Acordo Perigoso

17 - Desejo

Entro no hospital, passando pelos corredores até que meus pés me levem para a sala onde meu pai está. Minha mão toca a maçaneta, mas antes que eu abra, noto pela pequena janela de vidro na porta que há alguém lá dentro ao lado do meu pai.

Meu coração começa a acelerar. 

Abro a porta de vez e então a pessoa que vejo é Devon. Ele se vira para mim lentamente, com um sorriso no rosto.
 
— O que você faz aqui? — pergunto, apreensiva.  

Não faz sentido algum ele estar no hospital com meu pai.  

— Não tem ideia, Nicole? — responde com um tom que deixa um clima estranho no ar.
 
Olho para meu pai na cama, os fios ligados a ele, o aparelho respiratório, mas há algo errado. O bip do aparelho começa a fazer barulho, as linhas começam a ficar em linha reta.  

— Eu vim terminar o trabalho — Devon termina sua fala, e tudo o que posso fazer é ir até meu pai enquanto ele deixa de respirar, enquanto morre.  

— Pai! — grito, sentindo as lágrimas saírem dos meus olhos. Devon ri.  

Ele acabou de matar meu pai...  

— O que você fez?!

Acordo toda suada e com a respiração oscilante, passo a mão no rosto tentando voltar a respirar direito. Olho para o meu lado da cama; Devon está dormindo.

Nada aconteceu, foi um pesadelo. 

Me sento na cama observando para ver se ele realmente está dormindo. Posso dizer que sim, pois o gato está deitado no ombro dele. Ele sempre afasta Cal para o meu lado quando está acordado. 

Faço o possível para não fazer barulho enquanto me levanto da cama. Olho o meu celular, que marca que ainda são duas da madrugada.

Abro a porta, com sorte, e tomara que sim, espero que todos estejam dormindo. 

Praticamente ando na ponta dos pés até chegar no corredor, onde descobri que fica o escritório do avô de Devon. Se tem um lugar onde vou conseguir provas, será aqui. 

Eu olho para todos os lados, observando se não tem ninguém por perto. Coloco a mão sobre a maçaneta e a forço a abrir, mas não consigo porque está trancada. É claro que estaria. Seria muita burrice se estivesse aberta.

Merda, como vou entrar aí desse jeito? Tenho que arrumar um plano melhor. Roubar as chaves do lugar com uma das empregadas parece uma boa ideia, mas agora não dá pra fazer.

Álvaro está fazendo o possível para obter informações com a escuta e a câmera. Não nos falamos por esses dias porque ele disse que tínhamos que nos manter afastados um pouco para que não fôssemos descobertos ainda mais com essa de Vitor ficando na minha cola.

Decido voltar para o quarto com o meu fracasso de espiã.

Me deito na cama, o celular de Devon está perto do travesseiro, ao lado da sua cabeça. Nunca terei uma oportunidade como essa, visto que ele nunca deixa seu celular bobeira por aí. Inclino o corpo na sua direção e pego o celular com cuidado. Ligo a tela, a senha é por impressão digital.

Posso até ouvir o batimento do meu coração enquanto minha mão desliza até a sua e coloca o seu polegar contra a tela. Ele desbloqueia, mas tem outra senha para entrar.