Chapter twenty-three

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N E G A Ç Ã O

consiste, principalmente, em uma recusa em falar sobre o falecimento. A negação é uma defesa psicológica, contra o trauma de saber da perda.

Encarava o jardim da família Cassano da varanda do quarto de Vincenzo, me pergunto em que momento as flores daquele lugar se tornaram tão cinzas

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Encarava o jardim da família Cassano da varanda do quarto de Vincenzo, me pergunto em que momento as flores daquele lugar se tornaram tão cinzas. O relógio marcava quatro e meia da manhã, não consigo pregar os olhos pois o maldito momento voltava repetidamente a minha cabeça, insistia em se fazer presente me lembrando que ele nunca mais estaria em minha vida.

Enxugo as lágrimas de meus olhos sentindo minha cabeça explodir de tanta dor, abraço meus joelhos sentindo a brisa fria da madrugada arrepiar meus pelos. Eu devia no mínimo me esforçar para dormir, para estar apresentável na despedida dele que ocorreria mais tarde.

Após todo o alvoroço do momento que vi o corpo de meu pai, Vincenzo me manteve em seus braços enquanto cuidava de tudo. Ligou para todos meus parentes que ficaram incrédulos e desolados com a notícia, correram para minha casa e compartilharam da dor comigo.

Meu tio Antônio escondeu seu luto se mantendo forte por nós, pela mulher e seus filhos, resolvendo tudo do velório.

Quando uma rajada de vento atravessa meu corpo, fecho os olhos sentindo as lágrimas quentes escorrerem contra minha bochecha fria. Puxo o ar com força antes de abrir os olhos e ser puxada para a minha infeliz realidade, ouço um tintilhar de um copo sendo colocado a mesinha de vidro ao meu lado.

Vincenzo puxa uma das cadeiras se sentando a minha frente. Nunca estive tão vulnerável na frente de um homem, em outra situação nunca choraria na frente do meu aliado. Mas era Vincenzo. Me sinto estranhamente segura para demonstrar tal emoção a ele.

O encaro por um instante e o mesmo leva uma de suas mãos ao meu rosto enxugando minhas lágrimas, pegou o copo de água me entregando e apenas pego dando longos goles.

— Não é o momento, na verdade nunca há momento para dizer palavras positivas a uma pessoa de luto...já que ela nunca irá acreditar enquanto passa pelo luto, digo por experiência própria.— Começou a falar encarando os próprios pés.— Mas acredite, essa angústia vai passar.

A porra de suas palavras são como um gatilho, me recuso a acreditar que ele se foi. E que eu estou passando pelo luto.

— Vai doer, mas vai haver um momento em que só as memórias boas vão ficar. Cristian não vai sumir de sua vida, Beatrice...você vai o enxergar em cada momento da sua vida, vai o enxergar nas coisas, ele sempre estará presente.— O italiano continua a falar.— E eu vou estar do seu lado, a ajudando a superar essa fase ruim. Quero ser seu amigo, além de aliado. Passamos tempo juntos o suficiente para conhecer coisas um do outro que muitos não sabem. Me deixe ser seu amigo, confie em mim.

Funguei enxugando as lágrimas que insistiam em cair, suas palavras ecoam em minha cabeça e noto a sua sinceridade em cada palavra.

— Confia em mim?

Assenti de imediato sentindo a segurança de sua pergunta, o homem abriu seus braços e me estico em sua direção o abraçando em um encaixe perfeito.

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