Armadilhas do Prazer!

Capítulo 35

No silêncio da mansão, Venâncio percebeu que, apesar de todo o esforço para se redimir, havia algo profundo que ainda separava ele e Dominic. A sombra do passado pairava sobre eles, e o ressentimento do filho era uma barreira que ele não sabia como derrubar. Decidido a esclarecer as coisas, ele chamou Dominic para uma conversa sincera em seu escritório.

— Filho, eu sei que ainda há mágoas entre nós. Quero que saiba que estou disposto a fazer o que for necessário para mudar isso — disse Venâncio, sua voz carregada de preocupação e culpa.

Dominic olhou para o pai, seus olhos mostrando uma mistura de dor e determinação. Havia muito tempo que ele queria dizer aquelas palavras, mas nunca encontrara a oportunidade certa. Agora, depois de tudo que passaram, sentia que não havia mais por que guardá-las.

— Pai, você foi um homem ausente por toda a minha vida. Sempre priorizou seus negócios e, depois, a Raquel. Eu sempre estive sozinho, e ela... ela nunca me aceitou. Sempre me odiou, e você nunca percebeu ou se importou — disse Dominic, sua voz firme, mas cheia de emoção reprimida.

Venâncio tentou responder, mas Dominic não parou.

— Sabe quem sempre esteve do meu lado? Evelyn. Desde o começo, ela acreditou em mim, me deu apoio, e agora é a mãe da minha filha, Perséfone. Você nunca esteve lá para mim, pai. E quando Raquel tentou destruir tudo o que eu e Evelyn estamos construindo, você não enxergou, mesmo quando estava bem diante de você.

Venâncio abaixou a cabeça, sentindo o peso das palavras do filho. Cada frase era como um golpe, mas ele sabia que eram verdadeiras. Ele sempre esteve tão focado em suas próprias ambições e na relação com Raquel que acabou perdendo de vista o que realmente importava.

— Eu não sabia que você se sentia assim, Dominic. Não pensei que minha ausência tivesse te afetado tanto. E lamento por não ter percebido o que Raquel fazia... — Venâncio disse, sua voz tremendo com o remorso.

Dominic balançou a cabeça, ainda segurando a dor que carregava.

— Lamento que não tenha percebido antes, pai. Agora, eu só quero proteger minha família. Eu e Evelyn estamos construindo algo sólido, algo que não tem espaço para as sombras do passado.

Venâncio sentiu um nó na garganta, mas percebeu que aquela conversa era necessária para que ambos pudessem seguir em frente. Dominic se levantou, pronto para sair da sala, mas olhou para trás uma última vez.

— Só quero que saiba que, mesmo com tudo isso, ainda há tempo para você ser o avô que Perséfone merece. Mas isso vai depender de você, pai — disse Dominic, suas palavras finais deixando Venâncio em uma reflexão profunda.

Dominic deixou o escritório, voltando para Evelyn e sua filha que estava por vir, enquanto Venâncio ficou ali, pensando nas escolhas que fez e nas oportunidades que ainda podia ter para tentar reconstruir o que havia perdido. Sabia que precisaria de muito esforço para reconquistar a confiança do filho, mas também entendeu que era o momento de enfrentar o passado e tentar ser um homem melhor, por Dominic, Evelyn e a pequena Perséfone que estava a caminho.