35 - Perigo

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— Pra onde você está me levando? — pergunto apreensiva, vendo que o carro está indo muito rápido. Desse jeito, vamos morrer em um acidente mesmo.

Devon está muito irritado, ele não me encara em nenhum momento, com as mãos segurando o volante com força.  
Estou com medo, muito medo do que ele vai fazer.  

— Eu quero sair — imploro, e minha mão vai para a maçaneta da porta, tentando abrir, sentindo a minha respiração acelerada.  

— Sai então — diz, com a voz impenetrável, fixando os olhos sombrios em mim. Eu me encolho.  

Ele volta a olhar para frente e não diz nada, e eu nem me atrevo a dizer algo. Não sei o que está passando na cabeça dele, mas não deve ser coisas boas. Eu engulo o choro, mordendo os lábios.  

Isso é um pesadelo, estava tudo tão certo para isso acabar e, de repente, voltei à estaca zero de novo.

O carro parou de repente em um lugar que nunca vi antes, algum tipo de depósito afastado da área da civilização. Meu coração começa a disparar. Ele sai do carro primeiro e vem abrir a porta do meu lado, sua mão segura meu pulso com força, me forçando a sair do carro.  

— Devon, o que você vai fazer? — questiono, sentindo os meus nervos à flor da pele.

Não respondendo à minha pergunta, ele me arrasta para dentro do depósito e fecha a porta com força, me soltando. Eu o encaro, meus olhos cheios de culpa. Dou um passo para trás, quase caindo perto de um sofá ali.  

Devon segura a cabeça como se não soubesse por onde começar, seus olhos encontram os meus, e a transparência dolorosa nos deles me faz sentir angustiada e nervosa.

— Ontem eu vi uma mensagem no seu celular. Sabe, logo depois de você dizer que queria ficar comigo, logo depois que você dormiu. Eu olhei aquela mensagem de um cara. Eu juro que iria deixar pra lá, mas sei lá, não sei, eu senti que devia dar uma olhada. Eu desbloqueei o seu celular e tinha umas conversas tão interessantes entre você e Álvaro. É o nome dele, não é mesmo? Eu pesquisei e então descobri algumas coisas muito interessantes sobre ele. — Ele dá uma pausa para soltar uma risada sarcástica, suas palavras, no entanto, são como um soco no meu estômago. — Eu não fazia ideia de que estava dormindo com o meu inimigo. Agora, entendendo, porque você saia tanto, mas ainda assim estou tentando entender por que você estava com um policial tramando contra mim?! — pergunta, seus olhos raivosos em mim. Há algo cruel nele que nunca vi antes, que faz eu dar mais um passo para trás, querendo me proteger da sua ira.

Ele quer ouvir a resposta de mim, ele quer que eu diga em voz alta.

Não respondo, engolindo em seco. Então foi assim que ele descobriu, foi assim que minha farsa foi desmascarada.  

— Você vai me responder por quê? Eu vi você dando um pen-drive pra ele, Nicole, e eu vi você me apunhalando pelas costas. Não tem nada a dizer sobre isso?  

— Você sabe muito bem o porquê — ranjo os dentes.  

— Esse pen-drive é do meu avô, não é? Você roubou. Eu procurei essa merda por todos os lugares e agora descobri que você é uma informante de merda! Eu só quero saber por que você está fazendo isso… por que me traiu desse jeito? O que você ganha fazendo isso?  

— Você é um mafioso — meu tom é duro e inflexível.  

Ele trava a mandíbula, olhando para além de mim, em uma fúria contida, brilhando em suas íris escuras. Em seguida, fixa-os em mim.  

— Entendi, você sabe de tudo, não é? Não adianta mentir mais.  

— Sei sim, sei que você é o responsável pelo que aconteceu com ele, como você mandou matá-lo! — Acuso. Meus olhos ardem com uma vontade de chorar, mas eu me esforço para não fazer isso aqui na frente dele.

Acordo PerigosoOnde histórias criam vida. Descubra agora