R A I V AO momento em que o enlutado sofre de grande angústia diante dos fatos da vida, ou que ele se sinta injustiçado.
Meus olhos estavam bem fechados enquanto a água gelada corria pelo meu corpo na tentativa de levar consigo todo o peso da manhã. Eu e Vincenzo não trocamos uma palavra sequer no caminho de volta para casa. Estou me perguntando muito se ele se arrepende de tudo, não passo de um fardo para ele agora.Desligo o chuveiro e um longo suspiro escapa de meus lábios, prezava por qualquer momento sozinha e odiava quando eles acabavam. Alguns membros da família Cassano vieram me visitar. Meus familiares me telefonaram preocupados e os tranquilizei sobre minha saúde. Envolvo a toalha macia em meu corpo, me enxugando da cabeça aos pés. Separei um conjunto de lingerie preta e deixei ao lado uma calça preta e uma regata branca.
Após vestir o conjunto, criei coragem para me olhar no espelho. Depois da descoberta. Como é possível, não consigo enxergar nada! Meu corpo aos meus olhos está normal, mas não...
Viro-me de lado procurando algum volume que seja, não vejo nada. Um longo suspiro frustrado saiu de meus lábios. Mas também agora cada momento que estive com o mal estar parece se encaixar após o diagnóstico final.
Ele sabia.
Meu pai sabia que eu estava...assim agora. Se ele estivesse aqui estaria tão feliz, ficaria em choque, perguntaria se eu ia querer prosseguir com a gravidez...caso eu dissesse que sim ele pularia de felicidade.
Sinto meus olhos se encherem novamente ao imaginar claramente sua alegria com a revelação. Algo que— se eu seguir com a gestação— ele não poderá acompanhar de perto.
Ouço alguém bater à porta e autorizo sua entrada. Olho pelo espelho e vejo Vincenzo entrar me olhando. Talvez seja a primeira troca de olhares que tivemos desde a descoberta. Ele ainda vestia as roupas da noite anterior. Bárbara dormiu comigo no hospital e ele saiu para algum lugar que não faço a mínima ideia. Mas estava lá de manhã para me buscar.
— Como você está?— Crio coragem o olhando pelo reflexo do espelho. Vincenzo molhou os lábios de forma nervosa se encostando contra a pia cruzando os braços.
— Vai prosseguir com a gravidez?— Sua pergunta me faz desviar o olhar de imediato.
Nunca me imaginei tendo filhos. Como nunca me imaginei casando.
— Não sei. Sinceramente não sei, estou assimilando tudo ainda.— Respondo de forma sincera.— Você está bem?
— Fiquei bastante assustado. Fui ao apartamento já que Bárbara dormiria com você. Passei a noite com a cabeça martelando, fazendo pesquisas e tudo mais. Quero que saiba de algo.— O homem se coloca atrás de mim, vejo nossos reflexos no espelho e sinto seus braços rodearem minha cintura.— Independente da decisão que você tomar, Srta. Coppola...eu vou apoiá-la.
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Sovereignty
FanfictionSinopse: Certa vez disse Platão: "Não espere por uma crise para descobrir o que é importante em sua vida." Mas a Consigliere da família Coppola não esperava passar por uma crise para descobrir o que é importante para sua vida. Família Coppola passa...