Prólogo - Laura

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Prólogo - Laura

Despertei com o som estridente do despertador, pulando da cama. Tinha uma prova hoje e não podia chegar atrasada. Ainda meio dormindo, meio acordada, bati na porta do banheiro antes de entrar e gemi com a dor que isso causou no meu cotovelo.

Resmungando e xingando, levantei a tampa da privada, me despi e me sentei para fazer xixi. Depois me vesti e dei descarga. Olhei-me no espelho, arrumei a juba que chamo de cabelo e peguei a escova e o creme dental para escovar os dentes. Ao finalizar, retirei meu baby-doll e fui tomar banho.

— Nice to meet you, where you been? I could show you incredible things Magic, madness, heaven, sin Saw you there and I thought Oh my my, look at that face You look like my nex.

Enquanto me ensaboava, comecei a cantar "Blank Space" da minha amada Taylor Swift. Eu não era cantora e muito menos tinha uma voz bonita, mas quem se importava com isso? Eu não. Gostava de cantar e sempre fazia um show particular para meus xampus e cremes. Eles nunca reclamaram, então eu não devia cantar tão mal assim, não é?

Terminei meu banho, me enrolei na toalha e saí do banheiro. No quarto, peguei a roupa que usaria hoje no closet e me vesti. Penteei o cabelo, passei uma maquiagem leve e saí do quarto em direção à cozinha.

— Bom dia! — saudei meus pais e fui dar um beijo neles.

— Bom dia, meu amor — minha mãe falou, me dando um beijo.

— Se apresse ou vai se atrasar para a aula — meu pai resmungou.

— Já estou pronta, só falta tomar café. — Me servi e sentei para comer. Meu pai terminou seu café da manhã e saiu da sala.

— Não se entristeça com seu pai, meu amor. As coisas não estão boas no trabalho dele. Acredito que perderá o emprego.

— Isso é lamentável, mãe, mas não tenho nada a ver com isso e ele não pode descontar as frustrações em mim. — Terminei de comer.

— Vou para a escola, tchau!

— Tchau, filha. Que Deus te guarde.

— Amém. — Dei mais um beijo nela e voltei para meu quarto para pegar minha mochila. Conferi tudo, peguei o celular e o fone de ouvido e saí de casa.

Ao chegar no portão, notei que a casa do outro lado da rua estava ganhando novos moradores. Fiz uma nota mental de perguntar à minha mãe quem eram eles e segui meu caminho até o colégio.

[...]

Horas depois...

Assim que desci a rua da minha casa, avistei uma jovem parada no portão da casa do outro lado da rua. Ela era baixinha, deveria ter no máximo um metro e meio, pele clara, com o corpo rechonchudo, pernas grossas e barriga e bunda mais avantajada, e cabelos lisos e loiros. Deveria ter a mesma idade que eu ou até ser mais jovem.

Sorri e me encaminhei para lá.

— Olá! Sou Laura, como se chama? — a cumprimentei.

— Amanda — ela parecia tímida e meio receosa em falar comigo.

— Oi, Amanda. Vocês são os novos moradores da casa do senhor Augusto?

— Sim — ela olhou para a casa. — Nos mudamos há poucos dias. — Respondeu e sorriu.

Ela era muito bonita e parecia ser simpática.

— Você mora ali? — perguntou, apontando para a casa do outro lado da rua.

A minha casa.

— Sim, moro aqui com meus pais. Você vai estudar no University of Chicago? — Perguntei, animada, buscando saber mais da desconhecida. Gostei dela e seria bom ter mais amigas.

A University of Chicago é um complexo escolar sem fins lucrativos aqui de Chicago, Illinois. É composta por uma faculdade, vários programas de pós-graduação e comissões interdisciplinares organizadas em cinco divisões de pesquisa acadêmica e sete escolas profissionais. Era uma das mais importantes do estado e onde a maioria dos jovens estudava.

— Acredito que sim. Mas, como sempre estamos nos mudando, eu ainda não sei se serei matriculada em algum colégio.

— E de onde vocês vieram? — Poderia soar intrometida, mas realmente queria muito saber mais dela.

— Ah, nós viemos do...

— Amanda! Trate de entrar. — Uma mulher magra e de aparência elegante surgiu na porta. — Não fale com pessoas desconhecidas. Não sabemos quem são e muito menos se são de confiança. — Me senti ofendida com seu modo de se dirigir a mim.

— Mamãe... — Ela tentou argumentar, mas sua mãe não deixou.

— Para dentro, garota chata! — Praticamente gritou, perdendo a paciência, se é que a tinha. — Há coisas para arrumar. — Ela se afastou da porta e apontou para dentro.

— Me desculpe — Amanda se virou e entrou em casa.

Sua mãe me olhou com raiva, entrou e fechou a porta com força.

— Que mulher amarga — resmunguei, fazendo uma careta. — Amanhã tentarei um novo contato com Amanda. — Voltei a andar. — Sinto que seremos boas amigas. — sorri, sentindo algo nascer em meu peito.

Atravessei a rua e fui para casa. Ao chegar em casa, conversei com a minha mãe e contei a ela o que aconteceu com os novos vizinhos. Ela me disse que se aproximaria da mãe da Amanda e tentaria descobrir algo.

Eu não entendia a vontade que tinha em saber mais sobre aquela jovem e não só isso, mas em protegê-la também. Amanda merecia ser vista e cuidada, e eu faria isso por ela. Sentia em meu coração que nós nos tornaríamos melhores amigas e viveríamos uma para a outra. Muitos dizem que temos uma alma gêmea e que ela é o amor de nossas vidas, mas não é assim. Nossa alma gêmea é aquela pessoa que o destino escolheu colocar em nosso caminho.

A alma gêmea é a pessoa com quem você se conecta instantânea e profundamente, que te enxerga e te aceita por quem você é e, ao mesmo tempo, te ajuda a ser a melhor versão de si mesmo. Não precisa ser uma conexão romântica, pode ser um amigo ou um parente. É a pessoa que nos cuida, nos ama, nos faz pessoas melhores e está sempre pendente do que precisamos. Minha alma gêmea seria Amanda e nossos destinos já estavam traçados antes mesmo de nascermos. Uma amizade que nasceria e seguiria até o dia da nossa morte.

Sob as garras da máfiaOnde histórias criam vida. Descubra agora