Capítulo 10 - Laura

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Capítulo 10

Laura

Estava concentrada no meu choro e não percebi uma menina loira de olhos azuis intensos, tocar meu braço.

Levantei a cabeça assustada e ela me olhou confusa. Ela devia ter uns cinco ou seis anos, não mais que isso.

— Você está chorando? O homem mal machucou você também?

Pisquei para espantar as lágrimas que ainda insistiam em vir aos meus olhos e busquei minha voz para responder sua pergunta.

— Digamos que sim. Quem é você e o que faz aqui?

— Sou Victoria, eu estou brincando de esconder, mas Magnólia não me achou e eu cansei de esperar ela me achar.

— É um prazer te conhecer, Victoria. Eu me chamo Laura. — sorri para ela. — você estava se escondendo? Costuma brincar disso todos os dias?

— Sim, eu gosto de me esconder, é divertido. Meu papai fica bravo, mas não há muito que fazer aqui e nem tenho irmão ou amigas para brincar.

— Seu papai é o Romeo? — perguntei para ter a certeza de que estava diante da filha dele.

— Sim, você conhece ele? É namorada dele?

— Eu o conheço, mas não sou namorada dele. Seu pai está preocupado com você, não pode se esconder e não dizer onde está. Todos se preocupam com você.

— O homem mal já me levou uma vez, meu papai ficou bem preocupado também. Ele me manteve presa por um tempão. É ruim ficar presa sabia?

— Sim, sei como é ruim ficar presa. Esse homem mal mexeu com você?

Mesmo com medo da resposta, não podia ficar sem fazê-la. Pelo que Victoria me disse ela fora sequestrada antes, isso explicava o desespero de Romeo e seus irmãos.

— Ele puxou meu cabelo e apertou meu braço. Doeu muito e eu chorei, mas ele gritava e mandava eu ficar calada. Pedi para meu papai me salvar e ele me salvou. Ele é um herói sabia?

Seus olhos brilharam e sorri com sua inocência.

Romeo era tudo menos um herói. Mas todos os filhos têm seus pais como seus heróis e com Victoria não seria algo diferente. Ainda mais após ela ser levada por alguém que a machucou e ser salva por seu pai.

Levante-me do sofá e me abaixei, ficando na altura dela.

— Temos que chamar seu pai, pois ele e seus tios estão preocupados com você. Eles acham que o homem mal a levou de novo. Teremos que entregar seu esconderijo, mas você é uma menina linda e inteligente e logo achará outro, não é?

Ela sorriu. Victoria era uma menina muito linda.

— Sim, eu estou cansada de esperar que me encontrem e estou com fome também.

— Então vamos chamar o seu pai e ele vai lhe dar algo bem gostoso para comer.

— Pizza. Eu quero pizza.

Ela pulou feliz e eu sorri genuinamente. Era meu primeiro sorriso sincero depois de tudo o que me aconteceu nos últimos dias.

Segurei sua mão e caminhamos até a porta.

Bati e chamei o nome do Romeo até que ele veio e abriu a porta.

Seu semblante era carregado e ele logo pegou a filha e a levou para longe de mim.

— O que está fazendo com minha filha? Quem lhe autorizou a tocar nela?

— Eu estava brincando de se esconder, papai. Laura estava chorando e eu saí de trás do armário para falar com ela. Ela é sua namorada?

Arregalei os olhos e Romeo não ficou diferente de mim. Oliver se engasgou com a saliva e Tyler bateu em suas costas.

Os três mais um par de soldados estavam na nossa frente assim que a porta foi aberta.

— Ela não é minha namorada e você não deveria pensar nessas coisas. Não pode se esconder pela casa, é perigoso andar sozinha por aí Vic, eu já disse várias vezes que só pode andar com a babá ou comigo e seus tios. — ele a repreendeu.

— Me desculpe, papai. Eu estava cansada de não poder brincar. — ela beijou a bochecha dele e ele derreteu com isso. Essa era a primeira demonstração que dentro dele batia um coração de carne. — Prometo não me esconder mais, agora eu quero pizza, minha barriga está com fominha.

— Vá com seu tio Oliver porque o papai tem coisas para resolver.

Ela balançou a cabeça e foi para os braços do tio.

Sorriu para mim e me deu tchau.

— Tchau, Laura, depois nós marcamos de brincar.

— Tchau, princesa, foi um prazer te conhecer.

Ela agarrou o pescoço do tio e Oliver se virou indo embora.

Romeo segurou meu braço e me empurrou para dentro da sala. Seu irmão entrou também e fechou a porta deixando seus soldados do lado de fora.

— O que fazia com a minha filha? E me responda logo, pois só vou perguntar essa vez.

— Nada de mais. Ela estava escondida aqui e saiu do esconderijo quando me ouviu chorar.

— Pensa que sou idiota. — ele apertou meu braço. — Você pensava que conseguiria fugir com ela?

— O quê? Ficou louco. Você foi quem me jogou aqui, eu nem sabia que tinha uma filha para começo de conversa.

— É muito estranho minha filha sumir e ser justamente você a encontrar. Diga a verdade de uma vez Laura, eu estou perdendo a paciência com você.

— Já chega. — gritei tomada pela raiva. — Vocês são loucos, loucos.

— Não grite. — ordenou.

Tyler apenas observava nosso embate. Ele estava encostado a parede próximo à porta, mas não falou e fez algo.

— Eu grito, sim, grito, pois estou cansada de tudo isso. — abri os braços. — Eu já disse que não sou amante do Brean, que não o ajudei a roubar vocês, que sou inocente em tudo isso, mas vocês insistem em não acreditar em mim. O que quer mais?

— Tudo aponta contra você.

— Então acabe logo com isso. Já que não acredita em mim, que me acha capaz de querer roubar sua filha e de já ter roubado seu dinheiro com meu amante, ponha um fim logo nisso.

Deixei minhas lágrimas caírem. Eu estava esgotada emocionalmente.

— Quer me matar? Me mata. Quer me torturar? Tortura. Quer me punir de alguma forma por algo que EU NÃO FIZ? Me puna, mas por favor acabe logo com isso, pois eu não aguento mais.

Minhas pernas cederam e só não cai, pois, braços fortes me ampararam.

— Eu não aguento mais, só acabe logo com isso, acabe, por favor.

Senti uma pontada na cabeça e minha visão ficou cheia de pontos pretos.

— Laura? Laura? Você está bem? Laura...

Senti mãos em meu rosto, mas meu corpo pesou e tudo apagou. 

Sob as garras da máfiaOnde histórias criam vida. Descubra agora