Já ouvi aquele ditado que quanto mais estamos perto da morte, mais os nossos pesadelos nos assombram? Talvez fosse o universo querendo dizer que a minha morte seria em breve e, por isso, a minha amada mãe voltou dos mortos. (Bom, ela nunca esteve morta, mas sempre pareceu que sim, já que nunca deu um sinal de vida para a sua filha.) Será que posso ser considerada filha dela? Mãe não, uma senhora que apenas me colocou no mundo e me largou para viver a sua digníssima vida.Mas aqui, na minha frente, cara a cara com a mulher que me largou nesse mundo, eu continuo em choque, em transe, enquanto essa mulher me olha com curiosidade, mas nada de surpresa.
O que me leva a outra questão: ela não deve reconhecer que eu sou filha dela. De uma menina de 8 anos para uma mulher de 22 anos, é uma diferença enorme. Não tenho cara de criança e não sou tão parecida quanto a Nicole criança, mas dizem que mães sempre reconhecem seus filhos. No entanto, eu não sou uma filha para ela de qualquer forma.
— Nicole? — parece que ela tem um senso materno.
Seu olhar se aguça em mim, a mão dela segura a mão da garota a quem entreguei a bola agora há pouco e vem até mim.
Eu não sei por que fico parada como um poste; eu simplesmente deveria sair daqui. Não importa, ela não é nada para mim. Ela é uma mulherzinha que foi embora, não deveria significar nada para, mas ainda assim eu fico e observo que continua igual, mas mais velha, é claro, como uma mulher de seus 40 e poucos anos. Os cabelos castanhos escuro estão soltos, mas agradeço por ter puxado somente isso dela e mais nada além disso. Ela usa roupas como se estivesse pronta para concorrer à presidência. Ela sempre foi uma mulher elegante; quando digo "sempre", resumo a um dia somente que passei com ela, mas fiz de tudo para gravar cada parte dela como uma criança faria, só porque eu sabia que nunca mais a veria. No entanto, aqui está ela em carne e osso com a sua filha… a que não abandonou, é claro.
— É você mesmo! Eu estive te procurando em todos os lugares! — O que é esse tom, empolgação, animação? Ela está feliz em me ver? Estava me procurando? Por quê?
Minha cabeça começa a abrir várias abas, fuçando todas abertas sem respostas.
E ela me abraça, sim, a minha mãe, que nunca nem me tocou, acabou de me abraçar. Eu não sei o que fazer com as mãos; eu quero muito afastá-la porque não parece certo, parece que tudo está errado.
— Filha, sou eu, sua mãe. Não está me reconhecendo? — pergunta, desvincilhando os braços do meu corpo, e agora suas mãos vão para o meu rosto, me tocando e sorrindo.
Quantas vezes sonhei com isso? Mas por que sinto que isso não é verdadeiro?
— Sim, eu sei quem você é — falo, e fico surpresa por conseguir dizer algo além de ficar encarando-a.
— Eu senti saudades de você — muita empolgação.
Sentiu?
— Por que estava me procurando? — indaguei, me afastando um pouco do seu toque.
— Eu queria te ver. Olha, essa é a Hanna — ela puxa a garota delicadamente para frente. Ela sorri para mim um pouco surpresa. — Vocês duas são irmãs.
Irmãs.
Forço um sorriso para Hanna, porque sei que ela provavelmente não deve nem saber o que sua mãe fez com a sua irmã.
— Ela é minha irmã? — questiona a garota. Minha mãe assente com a cabeça, olhando de mim para ela com um sorriso.
— Prazer em conhecer você, Hanna. Eu sou a Nicole — me apresento.
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Acordo Perigoso
Romance🔞 Devon Montenegro está acostumado a ter tudo o que quer e não mede esforços para conseguir. Um dia seu caminho se cruza com uma mulher, fica encantado imediatamente pela bela Nicole Franco, uma mulher de 22 anos que tem que fazer de tudo para sobr...