Capítulo 35 - Tyler

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Capítulo 35

Tyler

Nunca optei por ser um criminoso, sonhar com essa vida era algo louco para mim. Todavia, fui moldado a ela e agora é quem sou. Não tinha ideia de que eu nascera em uma família de assassinos até os 6 anos, quando presenciei meu pai matando uma das muitas pessoas que ele matou durante todos os anos que permaneceu vivo.

Lembro-me de gritar ao vê-lo meter uma bala na cabeça de outro homem e nesse mesmo dia apanhar por invadir seu espaço sem a sua permissão. Foi uma surra bem boa, pelo que me recordo, uma que me deixou quase incapacitado de andar e com hematomas por dias.

Meu pai era um homem mau, não demonstrava amor, e nos batia por qualquer coisa. Acredito que ele descontara tudo o que dera errado em sua vida em nós.

Eu sou 5 anos, mais velho que Oliver e 11 anos mais velho que Romeo, então todas as frustrações do papai era descarregada em mim primeiro.

Mamãe também sofria na mão do papai. Eleonora Difronze não podia fazer nada que ele já a espancava a ponto de deixá-la inconsciente.

Algumas dessas vezes eu o enfrentara e acabara sendo surrado por isso. Lembro-me de papai não bater em minha mãe apenas nos meses que ela estava grávida, mas antes ou depois sua mão sempre pesava sobre ela. Quando mais novo a questionei por que aguentava tudo aquilo, e ela me disse que não podia fugir e dar a seus filhos uma vida de sofrimento. Ela não tinha pais vivos e sua família não a aceitava por ter se envolvido com um criminoso.

Ela acreditava que um dia meu pai se arrependeria de tudo e melhoraria. Também dizia que não podia fugir e tirar de nós o legado que seria nosso, que quando papai morresse e eu assumisse seu lugar faria melhor que ele. Governaria de forma limpa e mataria apenas nossos inimigos.

Eu sentia orgulho da mulher forte que ela foi, por ela aguentar tudo só para não nos ver sofrer. Ela até conseguiu viver um pouco daquilo que gostaria de viver com meu pai. Depois do nascimento de Oliver, ele mudou, já não batia tanto nela, nossa organização estava crescendo, isso o deixava feliz. Mamãe fazia de tudo para não desobedecê-lo e assim não ser castigada.

Depois veio Romeo, papai já não era tão jovem quando ele nascera e vivia em casa mais tempo. Então mamãe ficou doente e faleceu, papai arrumou uma amante e quis que a aceitássemos, como eu não fiz isso ele ameaçou espancar Romeo. Nós brigamos e eu dei um fim nele.

Já estava cansado de seus desmandos, com raiva por tudo que fez a minha mãe sofrer, pelas surras sem motivo que me deu. Por nos humilhar e tantos outros descasos que cometeu ao passar dos anos.

Para Romeo, papai fora assassinado por nossos inimigos, ele não tinha conhecido a face ruim do nosso pai e deixaria que continuasse assim.

Embora eu visse muito do temperamento de nosso pai em Romeo, torcia para que meu irmão não se tornasse nosso pai: não sabia se conseguiria lidar com as coisas que lidei com meu pai através de Romeo. Foi por isso que quase o matei ao saber que por seu temperamento e desconfiança quase batera em Laura.

No dia que lhe mostrei o vídeo dela com Brean, foi para que ele aumentasse a segurança dela, para que ele visse o quão perto Brean chegou da mulher que ele amava, mas mais uma vez Romeo agiu na emoção, não me deixou explicar e colocou tudo a perder com Laura.

Ele teria batido nela se a mesma não tivesse dito esperar um filho seu. Um filho que ajudei a trazer ao mundo e seu nascimento se tornou um dos dias mais especiais para mim.

Ali eu não vi mais Romeo e Laura e sim mamãe e papai.

Por isso não pensei duas vezes antes de levar Laura para bem longe dele e não dizer onde ela estava até que ela assim quisesse.

Tive que me acostumar com o ódio do meu irmão direcionado a mim, mas não permitiria que ele fizesse com Laura o mesmo que meu pai fez com minha mãe. Não, isso não iria se repetir nem que eu o matasse por isso.

Os dias se passaram e foquei em descobrir quem era nosso inimigo, devia isso ao meu irmão, Oliver. Ele perdera toda sua família, e não fora capaz de impedir que essa dor se abatesse sobre ele.

Culpava-me por isso, pois sou o chefe, sou o mais velho e devo manter meus irmãos e quem pertence a eles, em segurança. Contudo, não consegui e hoje tenho que olhar para a casca do homem que ele um dia foi.

Eu lhe devia uma vingança e daria isso a ele.

Peguei Brean e o entreguei ao meu irmão para fazê-lo sofrer da pior maneira. Lidia já havia sido assassinada por Romeo e agora bastava Sergey e seus homens.

Sergey estava se tornando um empecilho no caminho de muitos dos meus aliados e nos unimos para acabar com ele. Iria unir forças para isso e acabaríamos de vez com a La Cosa Nostra.

— Tudo certo? — Perguntei ao Oliver. Estávamos prestes a invadir a mansão de Sergey.

Horas antes desse ataque eu tinha recebido o telefonema de Miller dizendo que Laura havia saído para passear nas redondezas da propriedade que ela estava. Sabia que ela era cabeça dura e por isso reforcei sua segurança. Eu só não contava que o infeliz do Sergey iria descobrir seu paradeiro, matar meus homens e sequestrar a mulher do meu irmão.

Ele deve ter ficado puto ao receber seus soldados esquartejados e a cabeça de Brean, um de seus melhores soldados, em uma caixa de presente.

Ele atacou Laura, matou meus homens e a levou. Agora estávamos prestes a invadir sua casa e resgatá-la.

— Sim, como está Amanda? — o questionei.

Oliver deu um suspiro e fixou seus olhos no nada. Sabia que ele tinha dormido com ela e a dispensado depois.

— Assustada, mas bem. Ela e Samuel já estão em nossa casa.

— Saberá lidar com o fato de tê-la sob o mesmo teto que você?

— Não tenho escolha. Ela morando conosco, estará mais segura.

— Sim, estará. Mas não sabemos se ela vai aceitar isso.

— Ela não deixará a amiga sozinha.

— Não quer que ela vá embora, não é?

— Não posso dar a Amanda o que ela quer, Tyler. Sou quebrado, uma casca do que um dia eu fui. Ela merece um homem completo, que pense unicamente nela.

— Tem que refazer sua vida, irmão. Não pode viver do passado.

— Não posso trair a memória de Liliane. Eu prometi que jamais amaria outra mulher. Ela e meus filhos são os únicos a ocupar meu coração. Não há espaço em mim para Amanda.

Ele me deu as costas e foi até Romeo.

Soltei um suspiro e me juntei a Vicenzo, Andres e Lian. Tínhamos uma guerra pela frente. Muitos soldados a matar, outros para destruir e uma organização que iria à ruína através das nossas mãos. Não podia focar nesses problemas agora.

Tinha ratos para se livrar e uma organização que dependia de mim. Hoje era o início de uma nova fase para todos nós e eu daria o meu melhor para que ela se tornasse memorável.

Sob as garras da máfiaOnde histórias criam vida. Descubra agora