15 - Decisão

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Eu mal consigo olhar para a cara de Devon sem me imaginar pulando em seu pescoço e sufocando-o até ele perder o ar e morrer. Não sei nem como não fiz isso ontem, depois que cheguei. Consegui me controlar, embora tenha sido difícil. O cinismo é o que mais me incomoda; ainda teve a infâmia de fingir estar preocupado comigo. Ele agora é oficialmente o meu inimigo.

— Você precisa se controlar. Se agir estranha com ele, ele vai acabar achando que tem algo estranho com você, e não precisamos de suspeitas — diz Álvaro.

Nos encontramos no mesmo lugar de ontem, depois que ele mandou eu pensar sobre a minha decisão com calma.

— É fácil falar, porque não é você que está vivendo no mesmo teto do homem que deixou o meu pai em coma — disparo.

— Eu nem imagino como deve ser, mas se você vai fazer isso comigo, se vai estar nessa, vai ter que deixar suas emoções de lado. Vai aceitar ou não me ajudar?

Apoio as costas contra a cadeira, soltando um suspiro exaustivo.

— Eu quero fazer isso, eu quero vê-los na cadeia — ele assente — mas como vamos fazer isso exatamente? Devon e a família são muito discretos, não sei como vamos conseguir provas contra eles.  

— Você é a chave, você está no meio deles. Se tiver uma oportunidade, procure nos quartos de todos, principalmente nesse — ele mostra uma foto do avô de Devon.  

— Ele nunca aparece em nada, é quase como um fantasma. Eu suspeito que ele seja o chefão.  

— Com certeza ele é. Devon quis se casar comigo porque precisava de uma esposa para o avô considerá-lo digno de assumir os negócios. Eles apreciam muito essas coisas de estar casado para ser herdeiro ou do tipo.  

Álvaro fica pensativo.  

— Talvez seja isso, mas acho que Devon está pensando além. Quando ele assumir a empresa e apresentar você como esposa, ele só vai dizer ao mundo que um homem como ele não é capaz de se envolver em negócios sujos porque ele tem uma família, e assim seria incapaz de prejudicar a mesma.  

Faz sentido.

Álvaro tirou do seu casaco um dispositivo e colocou na mesa.  

— Eu quero que você coloque essa escuta e essa câmera na empresa dele, na sala do Devon.  

Franzo o rosto.  

— Isso é impossível. Eu nem conheço a empresa deles. Com que desculpa eu iria lá?  

— Você consegue, Nicole. Vai pensar em algo, mas imagino que lá é onde acontecem várias coisas e, se eu estiver certo, vamos ter acesso a várias informações.  

Ele está certo, mas como vou fazer isso sem que o Devon perceba?  

— Tá, vou ver o que posso fazer.  

— Use a cabeça e não o coração.  

Vamos ver se, na hora da verdade, qual dos dois eu vou usar. Eu espero que seja o primeiro.  

— Eu não entendo uma coisa: por que você está tão interessado nisso? Quer dizer, você disse que até o seu pai é um corrupto. Por que não seguiu o mesmo caminho? Por que vai trair seu pai assim?

Acordo PerigosoOnde histórias criam vida. Descubra agora