•• EU, VOCÊ e o que não dizemos! ••
Quando os olhos falam, as palavras silenciam.
______________________________________"Estamos todos Interlagos no grande círculo da vida!" - REI LEÃO
Os dias após aquela noite ficaram meio estranhos entre mim e Donavan. Ele estava sempre na encolha sem saber como agir perto de mim, me olhava com certo temor apreensivo pelo o que eu poderia lhe dizer, eu, por outro lado, mesmo sendo grata por ele ter salvo minha vida na lanchonete, ainda sentia uma pontinha de zanga pelo seu comportamento no pub, porque, uma coisa não tinha nada a ver com a outra.
(***)
- Você encontrou? - perguntou Bárbara.
Ela havia feito eu ir até o supermercado em busca de baunilha para a sua sobremesa do almoço de hoje.
- Sim, encontrei. Aqui! - entrego a sacola antes de tirar o casaco molhado da chuva.
- Você está encharcada.
Donavan surge de repente, a voz baixa me surpreende enquanto eu tiro o capuz. Quando saí de casa, ele não estava, então sua presença me pegou desprevenida. Ele se aproximou, dando passos leves sobre o chão de madeira. Antes que eu tivesse tempo de reagir, seus dedos tocaram minha pele com uma suavidade inesperada. Seu polegar limpou as pequenas gotículas de chuva nos meus cílios. Senti sua respiração aquecer levemente o meu rosto, o seu toque foi tão delicado que eu mal consegui respirar.
- Prontinho - murmura, sorrindo com aquela simplicidade que sempre mexe comigo.
- Obrigada! - engoli seco.
Ruan aparece descendo as escadas muito sorridente.
- Chloé! - desliza pelo corrimão sorrindo.
Donavan revira os olhos e ri.
- Ele vai ficar com a gente esse final de semana. - solta um suspiro profundo.
- E pilo visto será um longo final de semana. - retruca.Ruan me dá um abraço bem apertado e demorado. Donavan pigarreia, então ele me solta.
- E aí irmãzinha, tudo bem? - pergunta entusiasmado.- Sim, tudo sim. - dou um sorriso amarelo e encaro Donavan - Que bom que veio ficar conosco, vai ser bom ter alguém diferente em casa.
- A reforma nos dormitórios pegou muita gente de surpresa, por sorte eu tenho esse cara aqui! Coração de ouro. - Ruan bagunça os cabelos de Donavan rindo, e ele resmunga.
Meu pai aparece em seguida e pede ajuda dos dois no quintal.
- Chloé, pode me ajudar com o creme? - pergunta Bárbara, sua voz suave enquanto ajeita o avental.
O avental cor de rosa, coberto por desenhos de cupcakes, com uma frase familiar bordada: "Você é minha doçura!"
Inevitavelmente sou transportada para infância e uma onda de nostalgia me atinge. Minha mãe tinha um igual. Usava quando fazia seus doces, e eu sempre me encolhia de vergonha ao ouvir aquelas palavras. Era o jeito dela de me lembrar que eu era tudo para ela. Sei que não é o mesmo avental - o da minha mãe eu estraguei com suco de beterraba. Mesmo assim, a lembrança vem como uma chama, suave, mas impossível de ignorar. Sinto um aperto, tomar o peito.Eu aceno silenciosamente, me movendo em direção à cozinha. O cheiro doce do crepe francês enche o ar, e eu percebo que é uma das sobremesas favoritas do meu pai. Bárbara mexe com delicadeza, os gestos precisos, enquanto eu me aproximo, tentando ignorar a dor sutil que se instala junto à lembrança.
- Você notou algo diferente em Donavan? - ela fala despretensiosamente apenas para puxar assunto.
Afirmo que não com a cabeça, mantenho um olho na panela e outro lá fora.
- Graças a Deus, achei que eu estivesse enlouquecendo, meu filho apaixonado?
Ela ri.
Seu comentário desperta uma curiosidade latente em mim que não consigo esconder.
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EU, VOCÊ e o que não dizemos!
RomanceA única coisa que Chloé não podia, ou melhor dizendo, a única pessoa por quem ela não devia se apaixonar, era Donavan, seu meio-irmão. Mas seria impossível ignorar a atração que sentia por aquele olhar profundo e enigmático, uma sombra sedutora que...