45 - O troco

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                             Devon

— Você nunca vai encontrar algo tão bom como isso — a forma como Gisele diz faz parecer que há um duplo sentido na sua fala, enquanto o seu corpo se inclina sutilmente perto do meu. Meus lábios se curvam em um sorriso malicioso, deixando que os meus olhos a encarem de forma provocativa, um jeito de atiçá-la.

Ricky está certo sobre essa mulher ter uma queda por mim. Nunca me atentei a isso, no entanto, está nítido e posso usar ao meu favor.

— Coisas assim são muito difíceis de encontrar — respondo, deslizando o meu olhar para a sua boca por um instante, o que faz com que ela abra um sorriso e segure uma mecha de cabelo entre os dedos. Volto a minha atenção para a arma na minha mão, manuseio-a observando cada detalhe, é realmente uma boa arma, dessas que venderia muito. Posiciono-a corretamente entre as minhas mãos e miro, e o meu dedo indicador puxa o gatilho. O estrondo do tiro faz um barulho perto dos galhos da árvore perto de casa.

Aproveitei que Nicole não está à tarde para trazê-la aqui porque é um lugar privado e ninguém vai poder nos ver juntos.  

— Armas e amor são tão perigosos, você não acha, Devon? — sussurra próximo à minha orelha. Suas mãos passam pelo meu ombro com malícia. Eu abaixo a arma e observo a mulher ao meu lado.  

— O amor é mais, pode ter certeza — ela dá um sorriso meio confuso, mas antes que ela tenha a ideia brilhante de me perguntar algo sobre a minha vida (porque percebi que ela é curiosa até demais), a chamo para voltarmos ao jardim da frente. Entrego a arma para ela, que guarda na sua maleta cuidadosamente.  

— Então, fiquei muito interessado — começo.  

Um brilho se acende em seus olhos; percebo suas investidas.  

— Em qual das duas? — suas sobrancelhas se erguem, deixando  algo sugestivo no ar.  

— Depende...  

Ela coloca a mão na cintura.  

— A arma não está, mas à dona... — ouço um estalo de língua quando termina a frase.

Me aproximo dela, é tudo uma encenação só para conseguir o que quero, mas por que essa sensação estranha de que eu não deveria fazer isso? Nicole está nos meus pensamentos, como sempre, mas desta vez eu ignoro. Porque ela fez pior; deve ter até dormido com o idiota do Álvaro. Se eu continuar pensando nisso, o meu humor vai mudar. Apenas me concentro na mulher à minha frente. Ela é bonita, com cabelos negros, olhos afiados como os de uma águia e uma ousadia questionável. Ela é do meu mundo e me entende.  

— Eu pensei que poderia vir com o brinde completo, sabe? — minha mão vai para a sua cintura.  

— Desculpa, querido, mas a quantidade de armas que você quer já está produzida, mas já tem dono e não posso desfazer os negócios assim.  

Eu forço um sorriso encantador, isso já está mais difícil do que imaginei.  

— Por que não? Eu posso te dar muito mais do que eles.  

— Desfazer negócios assim pode custar muito caro, Devon.

— É, eu sei e estou disposto a pagar o que for necessário — sua mão puxa a minha gravata e um olhar sensual se apodera do seu rosto.  

— O que for necessário mesmo? — pergunta com a voz sensual, encarando os meus lábios.

Faço que sim com a cabeça e acompanho o movimento que a sua mão faz até o meu rosto enquanto acaricia o meu rosto.  

No momento seguinte, sinto a sua boca se chocar com a minha. Eu me obrigo a beijá-la e suas mãos se prendem ao meu rosto com certa possessividade. Eu seguro sua cintura enquanto nossos lábios se movimentam em sincronia. Eu me deixo levar, mesmo que os meus pensamentos estejam longe, agora muito longe. É estranho beija outra pessoa, uma desconhecida. Nós nos separamos e Gisele sorri como se tivesse ganhado um prêmio. Eu passo a mão no rosto, torcendo para que isso seja mais do que suficiente.

Acordo PerigosoOnde histórias criam vida. Descubra agora