FEVEREIRO

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•• EU, VOCÊ e o que não dizemos! ••
Quando os olhos falam, as palavras silenciam.
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"Os momentos especiais de hoje serão as memórias de amanhã!"

- Não fui eu quem disse isso, Lisa, foi o Aladdin, e eu só estou reforçando o pensamento dele. - Escancarei um sorriso diante do espelho, como se isso fosse a prova definitiva, enquanto tentava, desesperadamente, convencer Lisa a me acompanhar na festa da fraternidade.

- Eu não sei, Chloé... Se meu pai descobrir, tô ferrada pra sempre. - Lisa suspirou, mexendo nas pontas do cabelo, procurando aliviar a tensão. - Você sabe como ele é.

- Sei... - murmurei, desviando o olhar para a janela. - Se você não quiser ir, eu não vou te pressionar.

Ela me olhou de soslaio, como se estivesse processando minhas palavras.

- Como assim? Você vai sozinha? - A surpresa estava na voz dela, mas não de um jeito agressivo.

- Vou.

Lisa ficou em silêncio, encarando o chão, mexendo no cobertor com os dedos. Eu sabia que ela estava pensando nas consequências, mas também sabia que a curiosidade sempre falava mais alto. Ela respirou fundo, soltando o ar lentamente.

- Tá bom... eu vou também. - falou baixinho, quase como se estivesse admitindo uma derrota.

Sorrio sem conter a alegria e, num impulso, me jogo sobre ela na cama, fazendo-a rir alto. Beijo suas bochechas repetidas vezes, uma após a outra, enquanto ela tenta se esquivar entre gargalhadas.

- Você é a melhor amiga do mundo, Lisa! - digo entre risos, apertando-a como se aquele momento fosse a confirmação de todas as nossas aventuras.

- Para, Chloé! - Ela ri ainda mais, tentando me empurrar de leve, mas sem muita convicção. - Você é louca!

Sabia que ela nunca me deixaria sozinha, e, no fundo, ela também sabia disso, sabia que estava prestes a embarcar em mais uma das minhas loucuras.

Nosso plano era simples, mas com uma pitada de adrenalina. Às 21h30 em ponto, como um ladrão amador, pulei a janela e aterrissei no jardim com o coração na garganta. Corri pelas sombras até encontrar Lisa na conveniência da esquina, onde ela já me esperava com um sorriso cúmplice e um pacote de chicletes.

Seguimos a pé, rindo e sussurrando em fuga, a caminho da festa da fraternidade. Todo mês eles faziam questão de transformar um canto qualquer do campus no cenário de uma grande bagunça - e desta vez, o ginásio de esportes era o escolhido. Antes mesmo de chegarmos, já dava para sentir a animação, a música pulsando ao longe, como se o prédio estivesse vivo, esperando por nós para explodir de vez.

A festa da fraternidade estava no auge, um verdadeiro turbilhão de sons e luzes. A música alta fazia o chão tremer, com cada batida ressoando nas paredes do ginásio como se fossem os próprios tijolos vibrando. No meio da quadra, as pessoas se jogavam no ritmo como se estivessem participando de uma coreografia e a única regra era deixar o senso de ridículo na porta. Risadas explodiam pelo ar, se misturando ao som estridente, enquanto grupos se espalhavam, alguns em conversas animadas, outros em tentativas desajeitadas de fazer brincadeiras que já não faziam sentido algum depois de tantos copos erguidos. As luzes piscavam freneticamente pintando o ambiente com tons elétricos, e tudo ao redor parecia girar em uma atmosfera de pura euforia. Era um caos organizado, o tipo de festa onde todos se deixavam levar, vivendo intensamente o momento onde ninguém estava preocupado com o que viria depois - nem com as inevitáveis ressacas.

A descontração entre nós não durou muito. Assim que Donavan apareceu, o clima leve da noite se transformou rapidamente em algo que eu não esperava.

EU, VOCÊ e o que não dizemos!Onde histórias criam vida. Descubra agora