- Capítulo III

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Gustav Elijah

Quando Sophia saiu, aproveitei para respirar o ar que estava prendendo, o porquê? Nem me pergunte.

Percebi como Sophia havia mudado, ela parecia bem mais madura, me perguntei se ela havia finalmente superado seus transtornos e não precisava mais tomar remédios, mas sabia que se entrasse nesse assunto ela iria perguntar sobre os MEUS remédios, e eu não estava nada afim de receber um sermão seu, pois sabia exatamente como era chata com isso, ela sempre se preocupou demais comigo e não queria a fazer lembrar disso tão cedo.

Quando ela entrou novamente no posto so que dessa vez com uma mala, percebi sua mudança de humor claramente evidente em seu rosto, ela parecia nervosa e não estava nada bem.

— Merda, merda, merda. - ela resmungou ao entrar no local e vasculhar seu celular na mochila que estava levando.

— Aconteceu alguma coisa? - eu digo a encarando com preocupação e desviando para olhar o vidro, percebendo que o cara que estava conversando foi embora e parecia com pressa.

— O uber cancelou a corrida e eu nem sei para onde vou e nem tem como ir para algum lugar! Mas que merda, só me meto em confusão, não deveria ter saído da Itália. - ela resmunga mais algumas coisas, mas eu a interrompo.

— Pode ir para minha casa. - o jeito que havia falado fez parecer que eu estava esperando para perguntar. — Se quiser, é claro. - eu disse logo depois tentando parecer com que eu não esteja desesperado para que ela aceite.

Ela desviou a atenção do celular e me encarou com um olhar e expressão pensativa, estava começando a me arrepender pois apenas parecia que eu estava mais desesperado ainda.

— Tem certeza? Não quero te incomodar, e já está bem tarde, não quero acordar sua namorada. - ela perguntou com incerteza enquanto parecia estar bem pensativa.

— Namorada? Eu não tenho namorada. - eu franzi o cenho, confuso com seu comentário. Por que ela teria tanta certeza de que tenho uma namorada? Eu nem era mulherengo na época que nos conhecemos.

— Oque?! Como assim você não tem namorada? Já viu os comentários de suas fotos? Tenho certeza que elas nem devem saber que assédio é crime! - ela diz se referindo as garotas que comentavam em meus posts. Se eu estava confuso, ela parecia estar ainda mais ao descobrir que eu não tenho uma namorada. Seu tom era de indignação e pude sentir meu ego aumentando um pouco com seu comentário, e logo minha expressão se relaxa novamente.

Eu balancei a cabeça tentando disfarçar o orgulho evidente em meu rosto e tentando mudar de assunto.

— Você quer ir para minha casa sim ou não? Está ficando tarde e não quero dormir no volante. - eu digo verificando a hora em meu celular.

— Por mim tudo bem. - ela diz dessa vez mais aliviada. Percebi que ela estava apenas preocupada com minha suposta "namorada". — Merda, deveria ter calado a boca. Tenho certeza que agora aumentei seu ego. - conclui a garota com uma expressão dramática levemente falsa enquanto balançava a cabeça negativamente.

— Só um pouquinho eu diria. Mas obrigado pelo elogio, flamingo. - Eu disse revirando os olhos e a encarando com um olhar brincalhão e um tom de voz divertido.

Flamingo era seu apelido na escola, na verdade apenas eu a chamava assim, e estava meio óbvio que era pela cor de seu cabelo, que antes era um rosa forte quase igual o meu, mas agora era claro e desbotado, não vou mentir que esse rosa claro fez a parecer tão fofa quanto era.

— Nem invente de me chamar assim de novo. - ela diz me lançando um olhar mortal. Ela gostava desse apelido, mas fingia que não apenas para não admitir.

Finalmente decidimos levantar e pude sentir minha cabeça girar levemente, mas não me importei, já me senti assim tantas vezes que isso não muda muita coisa.

Antes de sair tive o prazer de pagar seu chá, confesso que só paguei para ela ficar me devendo depois, mas ela acabou se lembrando de quando comi todo seu biscoito há 5 anos atrás e ainda estava devendo, então aquela foi a forma de pagamento. Estava surpreso, é sério que ela se lembra de todas as minhas dividas? Estou fodido.

No carro a conversa fluiu como sempre, des do momento que pisei no acelerador até finalmente descer do carro, não teve um segundo que não parávamos de conversar. E eu tenho que dizer, quantas saudades eu tinha de conversar com ela, colocar os assuntos em dia e reclamar de pessoas ingratas em nossas vidas. Nem poderia acreditar que aquilo estava realmente acontecendo.

Sophia Rossi

Quando finalmente chegamos a sua casa, soltei um suspiro aliviada por pelo menos ter alguém confiável para ficar, não pretendia ficar por muito tempo em sua casa, claro, quando acordar vou rapidamente procurar um apartamento, pois morar na casa dos outros é algo vergonhoso.

Quando ele abriu a porta e deu espaço para entrar, pude perceber como a casa era a sua cara. Tinha algumas roupas espelhadas na cadeira de jantar, e uns baseados jogados na mesinha em frente o sofá, junto com alguns frascos de comprimido. Sua casa não necessariamente tinha um cheiro ruim, pelo ao contrário, era um cheiro bom, oque me surpreendeu.

— Quer ir tomar banho? - ele diz enquanto levava minha mala até seu quarto, não entendi ele poderia ter deixado na sala, mas tudo bem.

— Poderia arranjar uma forma melhor de dizer que estou fedendo. - eu digo vasculhando meu pijama na minha mochila que eu apoiei em sua mesa.

— Sabe muito bem que não tem nada haver. Você deve estar cansada, foram 12 horas de viagem, tenho certeza que precisa de um banho para relaxar. - ele diz rapidamente tentando se explicar e dando argumentos, e não pude deixar de rir de seu jeito levemente nervoso para provar o ao contrário. — O banheiro é por aqui. - ele diz apontando para o banheiro qual a porta estava aberta.

Eu assenti e entrei, me despindo e começando meu banho. Ele estava certo, tudo que precisava era de um bom banho quente. Quando entrei debaixo do chuveiro, logo senti meu corpo relaxar em uma onda de prazer. Não demorou muito para eu terminar o banho, já que não lavei o cabelo por estar muito tarde e não ter tempo de secar nem cuidar dele.

Quando sai do banheiro, olhei para a sala e lá estava Gustav, com seu pijama do Shrek e sentando da forma mais desajeitada com uma das pernas apoiadas na mesinha a frente, coçando a cabeça enquanto bocejava de um jeito que fez parecer que éramos casados há 12 anos. Não posso mentir, essa cena me arrancou milhares de memórias e também uma pequena risada.

— Não era para você estar arrumando a sala para mim? Bom, talvez apenas um lençol seria confortável. - eu digo andando em sua direção enquanto colocava minha roupa na mochila. Eu vestia uma blusa de manga comprida pelo frio, e uma calça moletom com pequenos detalhes da hello kitty, diferente da minha blusa que era uma cinza do homem aranha.

— Você não vai dormir no sofá. Vai dormir comigo, ué. - ele diz como se já fosse óbvio. Ele se levanta até o corredor que dava em seu quarto, o banheiro e outro quarto fechado onde havia uma placa escrito "silêncio, estou fazendo história, vadia." oque eu achei bem sua cara.

— Pra que? - eu pergunto confusa, franzindo o cenho ainda tentando entender.

— Porque estou com saudades de minha incrível amiga Sophia, e não sei a próxima vez que vou vê-la. - ele diz com sua voz rouca e da um sorriso forçado fechando os olhos enquanto se encosta na parede, parecendo como se estivesse me esperando para acompanha-lo.

— É, parece que não tenho outra opção a não ser aceitar. - eu digo retribuindo o sorriso forçado e fechando minha mochila, para finalmente ir atrás dele.

...

De volta ao Passado 💫 - lil peepOnde histórias criam vida. Descubra agora