DEZEMBRO

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•• EU, VOCÊ e o que não dizemos! ••
Quando os olhos falam, as palavras silenciam.
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"O resto do mundo pode seguir as regras, mas eu sigo o meu coração." - A VIDA É UMA FESTA

O Natal tinha chegado, e com ele uma surpresa muito aguardada.
Tia Agnês havia chegado um dia antes, na véspera, e desde então nós estamos dividindo meu quarto, meu pai fez uma cama improvisada colocando um sofá cama de solteiro sob a janela.
Mas não estávamos sozinhas, vovó Beth também estava aqui e a casa cheia como nunca antes esteve.
Eu fui a primeira a ganhar o presente de Natal esse ano, antes mesmo da hora.

- Onde ele está? - pergunto eufórica.

- Ainda na concessionária! - responde tia Agnês.

- Iremos no meu carro e Agnês volta dirigindo com você. - afirma meu pai.
- Ainda sabe dirigir na neve Agnês? - pergunta ele com certa ironia enquanto caminha até a porta de entrada com as chaves na mão.

- Se esqueceu que na França também neva? - retruca ela seguindo em sua direção.
Abro a porta imediatamente mas sou impedida de sair.

- Vai sair assim mesmo, de pijamas? - retruca vovó Beth.

A empolgação estava tão palpável que eu mal percebi que ainda usava meu pijama. Olhei para mim mesma, achando que estava tudo bem sair assim; afinal, meu pijama era aconchegante e meu roupão, divertido. Dei de ombros, subi rapidamente para trocar de roupa e, descendo as escadas com pressa, acabei tropeçando. Donavan estava ali, ao lado da escada, e me segurou com um reflexo ágil. Nossos olhares se cruzaram e um sorriso tímido se formou nos meus lábios.

- Obrigada! - consegui dizer, sentindo o calor subir às minhas bochechas.
- Estou pronta, podemos ir! - adicionei, tentando esconder o brilho encantado que ainda me envolvia.

Na porta, antes de sair, mandei um tchauzinho para Donavan, fazendo um gesto com as mãos para indicar a direção do carro. Sussurrei com um sorriso brincalhão, "agora sou a Batgirl!" e ele sorriu amplamente, balançando a cabeça em concordância.

Fechei a porta, e ao olhar pela janela, vi Donavan me observando, ainda com um sorriso no rosto, enquanto eu entrava no carro. O sentimento de ser notada por ele, mesmo em um momento tão simples, deixou uma sensação de leveza e calor no ar.

Durante o trajeto até a loja de carros, meu pai me adverte, alertando que só poderei dirigir acompanhada, por pelo menos três meses, para que eu adquira confiança e prática, já que não tenho experiência nenhuma em dirigir, principalmente no gelo.
Fiz minha carta de motorista por muita insistência de meu pai no último verão, agora eu entendia o motivo que o levou a me dar aulas de direção como treinamento para a prova prática.
A condição era razoável e eu aceitei sem questionamentos, o meu carro novo é um lindo Mitsubishi Mirage Hatchback de cor vinho tinto.
O carro era um presente de ambos, tanto pelo aniversário de dezoito anos quanto pela formatura que seria em alguns meses.

Enquanto tia Agnês e meu pai terminavam de assinar a papelada da compra eu checava o visual interno do carro e já conseguia me visualizar dirigindo pelas ruas totalmente independente, alguns minutos depois tudo estava pronto e saímos da loja.
Meu pai na frente com seu carro e eu com tia Agnês dirigindo meu carro novo.
No caminho de volta aproveitamos para falar sobre certos assuntos longe dos ouvidos de meu pai.

- Você ainda não me disse se gostou do seu presente de dezoito anos, sei que ele está bem abaixo do atual presente.

- Imagina tia, eu amei tanto quanto!

- Elas não possuem data de validade ok? - então poderá usar quando achar melhor, quem nas suas férias o que acha?

- Sim, é uma ótima ideia, mas Lisa já passa as férias viajando com a família. Acho melhor a senhora pedir reembolso pela segunda passagem.

EU, VOCÊ e o que não dizemos!Onde histórias criam vida. Descubra agora