34 - Isso vai mesmo acabar?

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São 5:17 da manhã e eu não parei de olhar a tela do meu celular a cada dez minutos porque não consegui dormir direito, não com o que estou prestes a fazer, só peguei no sono e acordei quase no susto e estou acordada a um bom tempo. O peso de Devon está sobre mim, seus braços estão ao meu redor e minha cabeça está abaixo do queixo dele. Meu corpo está pressionado contra o seu e ele está dormindo. Eu só tenho que desvencilhar-me dele antes que sejam 6 horas, a hora exata em que ele acorda. 

Eu me esforço muito para não acordá-lo enquanto tiro os braços dele que estão ao redor da minha cintura. Quando me afasto sutilmente, ouço alguns resmungos, mas ele ainda continua dormindo. Solto o ar e me distancio da cama, passando as mãos sobre o cabelo. Vou até o closet, visto a primeira roupa que encontro, pego minha mala e coloco as minhas coisas mais importantes. Jogo tudo de qualquer jeito e fecho.

Saio do closet e Devon ainda está dormindo. Fico aliviada com isso, mas olho a tela do celular: 5:35. Por que estou me sentindo em pedaços enquanto saio? Depois de tudo o que aconteceu ontem, toda aquela proposta de Devon de ficarmos juntos, dele dizendo que me amava, isso quase me fez hesitar de novo, quase me fez querer isso, mas não posso mais ficar com dúvidas. 

O que eu vou fazer depois? Depois que tudo isso acabar, o que vai restar de mim?

Dou uma última olhada nele, então fecho a porta cuidadosamente enquanto saio, quando tudo o que quero é ficar. 

No caminho até a porta da frente, acabo esbarrando com Greta. 

— Desculpa — diz ela, e tento parecer natural e não uma fugitiva, mas os seus olhos descem para a mala na minha mão e há uma confusão quando se volta para mim — vai para algum lugar? 

Engulo em seco, procurando algo que eu possa dizer para sair daqui o mais rápido possível. Meus dedos apertam um pouco mais com força a alça da mala enquanto preparo uma mentira.

— Eu vou sim, é que o meu vestido de ontem sujou e vou levar para uma lavadeira…  

Ela franze o rosto. Que mentira esfarrapada. Não sei qual mentira inventar, de qualquer forma, tenho logo que sair.  

— Mas aqui tem pessoas que podem fazer isso.  

Coço o rosto, agora nervosa.  

— Eu sei, mas é que eu não quero dar trabalho.  

Ela me observa cautelosa.  

— Que trabalho? Somos pagos para isso.  

— Eu sei, eu vou indo e mais tarde volto. Tchau… — não espero uma resposta dela, apenas saio da casa, ignorando o que ela esteja dizendo, e caminho até o portão com urgência.

Um dos seguranças abre a porta e eu saio, andando alguns quarteirões até pegar um táxi e me afundar no banco de trás, soltando um suspiro que não sei se é de alívio ou perturbação, acho que é os dois.

Pego o meu celular e vejo que também tem uma mensagem de Álvaro, mas ignoro e ligo imediatamente para ele. Apesar de mal termos nos falado nos últimos dias, além de eu ter mandado mensagem dizendo que estou trabalhando para encontrar as provas, eu sei que ele também está juntando suas próprias informações. Acho que ele pensa que eu posso desistir, confesso que também não estou tão convicta da minha decisão.

Acordo PerigosoOnde histórias criam vida. Descubra agora