𝟐𝟖: 𝐂𝐢𝐜𝐚𝐭𝐫𝐢𝐳𝐚𝐭𝐢𝐨𝐧

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GABRIELLA HUNTER

Sem localização;

11:30 AM.

      A escuridão da camisa de manga longa e gola alta que vesti era uma armadura contra os vestígios da noite anterior — as marcas de desejo gravadas na minha pele, era um lembrete incômodo do quanto ele me queria. O tecido pesado caía sobre mim como uma segunda pele, os braços longos e justos me envolvendo em uma sensação de proteção, enquanto tentava afastar os ecos de sua presença.

     Sentanda na beira da cama, senti o colchão afundar sob meu peso, um leve suspiro escapando dos meus lábios. Kaiden estava ali, em um canto, com seu olhar provocador e aquele sorriso torto, como se soubesse exatamente o efeito que tinha sobre mim. Enquanto ele se concentrava nas injeções, eu não conseguia evitar de estudar seus movimentos — a maneira como seu corpo se curvava com a tensão, os músculos definidos trabalhando em harmonia. Queria evitá-lo constantemente, mas, ao mesmo tempo, havia algo nele que me prendia, um magnetismo que eu detestava, mas não conseguia ignorar.

       — Você está pronta? — a voz dele quebrou o silêncio, arrastando-me de volta aquele momento.

       — Você realmente acha que pode me controlar assim? — perguntei, sem mostrar qualquer expressão.

       Ele parou a poucos passos de distância, o corpo inclinado levemente para frente, como se estivesse se preparando para um desafio.

        — Eu só estou fazendo o que é necessário — ele respondeu, com aquela confiança irritante. — Preciso que você esteja segura.

         Ele segurou a seringa com uma mão enquanto, com a outra, levantou delicadamente minha mão esquerda. Com um movimento firme, injetou o biochip no dorso. O ponto de dor foi mínimo, mas a ideia de estar marcada por ele, mesmo que por motivos de segurança, me deixou enjoada. Logo em seguida, os joelhos dele tocaram o chão, criando uma perspectiva que me trouxe uma satisfação inesperada. Levantei o pé, deslizando suavemente pela coxa dele, contornando sua pelve até pousar sobre seu abdômen. Um sorriso se abriu em seu rosto enquanto ele segurava meu tornozelo, puxando-o com mais força para perto de si.

       Então, ele enfiou a agulha na parte de cima do pé, e a dor aguda retornou, novamente insignificante. A sensação era estranha, como se ele estivesse fazendo uma tatuagem invisível que me ligava a ele de uma forma indesejada.

        — Dois chips? — perguntei, confusa. — Por que dois?

        — Uma garantia — respondeu ele, acariciando meu pé com uma suavidade que contrastava com a gravidade da situação. Seu tom casual disfarçava algo mais profundo, e eu sabia que havia muito mais por trás daquela resposta. — Você vai demorar para voltar? — seus olhos explorando meu corpo com uma intensidade que me deixava inquieta. A forma como ele me olhava despertava um conflito interno. Eu queria desviar o olhar, mas havia algo hipnotizante em seu olhar.

      — Não é da sua conta — retruquei, endurecendo a expressão e afastando meu pé dele. A raiva me dava uma sensação de controle, e eu não ia abrir mão disso.

      — Olha só você, tão fria agora — ele começou, um sorriso debochado nos lábios enquanto se levantava. — Noite passada, você estava tão quente enquanto gemia desesperadamente.

      Inspirei profundamente e cruzei os braços.

      — Eu não estava gemendo por você. Era apenas uma atuação — retruquei, tentando manter a compostura, mas a lembrança da noite anterior fez meu estômago esquentar— Eu não me deixo levar por um animal no cio.

ᴍɪɴʜᴀ ᴅᴇsᴛʀᴜɪçãᴏOnde histórias criam vida. Descubra agora