31 - Suspeito

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— Obrigada por ter vindo — diz César.

Ele está à minha frente, com as mãos sobre a mesa. Seus olhos percorrem o meu rosto. Eu franzo o cenho, me jogando para trás do assento e cruzando as pernas.

Nem sei por que vim me encontrar aqui nesse restaurante com ele. Também não sei como conseguiu meu número. Ele disse que tinha algo importante a me dizer sobre Devon. Achei até estranho e decidi vir.

Dei uma escapulida depois que Devon me dispensou esta manhã, após levar Diana para o orfanato, porque teria que ficar fora o dia inteiro em outro lugar e que eu não precisava ir trabalhar. A coitada da Diana ficou triste o caminho todo até lá, isso partiu meu coração, mas foi necessário. Eu só espero que ela fique bem agora.  

— O que você quer, César? — pergunto impaciente.  

— Você de volta — rio do seu cinismo.  
— Você esqueceu que é casado e que sua esposa está esperando o seu filho?  
Ele une as sobrancelhas, fazendo uma carranca.

— Você sabe que eu nem gosto dela. Eu sempre amei você, Nicole, e não tem um dia em que não me arrependa de ter feito aquilo com você. — Sua mão tenta tocar a minha, mas eu afasto bruscamente.  

— Isso é porque me amava. Se não amasse, então… — uso o tom sarcástico.

— Eu tô falando sério, Nicole. Eu nunca deixei de amar você.  

Reviro os olhos.

— Você disse que tinha algo para me dizer. Não quero saber sobre os seus sentimentos românticos por mim. Eu não ligo, isso faz anos e eu nem me importo mais. Eu não sinto nada por você, e eu tenho um marido. Você esqueceu?  

Sua expressão muda de repente, como se algo mais estivesse por trás, como ironia.  

— E que marido você tem, hein?  

Estreito os olhos em sua direção, esperando uma explicação.  

— O que você quer dizer?  

Dá de ombros e aperta a ponta do nariz, acomodando as costas para trás e soltando um suspiro.  

— Nada, eu só acho que você deveria dar uma chance a nós dois.  

Bufo, revirando os olhos.

— Eu acho que você já teve sua chance, e se você não tem nada para me dizer, eu vou indo, tá? — Me levanto, saindo do restaurante.

Não devia ter vindo, ele só me deu uma isca para eu vir e tentar algo com ele. 

Estou prestes a atravessar quando sinto ele segurar o meu braço, me encurralando contra a parede. Seu corpo está jogado contra o meu, não dando nenhum espaço para mim. Eu empurro o seu peito com as mãos. 

— Sai de cima de mim — rosno. 

— Eu amo você — diz ele, suas mãos segurando o meu ombro com força enquanto tento me soltar. 

Eu faço uma carranca, só me faltava essa agora. 

— Me solta, César, eu juro que vou gritar aqui mesmo. 

Ele aproxima o rosto e sinto meu estômago embrulhar quando o canalha prensa os lábios nos meus, me forçando a beijá-lo, segurando a minha cabeça para eu não me mexer. Eu tento empurrá-lo, mas ele é mais forte e mais alto.

Dou uma joelhada em sua virilha, fazendo o mesmo dar um passo para trás com uma expressão de dor e murmurar um "merda". Dou um tapa no rosto dele com força.

— Eu juro que, se você fizer isso de novo, você vai se arrepender, imbecil.  
Ele ri, achando graça, passando a mão na bochecha onde ficou a marca do tapa. De que merda ele está rindo?  

Acordo PerigosoOnde histórias criam vida. Descubra agora