JUNHO

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•• EU, VOCÊ e o que não dizemos! ••
Quando os olhos falam, as palavras silenciam.
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"Às vezes a vida é assim, a gente espera um unicórnio e recebe um cabrito." - MEU MALVADO FAVORITO

SUPERSTIÇÕES E SEUS SIGNIFICADOS.
Vovó Beth costuma dizer que a aparição de uma borboleta simboliza a visita de uma alma com saudade.
Crendice?
Talvez!
Quando se é criança as borboletas tem outro significado, beleza e encantamento e nada mais.
Eu nunca dei a devida importância para isso até perder alguém de verdade, hoje imploro de coração apertado para que eu seja contemplada pelo toque de suas asas.
A urgência em ser amparada me fez adepta a qualquer dessas superstições, apenas para que eu sinta algum alívio provisório.
Hoje eu tive um sonho, bem vívido por sinal, sonhei com um campo de lavanda, repleto de borboletas dançando ao meu redor. O aroma fresco da lavanda me despertou, e lembrei do que vovó Beth disse. Talvez essa visão signifique que minha mãe veio me visitar, desejando felicidade e confessando que também sente saudades.
Isso de certa forma conforta meu coração.

Olho para o relógio. A cama ainda quentinha e os meus olhos se perdem no teto. A janela está fechada, então como uma borboleta entrou aqui? Estou perdida em pensamentos quando a porta se abre, e meu pai aparece, cantando um "parabéns" desafinado, segurando um bolo decorado com velas coloridas. Bárbara está atrás dele, com um chapeuzinho lilás na cabeça e uma língua de sogra na mão.

- Feliz aniversário!- falam em coro.

- Faça um pedido! - pede meu pai antes de eu soprar as velinhas.

Fecho os olhos, inspiro fundo e sopro uma a uma, enquanto desejo que esse dia seja, de alguma forma, especial.

- Então, o que vai querer fazer hoje? Apenas uma vez se faz dezoito anos! Temos que comemorar! - Bárbara está animadíssima.

- Não sei... - respondo, olhando para o teto novamente. A borboleta não está mais lá.

Assim que dou minha resposta, eles descem, deixando o bolo em cima da cama. É lilás e, curiosamente, tem uma borboleta de decoração.
Para mim é sempre difícil celebrar essa data que deveria ser especial.
Eu parei de comemorar meu aniversário, assim como cada pequena coisinha satisfatória.
Desde a morte de minha mãe me isolei.
Não fiz uma festa de debutante nos meus quinze anos, o que foi um pesar para o meu pai, mas alívio para mim.
Só que hoje parece diferente dos outros anos. Sinto muito paz e serenidade, meu coração não está angustiado e deprimido. É como se eu tivesse recebido a permissão para me divertir nessa data, de sorrir com felicidade até doer os músculos do rosto.

Um toque na campainha me distrai. Ouço vozes abafadas e meu nome sendo chamado. Curiosa, desço correndo as escadas. Uma feliz surpresa: vovó Beth está aqui!
Corro até ela e a abraço forte, pendurando-me em seu pescoço. Alex, está parado logo atrás, me observa com um leve sorriso, tímido.

- Feliz aniversário, minha querida! - exclamou vovó, radiante.

Ela estende a mão e me entrega um embrulho.
Alex, também tem um pacote nada mãos.
Eles entram e eu faço as apresentações, vovó fica feliz em conhecer meu mais novo amigo, ela aperta a bochecha de Alex, e isso o deixa vermelho.

- Obrigada pelos presentes!
Esquecendo que estou de pijama, subo as escadas correndo para me trocar.
Ao descer, o cheiro de bolo e risadas preenchem a cozinha. Sirvo fatias para todos, começando pela vovó, depois meu pai, Bárbara e, por fim, Alex.

- Gostou do presente? - pergunta Alex, com o lábio coberto de glacê lilás.

Eu rio, apontando para ele.

EU, VOCÊ e o que não dizemos!Onde histórias criam vida. Descubra agora