𝟑𝟑: 𝐅𝐫𝐢𝐨

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Página do diário de Kaiden Volkov

Data: 20 de setembro de 2020 – Horas antes de ser roubado.

"[...]

Tudo que eu vejo, ouço, respiro... tudo gira em torno dela. Não consigo escapar, não consigo parar. Gabriella. Gabriella. O nome dela é como uma marca, queimado na minha mente, gravado na minha pele. Faz algumas horas que a toquei no banheiro, mas ainda sinto o calor do corpo dela em minha língua, mais especificamente de sua boceta. O cheiro dela de morango, o gosto do beijo dela, a doçura misturada com uma escuridão que só eu conheço. O rosto dela... aquele belo rosto... sujo com minha porra, é perfeito. Esse momento é meu, só meu, e eu nunca vou deixar ninguém tirar isso de mim.

Eu quero Gabriella. Quero ela em todos os sentidos, de todas as formas. Mas ainda existe aquele maldito voto de castidade. Como eu odeio isso... Como eu anseio pelo dia em que esse plano, esse acordo inútil, enfim, acabe. Porque, naquele momento, eu vou colocar um anel no dedo dela. Ela vai querer. Vai desejar. E, se não quiser... ah, se não quiser... eu a farei querer. Porque será o útero dela que vai carregar meu filho, meu legado.

Ela está aqui, agora. Na minha cama. Deitada, rendida, vulnerável. E eu, rendido a ela. O poder dela sobre mim é total, inescapável, como uma corrente que me prende e me puxa para dentro de um desejo insaciável. Não há nada, absolutamente nada, que possa me fazer afastar dela. Nem ódio, nem raiva, nem a loucura que sinto crescendo em mim. Porque esses sentimentos confusos, doentios... são mais que uma simples obsessão. É amor. 

Eu não me importo com o preço que tenho que pagar. Gabriella será minha, quer ela queira ou não."

     Fechei o diário, guardando-o na gaveta com cuidado, como se cada palavra escrita fosse um segredo sagrado entre nós. Me virei, e lá estava ela, deitada na minha cama, vulnerável, exposta, sem qualquer ideia do quanto me pertence. Caminhei em sua direção, cada passo cuidadosamente silencioso, como um predador. Deitei-me ao seu lado e a puxei para mim, envolvendo-a com meu corpo. Abraçá-la assim, sentir seu calor tão perto... Ela encaixa perfeitamente em mim, como se fosse feita para estar ali.

      Minha concinha menor perfeita. 

      Nascemos um para o outro, feitos para nos completarmos. Minha mão percorre sua pele, suave e devagar. Me inclino e inspiro profundamente o cheiro dela. É como uma droga. Fecho os olhos e deixo que o aroma dela me invada, me encha.

      Ela é a peça que completa minha existência. Sem ela, eu não seria nada além de um homem vazio, perdido. 

KAIDEN VOLKOV

Montanha Cheyenne, Colorado;

Quarta-feira, 10:00 AM.

     Destruição.

      Uma palavra simples, mas tão absoluta. Destruição é a ausência de esperança, a ruína de tudo o que já existiu. É o ponto final na linha da existência, a queda inevitável de algo que jamais será o mesmo. Destruição não escolhe lados, não se importa com sentimentos ou promessas. Ela apenas devora, sem deixar nada além de destroços para trás.

     O que restou de mim é apenas uma casca, um homem destroçado, mas com uma única coisa que ainda pulsa: a necessidade de vingança.

      A luz branca da sala era quase ofuscante, refletindo nas paredes pálidas, criando uma atmosfera fria e implacável. O ar parecia congelar dentro dos pulmões, e aquele ambiente impiedoso me envolvia, trazendo à tona memórias que nunca consegui enterrar. Desde o dia em que senti a pele fria da Gabriella sob meus dedos, desenvolvi um ódio visceral pela baixa temperatura. Cada sopro de ar gelado parecia um lembrete cruel, um assombro que me puxava de volta para o momento em que tudo mudou.

ᴍɪɴʜᴀ ᴅᴇsᴛʀᴜɪçãᴏOnde histórias criam vida. Descubra agora