O amor dos contrários

Amy Grace 3 Parte 1

Parece que ela se esqueceu
que a porra do seu inferno
Sou eu.

Acordei me sentindo muito tonta, está tão escuro aqui, me levantei devagar e vi árvores para todos os lados, estou na floresta? O que estou fazendo aqui? Olhei para baixo e estava em cima de um colchão, um vestido longo me cobria até os pés, é uma roupa de freira.

Não, não pode ser, de novo não. Tentei não surtar, é só um sonho, eu repetia isso várias vezes para mim mesma, mas não estava funcionando, não era um sonho, eu estou dentro da floresta, usando uma roupa de freira. Eles querem me assustar, é isso.

Fui andando lentamente para longe do colchão, olhei para todos os lados e bem de longe eu vi um homem forte, de balaclava com caveira vermelha, segurando um taco de beisebol. Ele saiu da escuridão e veio lentamente na minha direção.

— Fica longe de mim — eu gritei.

Não funcionou, ele continuou vindo. Acho que chegou a minha hora de correr, foi o que fiz, corri dentro do mato para o mais longe que eu conseguia, que merda, deve ser pegadinha. Corri tanto, meus pés estão doendo, meu coração estava acelerado. Quando eu achei que já estava longe o suficiente, mais dois deles, de jaqueta preta, usando balaclava com caveiras, vieram atrás de mim. Eu estou cercada. Corri para a direção oposta dos três, sem olhar para trás dessa vez.

— Isso, Amy, corre  — uma voz grossa ecoou.

— Quem é você? O que quer comigo? — perguntei trêmula.

Segurei o vestido que estava arrastando no chão, tentei encontrar alguma saída, eu conheço esse lado da floresta, mas com três atrás de mim, fica difícil. Eu já estava sem fôlego, acabei batendo em alguma coisa. Quando eu observei bem, era um deles. Eu bati no abdômen dele, eu fui andando para trás, mas acabei tropeçando em um galho e caindo.

— Te peguei — ele disse.

Ele puxou as minhas pernas, segurou as minhas mãos com uma mão só, colocando-as nas costas. Os outros dois de caveira branca e azul trouxeram uma cadeira, ele me sentou e amarraram minhas pernas e minhas mãos. Eu esperneei para não ser amarrada, mas era impossível ir contra eles.

Eles jogaram uma pilha de madeira no chão, jogaram álcool e acenderam uma fogueira, eu reconheço isso. O de caveira vermelha se aproximou de mim, seus olhos azuis me engoliam.

— Bem-vinda ao ritual da fogueira, mais uma vez — ele disse.

— É você? — perguntei trêmula.

Ele não me respondeu e continuou.

— Você sabe qual é o dilema?

— Jogar na fogueira tudo o que é de ruim? — falei com a voz baixa.

Então, o de balaclava azul abriu uma das bolsas que eles pegaram na casa e abriu, tinha muita droga dentro, ele jogou dentro da fogueira. O de balaclava branca abriu a bolsa dele e jogou as drogas que estavam na dele.

— Agora é a minha vez, sabe o que eu vou jogar na fogueira? — O de balaclava com caveira vermelha me perguntou.

— Você... você vai me jogar na fogueira? — perguntei, gaguejando.

—É claro que não princesa — ele respondeu frio.

Ele abriu uma outra bolsa com drogas e jogou na fogueira. Ele se virou, voltando a me fitar, apontou seu taco de beisebol para o centro do meu rosto e tirou a balaclava. O susto que eu tomei foi tão grande que eu quase caí da cadeira.

— Não pode ser, você está morto — falei sem ar.

Meu coração estava quase  saindo para fora, eu senti falta de ar, só pode ser uma miragem.

— Sentiu minha falta, Amy Grace? — Ele disse com um sorriso diabólico no rosto.

Elliot Lockhart estava bem na minha frente.

— Seu inferno voltou, cachinhos — ele rosnou no meu ouvido.

É real? E o que eu sinto é dor, tanta dor, se ele não morreu, então eu fui abandonada? Ser abandonada é pior do que a morte, significa que ele estava vivo e preferiu ficar longe de mim. Olhei para ele com os olhos cheios de lágrimas, eu exalava rancor e ódio.

— Isso não tem perdão, Elliot — balancei minha cabeça em negação.

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