire Grace HotelSábado, 03:00 PM

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Empire Grace Hotel
Sábado, 03:00 PM

       Já faz algumas horas que não vejo a Gabriella, mas parece uma eternidade. Os segundos se arrastam como pequenos seres rastejantes, lentamente. Respiro fundo, ignorando a agulha enfiada no meu braço esquerdo, o ardor e o sangue de outra pessoa infiltrando-se nas minhas veias. Nunca imaginei que o motivo para o meu nariz não parar de sangrar fosse uma anemia. Descobrir isso foi um soco no estômago, mas não tão forte quanto o escândalo que quase levei da Gabriella.

      Ela teve um surto ao fuçar minhas conversas com o médico pelo celular e descobrir que minhas taxas de ferritina estavam praticamente zeradas. Tentei esconder isso ao máximo para não preocupá-la, já que ela também não estava cem por cento — provavelmente por conta da indigestão constante que vem enfrentando.

      Ignoro a sensação desconfortável da transfusão e me concentro no álbum de fotos em minhas mãos.

      Sorrio ao encarar uma foto antiga da minha família. Meu dedo desliza sobre o rasgo que dividia a imagem ao meio: do lado esquerdo, eu e Viktor; do direito, minha mãe e Klim. Fiquei feliz quando a Gabriella me ajudou a colá-la. Era como se ela estivesse reunindo os cacos do meu coração. Ela até sugeriu excluir meu pai da foto, mas pedi para deixá-lo. Afinal, foi graças ao plano ridículo dele que estamos prestes a nos casar.

    Fecho o álbum com um suspiro.

     Não vejo a hora de preencher suas páginas com as nossas fotos. Minha nova família: eu, Gabriella e nosso pequeno furacão, Killer.

     Porra, estou tão feliz.

     Olho para a paisagem que a cobertura do hotel me oferece enquanto acaricio o anel no meu dedo. Faltam apenas algumas horas para eu finalmente casar com a mulher da minha vida. A essa hora, ela deve estar na mansão, cuidando dos últimos preparativos da cerimônia.

      Meu olhar recai sobre o terno branco pendurado próximo à cama. Branco, uma cor que não uso há muito tempo. Ela também não.

      Meu celular vibra. É Desmond. Atendo imediatamente.

      — A Gabriella está bem? — pergunto, arrancando a agulha do braço com brusquidão.

      — Porra, Kaiden, será que você pode parar de ser paranoico por um único dia? Hoje é o seu casamento, cacete.

      Dou uma risada curta enquanto abro o laptop, pronto para invadir as câmeras da mansão.

      — Ver a noiva antes do casamento traz azar, sabia? Minha mãe sempre dizia isso.

      Como ele sabe que estou prestes a vê-la?

      — Só uma espiadinha.

     — Suas espiadinhas não têm nada de saudáveis. — repreende ele. — Eu só liguei para saber se está precisando de alguma coisa.

ᴍɪɴʜᴀ ᴅᴇsᴛʀᴜɪçãᴏOnde histórias criam vida. Descubra agora