18-2. Lily

79 4 0
                                    

Não faço ideia do que ela está falando, até que olho para Atlas e ele está sorrindo. Eu tinha um pôster do Adam Brody na parede do quarto na primeira vez que ele foi na minha casa.

Empurro o braço de Atlas.

- Eu tinha quinze anos!

Ele ri, e fico feliz que Allysa esteja sendo legal com Atlas. Sei que ela tem todo o direito de ser completamente leal ao irmão, mas Allysa não seria grosseira com alguém só porque outras pessoas não gostam dele.

Ela não é uma amiga que aceita tudo, assim como não é uma irmā que aceita tudo. É isso que mais amo nela, pois eu também não aceito tudo. Se você fizer alguma besteira, eu vou ser a amiga que vai lhe dizer que você está fazendo besteira. Não fazer besteira junto com você.

Quero que minhas amigas me tratem da mesma maneira. Sempre prefiro sinceridade a lealdade, pois a sinceridade traz consigo a lealdade.

- Obrigada pelo almoço - digo. - Conseguiu resolver a situação de Josh na escola?

Atlas está tentando matriculá-lo numa escola mais próxima de sua casa, para que ele saia da escola anterior do outro lado da cidade.

- Consegui. Estou torcendo para que eles não olhem de muito perto os formulários que preenchi. Eu menti um pouco.

- Tenho certeza de que vai dar certo, não vejo a hora de conhecê-lo. asseguro.

- Quantos anos ele tem? - pergunta Allysa.

- Ele acabou de fazer doze anos responde Atlas.

- Nossa dizela. - Pior idade de todas. Mas pelo menos você não precisa pagar uma creche. É o lado bom. Allysa estala os dedos. - Por falar em crianças, Lily não vai estar com Emerson no próximo sábado porque vai a um casamento. Ela vai ter uma noite inteirinha só para ela como adulta solteira.

Jogo a cabeça para trás e a encaro.

- Eu já ia convidá-lo. Não precisava da sua ajuda.

Atlas se anima.

- Um casamento, é? - Ele abre um sorrisinho travesso.

- Vai dormir durante a cerimônia?

Enrubesço na mesma hora, o que deixa Allysa curiosa. Atlas se vira para ela e diz:

- Lily não te contou que dormiu no nosso encontro?

Nem estou olhando para Allysa, mas sinto que ela está me encarando.

- Eu estava cansada, digo, dando uma desculpa para algo indesculpável. - Foi sem querer.

- Ah, é óbvio que preciso saber mais dessa história, declara Allysa.

- Ela pegou no sono a caminho. Passou mais de uma hora dormindo no estacionamento. Nem fomos ao restaurante.

- Allysa começa a rir, e agora eu meio que quero me esconder debaixo do balcão.

- Quem vai se casar? pergunta Atlas para mim.

- Minha amiga Lucy. Ela trabalha aqui.

- Que horas vai ser?

- Às 19 horas. Vai ser um casamento à noite. Se você conseguir ir...

- Consigo. - Atlas faz aquela sua expressão característica com os olhos, como se por um instante desejasse que estivéssemos a sós. Isso faz um calor descer pelas minhas costas, fazendo-as formigar. - Preciso voltar. Bom almoço para vocês.

- Ele cumprimenta Allysa com a cabeça. Foi um prazer conhecê-la oficialmente.

- Digo o mesmo.

Enquanto está se dirigindo à saída, ele começa a assobiar. Atlas vai embora animado, e meu coração bate mais forte ao vê-lo tão feliz. Nem sei se seu bom humor tem a ver comigo, mas a adolescente que mora dentro de mim, que se preocupava com ele tantos anos atrás, fica extremamente contente ao vê-lo se dando tão bem na vida.

- O que ele tem de errado?

Quando olho para Allysa, ela está encarando com curiosidade a porta pela qual Atlas acabou de sair.

- Como assim?

- Por que ele não é casado? Por que não tem namorada?

- Espero que ele comece a namorar em breve - digo, sem conseguir conter o sorriso.

- Ele deve ser ruim de cama. Talvez seja por isso que está

solteiro.

- Ele não é nada ruim de cama.

O queixo dela cai.

- Você disse que vocês dois nem tinham se beijado ainda, então como sabe disso?

- Eu não o beijei depois de adulta. Está esquecendo que tenho um passado com ele. Ele foi meu primeiro, e ele foi muito, muito bom. E tenho certeza de que agora está melhor ainda. Allysa me encara por um instante, depois diz:

- Fico feliz por você, Lily. - Mas ela está franzindo a testa. Marshall também vai gostar dele. É muito fácil gostar dele. Ela diz isso como se fosse a pior coisa possível.

- E isso é ruim?

- Não sei se é bom - comenta ela. - Toda essa situação é confusa, você sabe disso. Nem preciso te explicar. Mas entendo totalmente por que você está hesitando em contar para Ryle. Saber que a ex-esposa está dividindo a cama com aquele espécime perfeito deve ser extremamente emasculante.

Ergo a sobrancelha.

-Não tão emasculante quanto deveria ser bater na esposa. Fico um pouco chocada quando as palavras saem da minha boca, mas não consigo retirá-las. Acho que nem preciso fazer isso, porém, pois felizmente minha melhor amiga não é uma irma que aceita tudo.

Em vez de se ofender, Allysa concorda com a cabeça.

- Touché, Lily. Touché.

É assim que começa Onde histórias criam vida. Descubra agora