Fragmento de memória de Kaiden Volkov.
22 de setembro de 2020.
Acordei com a luz suave invadindo o quarto, mas mantive os olhos fechados, aproveitando a sensação da Gabriella sobre mim. Sentia sua respiração calma, o corpo quente e aconchegante contra o meu. Por mais que ela me visse como um demônio – talvez ela tivesse razão em partes —, também sabia que eu a protegia de qualquer ameaça, incluindo de mim mesmo.
Abri os olhos lentamente, vendo-a me observar. Seu olhar perdido me divertia, e sorri, sabendo que a surpresa em seu rosto era genuína, como sempre.
— Até quando pretende me encarar? — perguntei, deixando uma pitada de humor escorregar, embora minha mente já começasse a vislumbrar cada detalhe dela. Eu era possessivo o suficiente para detestar a ideia de outro olhar sobre o que era meu.
Ela desviou o olhar, tentando se afastar da minha intensidade. Assisti-a sentar-se na cama, usando minha camisa. Sorri, sabendo que, independentemente de tudo o que já fiz, ela não me temeria. A química que nos envolvia era uma corrente perigosa, a mesma que me fazia querer queimar o mundo inteiro se isso significasse tê-la só para mim.
Observei o cabelo dela, uma bagunça provocante que só a deixava mais tentadora.
— Você está parecendo uma bruxa com esse cabelo todo bagunçado — provoquei. — Acho que vou te chamar de bruxa agora.
Ela se virou, irritada, e deu um soco no meu braço, como se isso fosse o suficiente para deter qualquer coisa em mim.
— Não me chame assim!
Eu ri, puxando-a pela cintura. O toque dela era como uma droga que nunca me cansava de provar. Encostei meu rosto no dela, absorvendo seu cheiro.
— Tudo bem, minha bruxinha. — murmurei com suavidade maliciosa.
Ela estava tão próxima que minha respiração se misturava com a dela. Observamos um ao outro, a intensidade entre nós tornando-se um fio que podia facilmente partir ou queimar. Aproximei-me, nossos lábios quase se tocando, quando, de repente, a porta do quarto foi escancarada, e meu pai apareceu com seu rosto petrificado de severidade.
Senti cada músculo do meu corpo endurecer. Deslizei da cama, já preparado para encarar o velho com o desprezo que ele merecia. O olhar de julgamento dele era como um fogo sem calor, vazio e cheio de uma autoridade que eu desprezava.
— Quero falar com você no escritório. Agora. — A voz do meu pai soava mais como um ruído incômodo do que uma ordem que eu tivesse a mínima intenção de acatar.
Assenti, com um sorriso seco nos lábios, sem uma única palavra de resposta. Meus olhos foram até ela por um instante, parada no canto do quarto, nervosa. Provavelmente estava com medo que a mãe dela descobrisse sobre o nosso caso e se irritasse. Mal sabia ela que nossos pais sabiam disso há muito tempo. Mas era útil deixá-la acreditando que estava fazendo algo proibido. O medo a mantinha sob controle. Às vezes.
Segui meu pai até o escritório, observando suas costas rígidas enquanto ele abria a porta. Sem cerimônia, entrei e fui direto para a poltrona atrás da mesa dele, jogando os pés sobre a madeira polida. Entrelaçando os dedos, ergui o rosto e o encarei com indiferença.
— O que foi, Viktor? Por que diabos invadiu o meu quarto essa hora da manhã?
Ele suspirou, visivelmente exasperado.
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ᴍɪɴʜᴀ ᴅᴇsᴛʀᴜɪçãᴏ
РазноеEu pensava que já tinha enfrentado demônios suficientes, mas ao encarar Kaiden Volkov, percebi que tudo o que vivi era apenas o começo do verdadeiro inferno. Ele transformou minha vida em um caos ardente, mostrando as várias facetas do diabo. Cada d...