Chapter Twenty-six

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D E P R E S S Ã O

A depressão pós-luto não é a "depressão-doença". Não necessariamente. Trata-se de uma tristeza decorrente daquilo que o luto trás.

 Trata-se de uma tristeza decorrente daquilo que o luto trás

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"A senhora está grávida e não é só um bebê. Sim dois."

Encarava um dos contratos do trabalho em mãos enquanto minha mente vagava na fala de Meredith Miller. Minha mente nunca esteve tão incerta e insegura como está agora, durante o dia o sentimento prevalece em mim é o medo, todos os dias o dia todo.

Por mais que houvesse ocorrido uma perda que parou nossas vidas por um instante, os negócios infelizmente não pararam.

Era deprimente para mim, ter que trabalhar enquanto eu deixava Beatrice sozinha pela casa. Me sinto impotente quando não consigo dar devido suporte a ela. Quando acordamos ela me falou que hoje decidiria de vez o que fazer em relação aos gêmeos, estou com medo, não posso negar.

Os tios de Bea: Agostino e Antônio estão cuidando dos negócios da família Coppola nesse meio período de tempo, isso é um alívio para mim porque assim ela não se sobrecarrega. Agostino combinou com Maxine e Beatrice de vir aqui almoçar conosco, o que eu acho uma excelente ideia. Beatrice mal estava saindo de casa, andei desejando mais que tudo que as pessoas viessem aqui visitá-la para tirá-la da bolha que sua mente formou.

Jogo o papel sobre a mesa me levantando da cadeira, meus pés se dirigiram para fora do meu escritório e lembro-me que a casa está vazia porque Maxine e Lucca saíram a trabalho, meus olhos correram pela sala de estar e não encontrei a Coppola.

Me aproximo da janela parcialmente aberta e vejo a Coppola deitada na mais nova espreguiçadeira que minha avó havia comprado para a casa— descobri apenas quando chegou— o olhar da mulher estava perdido, desfocado na paisagem bela a sua frente, se esquecendo do mundo ao seu redor. Sua regata estava levemente levantada revelando sua barriga e com o indicador ela fazia movimentos circulares e despreocupados.

Ela ficaria bonita grávida.

Não sei se é paranoia minha ou algo do tipo, mas eu já consigo ver um minúsculo monte se formando ali.

Me encontro em uma luta interna se devo deixá-la ali ou devo ir ao seu encontro. Beatrice estava perto de aceitar a ida de seu pai, eu estava sentindo. Mas aquele processo era mais doloroso no momento do que na teoria.

Dane-se, vou lá.

Respiro fundo, tentando não deixar o desespero transparecer. Apesar de Beatrice sempre ter sido discreta e quieta, aqueles olhos que sempre brilhavam, agora estão vazios. Ela está tão calada, tão distante, que dói só de olhar.

— Tudo bem por aqui?— Me aproximo devagar. Minha voz soa suave, mas até eu consigo sentir a insegurança por trás dela.

Ela não responde de imediato. Demora alguns segundos para sequer registrar minha presença. Quando finalmente vira a cabeça na minha direção, seus olhos estão opacos, sem aquele brilho que tanto admiro.

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