Um pouco de sexo e já bastava para se apaixonar por uma prostituta.
Mesmo sendo incrivelmente famosa, a cantora Billie Eilish, decidiu experimentar do mercado da experiência, mas qual seria a probabilidade dela se apaixonar?
Enquanto Brooke, ou Blak...
Estava dentro do carro, Billie não sabia que eu estava aqui, ninguém sabia. Encarei a fachada do ministério público e então finalmente sai do carro.
— Eu tenho um horário marcado com o Promotor de justiça, Doutor Luiz.
A secretaria olhou no papel, pediu meus documentos e assim que terminou, me entregou meus documentos de volta e um crachá de identificação.
Fui até o andar, e esperei na outra recepção, até que ele me chamou.
— Bom dia, Blake, não é?
— Bom dia. Sim.
— Pode se sentar.
Me sentei e o encarei.
— Pode falar.
— Eu quero testemunhar contra ele.
— Tem certeza? No hospital...
— Tenho.
— E o que vai testemunhar?
— Tudo.
— E você pode me contar o que seria tudo?
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Estava sentada com Billie ao meu lado. Marcus queria estar, mas alguém tinha que ficar com a Mia, e Lizza insistiu em vir. Mas ela estava sentada no fundo da sala, não queria que ele a visse.
Eu por outro lado, me sentei na primeira fileira.
Não tinha contado para Billie, não tinha contado para ninguém. E seria assim até que me chamassem.
Senti um frio percorrer minha espinha quando chamaram o caso, e ele entrou. Eu estava focada nele, até ouvir um choro e alguém gritar "pai". Encarei de onde vinha a voz, era uma garota de talvez 10 ou 13 anos, no máximo.
Ela tentou abraçá-lo. Mas um oficial de justiça a impediu. Puta que pariu.
O promotor de justiça me olhou, talvez tentando me dar apoio. Eu precisava fazer isso, tinha que protegê-la. Salvá-la.
A audiência começou, algumas vezes, peguei meu "pai" me olhando, me encarando com raiva.
— Vamos chamar a testemunha número dois. Blake Montenegro, nome de solteira Blake Ivanov.
Não ousei olhar para Billie, apenas soltei nossas mãos e fui até o espaço reservado ao lado do juiz. Jurei falar a verdade e me sentei. Era desconfortavel. Não a cadeira, tudo.
Billie estava na minha frente, e eu podia ver Lizza lá no fundo, me encarando preocupada. Não é certo ela ser a pessoa preocupada, eu quem devia ter esse cargo.
— Pode nos contar o que aconteceu no dia 10 de Agosto de 2025? — O promotor perguntou.
Respirei fundo e contei o que aconteceu, tudo o que me lembrava. Sem por nem tirar. Tudo.
— Você achou que ele ia te estuprar?
— Sim.
— Achou que ele iria estuprar a sua filha?
— Sim.
— Suposição, Meritíssimo — o advogado da defesa falou se levantando.
— Tem um motivo — o promotor pediu.
— Pode prosseguir.
— E por que achou que ele iria fazer isso?
— Eu cresci assim, desde que me entendo ele fazia isso. Eu fugi de casa por causa disso.
— Por que fugiu?
— Minha irmã tinha morrido a um ano, menos de um mês após dar a luz a minha irmã, o útero dela foi expelido para fora do corpo. E minha mãe morreu, anos antes, então dia cheguei da escola e ouvi minha Lizza chorando. Ela era uma bebe quieta, tinha 1 ano e meio, mas mal fazia barulho. Qusndi cheguei no quarto, encontrei meu ele — apontei — sem as calças, estuprando ela.
Vi minha irmã no fundo da sala se levantar e sair da sala. Eu nao queria ela aqui por isso.
— Ela tinha 1 ano e meio?
— Sim.
— Sua filha, tem quantos anos?
— Três.
— É mentira, VAGABUNDA — a menina gritou, causando um caos.
— Silêncio — martelou o juiz.
— Quando eu tentei salva-la, ele prendeu minha mão na batente da porta e a fechou — falei olhando a cicatriz.
— É mentira — a menina falou de novo.
Olhei a garota, ela estava abalada, magra demais. Talvez tivesse até mais idade, so estivesse mal alimentada.
— Quando minha irmã mais velha, mãe da minha irmã mais nova, morreu, ele começou a me fazer dormir na cama dele. As vezes ele trazia prostitutas para a casa e me fazia assistir, para eu aprender a como me comportar na cama. Era o que ele dizia, e quando elas iam embora, ele me batia por não ser boa.
Peguei o copo de água sobre a mesa, eu estava tremendo tanto, que não consegui nem mesmo segurar o copo com uma mão só.
— Ele me chamava de coração, toda vez que terminava.
— Pode falar sobre a morte da sua mãe?
— Era inverno, minha mãe era a única que trabalhava, ela dava todo o dinheiro para ele, e ele gastava em álcool, um dia cortaram a luz. Ele acendeu o fogão e queimou o rosto dela, depois a espancou até a morte. A polícia não fez nada, era um bairro perigoso, isso acontecia com mais frequência que o prefeito gostaria de admitir.
— E depois?
— Prendeu eu e minha irmã no armário por uma semana, destrancava apenas para dar um pão e água, e para nos estuprar.
— Obrigada, só isso por enquanto.
— A defesa tem alguma pergunta?
O advogado negou. Então me levantei e fui devolva para o meu lugar. Billie não disse nada, apenas me deu a mão e me abraçou.
Eu estava em tanto choque, tão nervosa, tão estressada, que não conseguia chorar. Eu apenas tremia de ódio.
Quando deu o intervalo, fui levada pelo promotor para uma sala separada.
— Você nunca pensou em me contar? — Minha irmã perguntou quando entrou na sala.
— Eu nunca ia contar. Nunca ia contar nada, para ninguém.
— Eu merecia saber, é a minha vida.
— Lizza, por favor — Billie a chamou.
As olhei de canto de olho. Minha irmã estava chorando. Não é certo isso.
Voltei a olhar para a mão, eu não conseguia levantar o olhar.
— Desculpa, eu não queria que isso tivesse acontecido.
— Para você não me contar?
— É.
Ouvi a cadeira do meu lado de mexer, e vi minha irmã se sentar no meu lado.
— Desculpa — murmurei.
Ela permaneceu em silêncio. Eu estava com medo, e acho que ela também.
— A audiência foi adiada — o promotor falou entrando na sala — o advogado de defesa se demitiu e não pode continuar o julgamento sem um advogado de defesa.
— Então por hoje acabou? — Billie perguntou.
— Sim, podem ir para casa.
Me levantei da cadeira e fui até a porta, eu precisava sair de lá, estava completamente sufocada.