05 - Assinado

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— Finalmente estão casados — comemora Ricky, que descobri que é o assistente e melhor amigo de Devon. Ele está com um sorriso no rosto, até parece que foi ele que casou.

Devon estava mesmo muito desesperado para casar, porque nem esperou o dia seguinte para casarmos. Ele usou seu poder para casar imediatamente e, para falar a verdade, não fiquei nada surpresa. É incrível as coisas que conseguimos com dinheiro e, bom, também já assinei aquele contrato e me prendi a Devon Montenegro por um ano. Não posso mais voltar atrás, nem se eu quisesse.

— Agora que está tudo feito, a primeira coisa que quero é que transfira o meu pai imediatamente para outro hospital — digo a Devon, que assente.

— Seu desejo é uma ordem, esposa — provoca, reviro os olhos. Ricky abre a porta para eu entrar e é o que faço.

Minha vida está prestes a se tornar um inferno, é só um pressentimento.

                                 ◇

— A minha família não é das melhores, então só tente relevar — aconselha enquanto estamos a um passo de passar pela porta da mansão Montenegro. A casa é como um sonho de qualquer pessoa, um grande exagero de tantos andares que me pergunto quantas pessoas moram aí. Fico muito tensa, ainda mais agora que ele disse que sua família não é nada fácil. Não todo dia em que seu filho chega em casa com uma estranha qualquer e diz que está casado sem nem convidá-los ao menos, ainda mais quando a esposa em questão é muito, mas muito abaixo do nível de um herdeiro bilionário.

— Eu posso fazer isso, já aguentei muita coisa sem receber nada, acho que posso suportar — tento me manter otimista. Devon ao meu lado apenas levanta uma sobrancelha e logo em seguida suspira.

— Isso não quer dizer que vou deixar qualquer um te desmerecer.

Não sei se estava sendo gentil ou calculista, afinal, ele precisa de mim, mas assinto, colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.

— Enfim, vamos entrar. — Assim, ele abriu a porta e tomou a minha mão, segurando entre seus dedos. Foi estranho como o contato foi, de alguma forma, bom.

Não deu muito tempo para me concentrar nisso, porque Devon me arrasta pela enorme casa. Tantos vidros pela casa que mentalmente eu digo para tomar cuidado para não quebrar nada, lustres que só vemos em novelas, o chão é tão limpo que dá para ver até o nosso reflexo, os móveis são os mais caros e bonitos que já vi em toda a minha vida.

— Pai, mãe — a voz de Devon me trouxe de volta à realidade. À nossa frente, duas figuras estão sentadas no sofá e mostram certa curiosidade ao nos ver. Vejo a mulher que suponho ser a mãe dele descer o olhar até as nossas mãos juntas; seu rosto se franze imediatamente. Ela não tem nenhuma característica de Devon: seus olhos são azuis escuros, os cabelos perfeitamente alinhados em um penteado amarrado são loiros. A mulher tem uma elegância, mas vejo que é apenas fachada quando ela se levanta encarando Devon.

— Quem é essa? — sua voz é áspera, sem uma pontada de gentileza na pergunta.

Percebo que o pai dele também se junta à mulher nos observando.

— Devon, pode nos explicar por que está segurando a mão dessa mulher? — insisti o pai.

— Porque ela é minha esposa, esta é Nicole — declara, passando o braço em mim com um sorriso estampado no rosto.

— O que? — indaga a mãe e posso jurar que a mulher parece estar à beira de um colapso nervoso. O senhor Montenegro tenta acalmá-la fazendo vento com a mão no rosto dela; acho que ela pode desmaiar a qualquer momento.

Acordo PerigosoOnde histórias criam vida. Descubra agora