Tento mexer o meu corpo enquanto abro os olhos, sinto braços fortes ao meu redor. Abro os olhos de vez e eu e Devon estamos agarrados um ao outro. Meia assustada, empurro ele com força para longe de mim, fazendo-o cair no chão.
— Seu tarado!
— Aí! — ele se contorce no chão, resmungando, depois enfim se levanta, me dando uma visão do seu corpo. — Você é doida? Por que me jogou no chão?
— Não banque o espertinho, você estava agarrado a mim, apesar de eu ter dito para ficar longe.
Ele passa a mão na boca, parecendo indignado.
— Você que veio para cima enquanto eu estava dormindo e agora vem dizer que fui eu?
Franzo as sobrancelhas.
— Mentiroso, eu nunca faria isso — me defendo.
— Você é uma pessoa consciente enquanto dorme, só assim explicaria que não fez isso. Admita que se jogou nos meus braços porque queria tirar uma casquinha de mim.
Abro a boca chocada.
— Nem que você fosse o último homem da Terra! — jogo todos os travesseiros nele, que desvia de todos.
— Maluca.
◇
— Então você está mesmo dizendo que se casou? — a mãe de Devon pergunta ao filho, vejo o grande esforço que está fazendo.
— Sim, mãe, eu acho que já repeti bem cem vezes desde que cheguei aqui — Devon diz, suspirando.
Não é um exagero, suas palavras realmente. Ela pergunta tantas vezes se estamos mesmo casados que estou me esforçando muito para não fazer uma careta e para que essa amarga, ops... amada mulher não desconfie que estou casada com seu filho por interesse, como ela mesma acha. Mas aqui estou eu, com os dedos entrelaçados nos de Devon, olhando (meu marido), esperando que eu tenha uma expressão de perdidamente apaixonada.
— Só preciso ter certeza de que não estou em um pesadelo, querido — diz de modo sarcástico — e onde você conheceu essa criatura?
Se segurar, Nicole, você não pode xingar uma mulher que tem o dobro da sua idade e ainda é mãe do seu "marido".
Devon aperta minha mão sutilmente.
— O nome dela é Nicole — Devon diz, ríspido — e nos conhecemos há alguns meses atrás.
A gente tem toda uma história inventada para não dar erro. De acordo com Devon, nos conhecemos na praia em um dia que eu supostamente estava aproveitando o mar ensolarado (Nem me lembro da última vez que fui à praia e pode ter certeza que isso deve ter sido há uns três anos atrás). Enfim, primeiro ele quis inventar que fui como uma cachorrinha atrás dele pedindo o número dele. Então, eu falei que o justo seria ele ir atrás de mim e não o contrário. E então ele me contradisse, dizendo que ele não fazia esse tipo de homem. Então, retruquei, quando na verdade ele é que foi atrás de mim como um cachorrinho para aceitar a proposta de casamento falso, o que fez Ricky, que estava dirigindo o carro nos trazendo para cá ontem à noite, rir e nos dizer que já parecíamos marido e mulher. Então, ele, de muito mal gosto, aceitou a minha opinião e incrementou que foi ele que foi atrás pedir meu número e que saímos algumas vezes e que eu não fazia ideia de quem ele era, então ele conseguiu me conquistar e nos casamos em segredo por motivos, porque seus pais não iam aceitar.
— Peraí, você está dizendo que conheceu essa garota quando ainda estava com a Adelina? — pergunta ela.
Ótima observação... porque Devon não pensou nisso, caramba, agora sim que vai me odiar e pensar que eu era a amante.
— Sim, e para de exagero, eu e Adelina nunca tivemos nada real igual eu tenho com a Nicole, então é melhor aceitá-la.
— Claro — diz a mãe por fim com um sorriso falso, tem algo errado em ela aceitar tão rápido. O pai ao lado não diz uma palavra, a não ser me olha minuciosamente com uma cara que diz "meu Deus, o que o meu filhinho viu nela?"
Depois do café da manhã, eu não comi nada porque não me senti à vontade. Devon fez questão de me apresentar a casa.
— Você acha que os seus pais engoliram essa história? — pergunto enquanto caminhamos pelo jardim.
— A história talvez, mas o casamento, bom, eles não vão aceitar isso e por isso nós casarmos, porque assim eles não vão poder fazer nada.
Assinto, e dei uma parada porque um gatinho saiu debaixo de um arbusto e parou no nosso caminho miando, abaixo para passar a mão e fico um pouco surpresa por ele ou ela não sair correndo, passo a mão no pelo branco macio.
— Que bonitinho — falo sorrindo.
Percebo que Devon se abaixa ao meu lado.
— Esse é Cal, o pet da família — apresenta — estava desaparecido há uma semana, agora eu sei onde você estava, espertinho — Devon acaricia a cabeça de Cal, que mia para o mesmo.
— Olha, parece que ele gosta de você, o que é estranho — provoco.
Ele arqueia uma sobrancelha e dá um sorriso de lado para mim. De repente, me lembro de mais cedo, nossos corpos juntos, abraçados.
— Logo você vai gostar de mim, Nicole — ele pisca.
Viro o rosto para Cal porque me sinto envergonhada com o meu pensamento.
— Nos seus pesadelos, talvez. Enfim, quero ver o meu pai.
— Claro, vou te deixar lá e vou para a empresa trabalhar.
— Oh, você trabalhar? Isso é interessante. Pensei que, por ser um riquinho, sua função era ficar em casa de pernas para o ar, tomando champanhe.
Ele franze o rosto.
— Muito engraçadinha. Talvez eu te leve para conhecer.
Me veio o pensamento de que a empresa é uma fachada.
— De que ramo é sua empresa? — pergunto, não que ele vá me contar que sua família está envolvida em tráfico ou algo do tipo.
— Vários ramos: hotelaria, cosméticos, suplementos esportivos, roupas e matadores de aluguel — arregalo os olhos na última parte, chocado, mas ele cai na gargalhada.
— Você acha mesmo que sou um maluco, né?
Dou de ombros e me levanto.
— Então, vai me levar ou não para ver o meu pai?
— Vamos então — ele chama.
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Acordo Perigoso
Roman d'amour🔞 Devon Montenegro está acostumado a ter tudo o que quer e não mede esforços para conseguir. Um dia seu caminho se cruza com uma mulher, fica encantado imediatamente pela bela Nicole Franco, uma mulher de 22 anos que tem que fazer de tudo para sobr...