29. Atlas

68 3 0
                                    

Nunca me canso dela, mas acho que tudo bem porque ela também parece nunca se cansar de mim. Hoje de manhã ela me acordou subindo em mim e me dando um beijo no pescoço.

Segundos depois, ela já estava de costas, com a minha boca entre suas coxas.

Talvez a gente tenha tanta fome um do outro por saber que é muito raro termos dias assim. Ou vai ver que é porque passamos muitos anos com saudade.

Ou então é assim que as coisas são quando se está apaixonado. Já estive com outras mulheres além da Lily, mas tenho certeza de que ela é a única que realmente amei.

O que sinto por ela vai além de tudo que já vivenciei. Vai além do que sentia quando éramos mais jovens. Hoje é diferente mais forte, mais profundo, mais excitante. Não existe a menor chance de eu deixar Lily como a deixei naquela época.

Sei que com dezoito anos minha cabeça era totalmente diferente, e isso tinha muito a ver com o motivo de eu sentir que não devia me manter em sua vida. Agora, porém, estou aqui para o que der e vier. Detesto demais a ideia de ir devagar. Entendo que a gente precise fazer isso, mas não tenho que gostar. Quero Lily perto de mim todo dia, porque me sinto absolutamente incompleto nos dias em que não a vejo.

Agora que passamos a noite juntos, tenho a sensação de que vou sentir cada vez mais sua falta. Vou ficar irritado quando tiver de passar muito tempo sem vê-la. Ela está bem do meu lado enquanto escovamos os dentes, mas já estou com medo de quando ela for embora daqui a pouco.

De repente, se eu falar que faço o café da manhã, ganho uma hora a mais com ela.

- Por que tem uma escova de dentes sobrando? - pergunta Lily. Ela cospe a pasta de dente na pia e me dá uma piscadela. É comum mais alguém passar a noite aqui?

Sorrio para ela e enxáguo a boca, mas não respondo à pergunta. Tenho a escova de dentes para ela, mas não quero admitir. Fiz várias coisas ao longo dos anos com a desculpa de vai que a Lily...

Depois que ela saiu da minha casa dois anos atrás, quando estava escondida de Ryle, saí e comprei algumas coisas só para o caso de ela precisar voltar. Uma escova de dentes a mais, travesseiros mais confortáveis para o quarto de hóspedes, roupas para o caso de ela aparecer numa emergência.

Eu tinha, digamos, um kit de emergência para a Lily. Agora me parece que era mais um kit para o caso de a Lily dormir aqui. E, sim, trouxe tudo para a casa nova quando me mudei. Sempre tive certa esperança de que um dia ficaríamos juntos.

Caramba, sendo muito honesto, eu tinha era muita esperança. Muitas decisões minhas foram baseadas na possibilidade de que Lily voltasse para minha vida. Até escolhi esta casa em vez de outra que eu tinha em mente só por causa do quintal. Parecia um quintal que ela ia amar.

Enxugo a boca com uma toalha e passo para ela.

- Quer que eu faça o café da manhã antes de você ir embora?

- Quero, mas me dá um beijo primeiro. Meu gosto está melhor agora do que estava mais cedo.

Ela fica na ponta dos pés, eu a abraço com força e a levanto até minha boca. Beijo-a enquanto saio junto com ela do banheiro e a deixo cair no meu colchão. Fico parado acima dela.

- Quer panqueca? Crepe? Omelete? Um pãozinho? Antes que ela me responda, a campainha toca. - Josh chegou.

Dou um beijinho nela. - Ele gosta de panqueca. Pode ser?

- Adoro panqueca.

- Então teremos panqueca.

Ando até a sala de estar e abro a porta para Josh. Abro e imediatamente fico paralisado ao ver minha mãe.

É assim que começa Onde histórias criam vida. Descubra agora