6. Invasor

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Capítulo dedicado a todos os integrantes do grupo "Paixão Por Livros!", lá no whatsapp. Tenho um carinho especial  por cada um de vocês, que, de uma forma tão linda, acolheram minhas histórias, amando os meus personagens com tanta verdade que até me emociona!!!!!
Vocês são incríveis!
Agora chega de blá blá blá, e vamos ler, neah?! Kkkk
Bjs bjs!

Fiquei ansiosa cada segundo que tive que esperar até que Robert Castro batesse em minha porta. O tempo parecia não passar, de modo que comecei a imaginar que ele não viria. Mas, para minha alegria, ele apareceu, levando embora, com um sorriso maroto, cada pensamento ruim que tive até aquele momento.
- Oi! - murmurei, quase sem ar, quando abri a porta e me deparei com a imagem da perfeição.
Ele sorriu, e desejei não ter visto aquele sorriso tão lindo, isso não ajudaria em nada a manter o controle de meus nervos enquanto ele estivesse por perto.
- Hã... entre, por favor!
Robert Castro entrou e parou no meio da sala, as mãos nos bolsos da calça, a mochila sobre um dos ombros, a cabeça meio pendida para o lado. Mais lindo impossível. Senti que seria impossível não começar a tremer.
- Me dê um minuto... - eu disse, fugindo para o corredor - fique à vontade! - gritei antes de entrar em meu quarto e fechar a porta atrás de mim.
Caminhei até o espelho de corpo inteiro na porta do guarda roupa. Não, eu não estava tão desajeitada quanto me sentia. Respirei fundo, ordenando a mim mesma para se acalmar e não fazer papel de retardada na frente dele.
Peguei meu bloco de anotações e saí do quarto.
- Robert? - chamei.
Ele não estava mais na sala. Corri até a cozinha, mas ele também não estava lá. Me perguntei se talvez ele tivesse cansado de esperar e tivesse ido embora. Será que eu tinha demorado tanto assim?
Ou talvez ele nunca tivesse estado alí realmente, pensei. Talvez eu tivesse sonhado, fantasiado aquele momento, o que não era muiti difícil, levando em conta que ele era tão bonito que não devia ser mesmo real.
Mas se ele não estivera alí, de quem era aquela mochila em cima do sofá?
- Robert? - chamei novamente.
- Aqui! - respondeu uma boz rouca e musical, vinda do último cômodo no final do pequeno corredor.
Disparei para lá.
- Quem pinta estas telas? - perguntou ele sem se virar, quando apareci na porta.
Senti meu rosto sendo consumido pelo fogo abrasador do constrangimento. Eu não gostava de compartilhar minhas telas com nenhum público. A unica pessoa que as via era Sara, isso porque nunca consegui encontrar uma forma de impedí-la.
Ver Robert Castro alí, dentro do meu "mundo particular", além de constrangedor, foi um pouco irritante. Ele não tinha o direito de ir entrando assim, sem ser convidado.
- Não devia ter entrado aqui! - adverti.
- Você me disse pra ficar à vontade! - ele então se virou e me encarou com olhos ingênuos.
Droga.
- São... coisas particulares, não gosto que ninguém veja. - resmunguei, entrando no cômodo.
Ele voltou a encarar a tela a sua frente.
- Então quer dizer que você é uma artista?
- Não, claro que não... apenas gosto de sujar umas telas de vez enquando, pra descontrair, sabe? - joguei um pano sobre a tela inacabada no cavalete.
- Caramba, você pintou aquilo? - Robert  perguntou, apontando para a tela pregada na parede lateral.
- É... eu acho que sim! - murmurei, a timidez me corroendo por dentro.
- É incrível, parabéns!
- Valeu! - agradeci lisonjeada - Ela é meio que especial, foi a primeira que pintei aqui. Olho para ela e, sei lá, me sinto tranquila, e lembro que existe um lugar completamente diferente deste em que vim parar.
- Você ainda não se encaixou muito bem aqui, não é mesmo?
Eu sabia que era nítido o quanto eu não me encaixava alí, mas a forma com que ele fez a pergunta... Havia um tom de certeza em sua voz, como se ele fosse capaz de saber exatamente como eu me sentia.
Encarei minha tela por um segundo. E quase ri, ao me lembrar que às vezes eu também sentia que não me encaixava em minha antiga cidade.
- Acho que me encaixo tanto quanto um alienígena que caiu por acidente na Terra. - respondi com sinceridade.
Robert Castro riu de minha resposta dramática e infeliz, e seu sorriso me fez pensar que eu provavelmente me encaixaria em qualquer lugar do mundo, onde pudesse ver sempre aquele sorriso glorioso.
Ficamos em silêncio por um momento, nossos olhos contemplando a paisagem em minha tela, e me pareceu tão natural não dizer nada ao lado dele naquele momento.
No quadro, a silhueta de uma araucária aparecia ao leste, dividindo espaço com um céu tingido de rosa pelos raios de um sol que começava a nascer, o rio corria tranquilo, alguns pássaros cortavam o céu, e ao longe, um cavalo de cores misturas trotava livre no descampado.
Era reconfortante ter aquela paisagem imutável, sempre alí, para quando eu sentisse saudades.
- O lugar onde você mora é assim? - sibilou Robert, sem tirar os olhos da tela.
- O lugar onde eu morava você quer dizer? - corrigi, também encarando o quadro.
Ele sorriu e concordou com um aceno.
- Sim, o lugar de onde venho é exatamente assim! - respondi com um suspiro. 
Então ele se virou para encarar meu rosto, e eu perdi todos os sentidos diante daquele olhar.
Eu estava tremendo e minha respiração se igualada a de um alpinista escalando o monte Everest. Era constrangedor demais perceber o papel ridículo que eu estava fazendo. E mais constragedor saber que isso era irritante para ele.
"Que droga, Ísi, será que não dá pra parar de tremer?"
Com muito esforço, consegui desviar os olhos para o chão, e respirei fundo, quase aliviada por me ver livre daquela pressão.
- Quer beber alguma coisa? - perguntei, andando em direção a porta.
Ele me seguiu, mas parou na metade do corredor, me fazendo parar também.
- Este é seu quarto? - perguntou, e antes que eu pudesse responder ele já estava lá dentro, mexendo nas minhas coisas. - "As Walkírias" - leu, pegando o livro sobre a escrivaninha - É um livro interessante, gosto da forma como o autor relata sua busca pela face de seu anjo da guarda! - os olhos de Robert brilharam para a capa do livro.
Era uma edição de bolso, com texto completo. Na capa, um anjo caminhava, ou flutuava, pelo deserto. Tinha lindas asas e segurava uma espada na mão direita. Seu rosto era sereno, e um manto branco-azulado caía-lhe até os pés. Era uma bela capa, eu gostava dela. Gostava também da história. Alguém que conseguiu ver a face oculta de seu anjo da guarda? Nossa, isso parecia fascinante.
- Gosta de Paulo Coelho? - perguntei curiosa.
Robert abandonou o livro distraidamente, e correu os olhos pelo restante do quarto.
- É, já li alguns de seus livros! - disse dando de ombros - Gosta de lilás? - perguntou, apontando para uma das paredes.
Suspirei com um aceno de cabeça. Ainda não conseguia saber se achava o máximo ele estar no meu quarto, ou se ficava constrangida e desesperada. Foi tudo junto no final.
Acho que Robert percebeu meu desconforto, porque, depois de dar uma última checada rapida pelo cômodo, caminhou em direção ao corredor.
Desse vez eu o segui.
- Suco, Coca, ou água? - sugeri, quando chegamos a cozinha.
Robert sentou-se em um dos três banquinhos de madeira da bancada, e pensou por um segundo. Parecia realmente em dúvida, como se tivesse diante de si uma decisão crucial a ser tomada. Isso foi estranho.
- Não sei! - respondeu por fim, meio relutante - O que você vai tomar?
Abri a geladeira e analisei rapidamente as opções. Depois, peguei uma delas, fechei a geladeira e coloquei minha escolha sobre a bancada.
- Coca! - anunciei como quem diz "surpresa", me arrepemdendo imediatamente do meu entusiasmo infantil.
Robert disse que tomaria a mesma coisa, então enchi dois copos e me sentei de frente para ele.
- Isso é tão bom! - exclamou, após o primeiro gole.
Achei engraçada a forma como ele falou, mas eu concordava, porque não haveria nada melhor que um copo de Coca para acabar com aquele calor insuportável.
- Celina parece ser uma excelente professora, você não acha? - ele estava brincando com a borda do copo.
- É, parece! - respondi, evasiva demais, tentando não olhar muito para o rosto dele.
- E o trabalho que ela nos passou, acho que será bem interessante.
- Também acho, quero dizer, pesquisar sobre um livro e seu autor... é um trabalho bem... interessante...
- Não acredito que este seja o motivo principal para Celina ter nos passado o trabalho.
- Ah... não? - senti meu sangue pulsar nas têmporas.
- Não. Tenho a leve sensação de que, no fundo, o objetivo maior seja que pesquisemos uns aos outros, para que nos conheçamos melhor, entende? - sua voz era centrada, quase reflexiva.
- Acha mesmo que este possa ser o verdadeiro intuito dela? - indaguei debilmente!
Ele ergueu as sobrancelhas, e confirmou com um gesto de cabeça. Depois deu mais um gole em sua Coca antes de voltar a falar.
- Bom, acho que comecei bem minha pesquisa! - disse quase num sussurro.
Fiquei perdida.
- O que quer dizer?
- Hummm, vamos ver... - ele me olhou, fingindo que me analisava, achei lindo isso - Sei onde você mora, sei que está sempre com um garoto, Marcos, é o nome dele, que age como se fosse seu segurança, ou sua babá - Marcos não agia assim. Ou será que agia? - Sei que geralmente frequenta a biblioteca depois do horário do almoço, e que se mudou para o Rio porque seus pais estão se divorciando. - Caramba, ele também sabia? - Ah, e mais uma coisa, sei que prefere Coca, a suco ou água!
- Nossa... - exclamei surpresa. Eu era o alvo de pesquisa mais fácil de ser pesquisado da história?
- Agora é sua vez! - disse ele, e parecia animado.
- Minha vez do que?
- De dizer a quantas anda sua pesquisa sobre mim. E aí, o que já descobriu?
Era sério, ele queria mesmo que eu fizesse aquilo?
- Hã... deixe-me ver...  Seu nome é Robert Castro e tem dezenove anos...
- Muito bom! - ele disse, me incentivando - O que mais?
- Sei que você dirige um jipe preto, e que estaciona sempre na mesma vaga, almoça sempre sozinho, e geralmente também vai à biblioteca após o almoço - era uma das razões para eu estar sempre por lá - Humm... sei que já leu Paulho Coelho, e que mora com os seus tios por causa do que aconteceu com seus pais...
"Caramba, eu não disse isso!"
- Ahh... Me desculpe, eu...
- Todo mundo sabe de tudo, não é? - ele não parecia chateado, ou com raiva, ou deprimido. - Continue! - aquilo era quase uma ordem.
- É... sei que não consegue se decidir entre Coca, suco ou água...
- Mais alguma coisa? - insistiu ele, com um ar de frustração no rosto, como se eu estivesse me esquecendo de mencionar o principal.
Refleti por um segundo. O que eu poderia ter me esquecido?
Não consegui descobrir.
- Acho que minha pesquisa foi só até aqui! - confessei.
A frustração desapareceu de seu rosto tão depressa quanto surgira. Robert bebeu o último gole de seu refrigerante e sorriu para mim, um meio sorriso encanatador e quase, quase malicioso.
- Acho que teremos que passar mais tempo juntos, se quisermos tirar uma boa nota neste trabalho. - sussurrou, mantendo o sorriso.
Eu também sorri, mas eu queria mesmo era gritar, ou sair dançando pela casa. Ah, Robert Castro acabara de dizer que queria passar mais tempo comigo? Tudo bem, não fora exatamente com estas palavras, mas e daí? O prazer daquela frase era inebriante. Me segurei para não começar a pular na frente dele, me concentrei em focalizar toda minha alegria mordendo o lado interno da bochecha, até sentir o gosto de sangue, mesmo sabendo que isso poderia me render uma afta mais tarde.
- Posso? - perguntou Robert de repente, apontando para o meu pulso sobre a mesa.
Estendi o braço pela bancada e ele tocou a plaquinha de prata em minha pulseira.
- "Carpe Diem". - leu em boz baixa - É uma bela inscrição, "Aproveite o dia".
Recolhi o braço de volta, e fiquei remexendo a plaquinha de um lado para o outro.
- É uma espécie de... pulseira da amizade. Minha melhor amiga e eu nascemos no mesmo dia, bom ela é quase dez horas oficialmente mais velha do que eu, mas isso não conta muito - reprimi um sorriso, ao me lembrar de Sara usando essas horas como argumento pra tudo.
Robert se manteve em silêncio, parecia interessado no que eu dizia.
- Desde que ela e eu nos conhecemos, aos cinco anos de idade, quando os pais dela se mudaram para Campos, comemoramos nossos aniversários juntas. Quando fizemos quatorze anos, fomos até uma joalheria perto de casa, compramos as pulseiras, pedimos para gravar a inscrição e depois demos de presente uma a outra, nunca mais as tiramos, desde então. Guardamos dinheiro por meses para fazermos isso. - eu estava sorrindo, mas meu coração doia de um jeito desconfortável.
- E por que "Carpe Diem"? - ele tinha no rosto aquele ar de verdadeira curiosidade.
Dei de ombros.
- Bom, como você disse "Aproveite o Dia", achamos bem apropriado para a ocasião. Aproveitaríamos o nosso dia.
Ele balançou a cabeça, concordando.
- E sua amiga, é aquela da foto no seu quarto? - ele era bem observador.
- Sim, ela mesma. Sara, a melhor amiga que uma pessoa pode ter no mundo inteiro! - suspirei - Este será o primeiro ano que não passeremos nosso aniversário juntas.
"Não, eu não posso começar a chorar."
- Campos do Jordão não fica tão longe, você pode viajar e passar seu aniversário em casa! - a sugestão dele quase me fez ter esperança, mas então me lembrei dos meus pais, e achei melhor encarar a realidade.
- Aqui é minha casa agora!
- Então, talvez sua amiga possa vir para o Rio! - sem chance, pensei, os pais de Sara jamais aceitariam a ideia de não passar o aniversário da única filha colados a ela.
- É, pode ser! - resmunguei, sem nenhuma esperança.
Duas batidas na porta da frente me tiraram de minha melancolia, antes que eu afundasse demais nela.
Corri para atender.
- O-o que faz aqui? - sussurrei, baixo o suficiente para que Robert não pudesse me ouvir.
Marcos estava parado na minha frente, com a maior cara de pau do mundo. E antes de responder minha pergunta, entrou como um foguete sala adentro.
- O que você quer? - eu podia sentir uma certa irritação me dominando.
- Vim saber se quer... ir ao supermercado comigo! - ele disse, sentando-se preguiçosamente no sofá.
Minha irritação aumentou.
- Não, Marcos, não quero ir ao supermercado com você. Aliás, não posso ir ao supermercado com você! - grunhi, entre dentes.
- Por que não?
Eu queria grudar no pescoço dele e enforcá-lo só um pouquinho,
- Porque, caso você não se lembre, o que acho muito difícil, tenho um trabalho está tarde.
- Ah é, Robert Castro virá aqui, não é? - ele estava sendo tão cínico.
- Não, - respondi secamente - Ele já está aqui! - confessei, apontando em direção a cozinha.
Os olhos de Marcos se estreitaram. E então ele se levantou.
- Aonde pensa que vai? - perguntei, indo atrás dele.
- Olá Robert, como vão as coisas? - ele disse ao entrar na cozinha.
Robert Castro encarou-me interrogativo, depois firmou os olhos no rosto de Marcos. Sua expressão era branda, quase serena, não fosse pelos olhos trovejantes. Senti um arrepio percorrer minha espinha, diante daquele olhar.
- Muito bem, Marcos, obrigado! - a maneira com que ele disse o nome do invasor, foi no mínimo acusadora - E você, como tem passado? - eles não parecia realmente preocupados em saber como o outro estava.
- Já estive melhor!
Sério, aquilo estava começando a ficar estranho.
- Hã... Marco, como pode ver, não posso te acompanhar. - eu disse, na esperança de que ele fosse embora logo.
Mas ele era impossível.
- Acho que seu amigo não vai se incomodar em te liberar. - ele estava encarando Robert enquanto falava.
- Talvez eu me incomode sim! - Robert sustentou o olhar, quase intimidador, de Marcos.
Eu precisava acabar com aquilo, seja lá o que era aquilo que estava acontecendo alí.
- Acho melhor você ir sozinho hoje, Marcos, quero dizer, eu tenho que fazer este trabalho!
O que eu podetia dizer para tirá-lo dalí sem ofendê-lo?
Marcos se virou para mim, os olhos suplicantes, parecia um filhote fofinho, que você não pode, nem tem coragem de resistir.
- Não gosto de fazer compras sozinho, Ísi!
Por que ele estava fazendo aquilo comigo?
- Marcos... eu...
Robert me interrompeu.
- Preciso ir! - anunciou calmamente, se colocando de pé - Tenho algumas coisas para resolver antes de ir pra casa...
- Não precisa sair por causa dele, quero dizer, nós ainda nem falamos sobre o trabalho... - minha voz parecia ansiosa demais, e me martirizei por isso.
Marcos me encarou curioso,
- Sobre o que estavam falando, então?
- Acho que isso não é muito da sua conta! - arremessei contra ele, que fechou a cara para mim,
- Eu realmente preciso ir!
Robert começou a caminhar para a sala, havia uma espécie de irritação unindo suas sobrancelhas. Jurei a min mesma que arrumaria qualquer desculpa para não ir com Marcos a lugar algum.
- Te vejo na escola! - mumurei, quando Robert abriu a porta e saiu, sem responder, sem ao menos olhar para trás.
Fiquei alí até vê-lo desaparecer pelas escadas, depois disparei como uma assassina com sede de vingança na direção de Marcos.
- O que veio fazer aqui? - meus dentes estavam trincados de raiva.
Marcos parecia tranquilo, satisfeito.
- Já disse, te chamar pra me...
- Não seja cínico - eu o interrompi - Eu te disse que Robert Castro passaria aqui, por isso você veio, não é?
Ele me encarou, de repente muito sério.
- E se for? - aquilo era uma confissão, e me surpreendeu.
Respirei fundo.
- Você sabe mesmo como ser ridículo!
Ele sorriu.
- Bom, deixemos de dramas, vamos?
- O que?
- Ao supermercado, preciso fazer compras, lembra?
- Não posso, tenho... umas pesquisas pra fazer!
- Tá bom, você pesquisa quando voltarmos! - ele disse, me tomando pelo braço e me tirando dalí.
Tentei manter o mau humor, enquanto Marcos procurava pelos itens escritos na lista de Suzana, mas era impossível ficar com raiva dele. Logo, minha cara fechada não durou muito tempo.

Depois do jantar, escrevi uma carta a Sara, contando sobre os últimos acontecimentos... Robert Castro... Não, não contei o que sentia por ele, apenas mencionei que não conseguia tirá-lo da minha cabeça.
Fui dormir mais cedo que o de costume.
E sonhei.
Eu estava em um jardim mal iluminado, árvores estendiam-se por todas as partes. Uma música agitada e baixa vinha de algum lugar perto dalí, e eu procurava por alguém, alguém que se escondia de mim. Eu o via, esgueirando-se entre as árvores... Um manto branco, flutuante, que sumia do meu campo de visão toda vez que eu tetava focalizá-lo melhor. Eu ouvia seu riso sinistro ecoando pela noite. O som aterrorizante de sua risada perturbava minha mente. Eu buscava seu rosto, mas... não... não conseguia vê-lo...
Acordei ofegante, sentando na cama.
Olhei as horas no meu celular, 03:00 da manhã.
- Foi apenas um pesadelo, Ísi! - confortei a mim mesma, voltando a me aninhar no travesseiro. Um pesadelo? Há anos eu não tinha um sonho diferente e agora, um pesadelo?
Bom, eu ainda perseguia alguém, ainda buscava um rosto, mas tudo estava diferente agora, a atmosfera deste sonho era completamente outra.
Fechei os olhos, o peito apertado com as lembranças do pesadelo, e, assim que a inconsciência me tomou, tive outro sonho.
Dessa vez, Robert Castro estava diante de mim, os olhos intensos, o rosto lindo, iluminado pelo sol. Eu podia ouvir o rio alí perto. Estávamos em silêncio, e permanecemos assim, um nos olhos do outro...
Até que acordei na manhã seguinte.

Capítulo longo kkkkk
Espero pelos comentários, pelas estrelinhas, e, acima de tudo, espero que estejam gostando!
Vocês são MESMO incríveis!
Bjs bjs!!!!

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