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A  senhora  Alice  e  o  senhor  Thomas  estavam  conversando  na  sala,  e  a  tristeza  nos  meus  olhos  parecia  ter  chamado  a  atenção  deles.

— Ouvi  dizer  que  um  navio  chegou  ontem  à  noite  na  ilha, —  o  senhor  Thomas  disse,  com  um  tom  de  curiosidade.

— Foram  meus  companheiros, —  respondi,  com  a  voz  trêmula.

— Achei  que  demorariam  mais...  Mas  por  que  está  triste?  Veio  se  despedir? —  a  senhora  Alice  perguntou,  com  um  olhar  compreensivo.

— Vim  pensar  um  pouco.  Ele  não  estava  me  procurando,  provavelmente  nem  saiu  do  Sunny  com  a  Hancock, —  disse,  desabando  em  lágrimas.

— De  quem  você  está  falando?  Do  Monkey  D  Luffy,  seu  capitão? —  a  senhora  Alice  perguntou,  com  curiosidade.

— Sim, —  respondi,  com  a  voz  abafada  pelo  choro.

— Acho  que  temos  um  conflito  amoroso  aqui, —  o  senhor  Thomas  disse,  rindo  com  um  toque  de  compreensão.

A  senhora  Alice  me  convidou  para  sentar  no  sofá,  e  me  serviu  um  copo  de  água.  Eu  estava  completamente  desolada.

— Calma, jovem, —  o  senhor  Thomas  disse,  dando  um  tapinha  suave  nas  minhas  costas,  com  um  gesto  de  consolo.

— Você  está  chorando  porque  ele  não  veio  ou  porque  ele  escolheu  outra  mulher? —  a  senhora  Alice  perguntou,  com  um  toque  de  curiosidade  e  compreensão  na  voz.

— Não  entendi, —  respondi,  enxugando  as  lágrimas  com  a  manga  da  blusa,  confusa  com  a  pergunta.

— Essas  lágrimas  não  são  de  uma  pessoa  que  foi  abandonada  pelo  capitão,  mas  sim  de  uma  mulher  que  perdeu  seu  amor, —  o  senhor  Thomas  disse,  com  um  tom  sereno  e  profundo,  como  se  tivesse  lido  meus  pensamentos.

Eu  fiquei  em  silêncio,  pensando  sobre  as  palavras  deles.  Talvez  eles  estivessem  certos.  Talvez  Luffy  estivesse  realmente  apaixonado  por  Hancock,  e  eu  tivesse  sido  ingênua  em  acreditar  que  ele  não  gostava  dela.

— Acho  que  vocês  estão  certos, —  murmurei,  com  a  voz  baixa,  a  realidade  começando  a  se  instalar  em  meu  coração.  —  Acho  que  gostei  do  Luffy  desde  o  momento  que  meu  irmão  falou  dele,  depois  de  tê-lo  conhecido  melhor,  de  ter  entrado  para  a  tripulção.

— Então,  jovem,  não  desista  dele, —  a  senhora  Alice  disse,  com  um  tom  de  conforto  e  esperança.

— Ou  seja,  melhor  desistir.  Ele  pode  gostar  da  outra, —  o  senhor  Thomas  disse,  me  jogando  um  balde  de  água  fria,  destruindo  a  fragilidade  da  esperança  que  estava  começando  a  florescer  em  meu  coração.

— Verdade, —  respondi,  com  a  voz  trêmula,  a  tristeza  me  invadia  novamente,  como  um  tsunami  que  arrasava  com  tudo  que  estava  a  minha  volta.

— Ora,  ora! —  o  senhor  Thomas  riu,  olhando  para  a  senhora  Alice,  que  também  riu,  com  um  toque  de  compreensão.

— Querida,  vá  descansar.  Depois  te  levo  uma  coisa  para  comer, —  a  senhora  Alice  disse,  fazendo  um  gesto  com  a  mão  para  que  eu  fosse  para  o  quarto.

Eu  me  levantei,  com  a  sensação  de  que  estava  perdida  em  um  mar  de  dúvidas  e  incertezas.  Eu  não  sabia  o  que  fazer,  eu  não  sabia  o  que  sentir.  Eu  só  sabia  que  estava  muito  triste,  muito  machucada.

Mas  eu  sabia  que  a  senhora  Alice  estava  certa.  Eu  precisava  descansar,  eu  precisava  me  recompor.  Eu  precisava  de  tempo  para  pensar

Abro a porta do quarto e meu coração dispara no peito, um ritmo frenético que ecoa na minha cabeça. E lá está ele, encostado na janela, como um anjo rebelde.

Luffy, com seus cabelos negros e espetados, um sorriso travesso, mas carregado de uma intensidade que nunca vi antes. Seus olhos normalmente brilhantes e cheios de vida, agora refletem uma preocupação profunda, como se ele estivesse lutando contra um turbilhão de emoções.  Ele segura o chapéu de palha com força,  como  se  aquele  objeto  fosse  o  único  apoio  em  meio  à  tempestade  que  o  assolava.

— O  que  você  está  fazendo  aqui? —  pergunto,  meio  sem  jeito,  a  confusão  e  a  alegria  se  misturando  em  uma  explosão  de  sentimentos  confusos.

— Vim  buscar  minha  companheira.  Prometi  ao  Ace  que  ia  cuidar  de  você, —  ele  responde,  com  a  voz  rouca

— Você  não  estava  com  a  Hancock? —  pergunto,  o  coração  apertando  um  pouco,  a  dúvida  ainda  presente  em  minha  mente.

— Deixei  ela  no  Sunny  e  voltei  a  te  procurar, —  ele  diz,  com  uma  seriedade  que  nunca  vi  em  seus  olhos,  uma  determinação  que  me  deixa  sem  fôlego.

— Os  outros  te  falaram  onde  eu  estava? —  pergunto,  curiosa  para  saber  como  ele  me  encontrou.

— Não.  Eu  encontrei  esse  lugar  e  senti  seu  cheiro  aqui, —  ele  responde,  caminhando  em  minha  direção,  com  passos  lentos  e  firmes

Ele me abraça com força, e eu sinto o seu corpo tremer, como se estivesse à beira de um desespero total. Ele enterra o rosto em meu cabelo, e começa a chorar, lágrimas quentes que molham minha pele, lágrimas de medo, de angústia

— Eu tive tanto medo de te perder, Kiara, — ele sussurra, a voz trêmula e carregada de emoção. — Quando você sumiu, eu me senti completamente perdido.

Ele afasta o rosto do meu cabelo, olhando para mim com os olhos cheios de lágrimas.

— Você vai voltar comigo, né? — ele pergunta, a voz cheia de esperança, como se estivesse buscando uma confirmação que o fizesse se sentir completo novamente.

— Sim, — respondo, a voz embargada pela emoção, a certeza de que quero ficar com ele, de que quero estar ao lado dele, me invade com força.

Ele sorri, um sorriso tímido e cheio de alívio, e então, sem avisar, ele se inclina e me beija. É um movimento rápido, impulsivo, como se ele não conseguisse mais conter a necessidade de sentir meus lábios nos seus.

O beijo é intenso, cheio de paixão e de uma necessidade urgente de se conectar. Seus lábios são quentes e macios, e a força com que ele me beija me faz sentir segura, protegida, como se ele estivesse me dizendo que nunca mais me deixaria ir.

A princípio, o beijo me pega de surpresa. As dúvidas, o medo, a confusão que carreguei durante todo o dia se dissolvem com o toque dos seus lábios nos meus. 
Sinto  o  gosto  salgado  de  suas  lágrimas  misturado  com  o  seu  perfume  característico,  uma  mistura  de  mar  e  sol  que  me  encanta  e  me  faz  sentir  completamente  perdida  em  seu  abraço.

É um beijo que me faz esquecer de tudo, de todas as dúvidas, de todos os medos. É um beijo que me faz sentir viva, que me faz sentir amada. Meus braços se enrolam em volta do seu pescoço,  e  eu  respondo  ao  seu  beijo  com  a  mesma  intensidade

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