Para Agda Souza,
No seu aniversário.Robert manteve o olhar em meu rosto, parecia ainda um pouco relutante sobre me dizer o que estava prestes a me dizer. Esperei ansiosa, sem a mínima noção das revelações que me aguardavam.
__ Está bem, - disse ele por fim - deixe-me ver por onde começar... - ele pensou por um momento mínimo, e depois desandou a falar. - Certo, vocês, humanos, são formados por alma, espírito, mente e corpo. A alma humana é eterna, sagrada e perfeita; possui sensibilidade que é diretamente ligada a matéria. O espírito humano é uma "extensão" da própria alma, é a vontade e a inteligência da alma, e não possui ligação sensorial com a matéria. A mente humana é absolutamente imprevisível, criativa e ilimitada. E por fim, o corpo humano é insaciável, errôneo e cheio de necessidades. No instante em que uma alma, decide, através da inteligência do espírito, habitar um corpo na Terra, é
imediatamente conectada a um anjo da guarda, que será incumbido de protegê-la dos perigos do corpo e da mente, tanto dela mesma, quanto dos outros...
__ Espere, - interrompi - você disse "decide habitar um corpo na Terra", o que exatamente isso quer dizer? Uma alma pode decidir se quer, ou não, vir para este mundo?
__ Bom, na verdade, a primeira vez é involuntária, mas a partir daí ela só volta a este mundo se quiser. Ás vezes uma alma sente que deixou algo pendente neste plano, ou que ainda não aprendeu tudo sobre a vida, que não aprendeu a perdoar ou pedir perdão, que não soube usar seu dom interior, ou que não conheceu o verdadeiro significado da palavra amor, então ela simplesmente decide voltar para viver tais experiências.
__ Interessante. - murmurei, impressionada com a informação.
__ A alma decide voltar e pode escolher em que circunstâncias quer chegar a este mundo, de que forma quer viver para que aprenda o que não aprendeu na vida passada.
Pensei um segundo a respeito.
__ Está dizendo que uma pessoa que, por exemplo, nasceu com alguma síndrome ou deficiência física escolheu nascer assim?
__ Não, não é exatamente a pessoa que escolhe, mas sim a alma dela, corpo e mente não têm o poder de decisão e não se lembraram de tal escolha quando renascerem neste plano.
__ Entendi! - murmurei.
__ Quando uma alma decide voltar, deverá permanecer neste mundo por cem anos, para só então ter novamente o direito da escolha. - fiquei olhando para Robert, enquanto tentava entender o que ele estava me dizendo.
Ele deve ter percebido que eu estava meio confusa, pois começou a explicar de uma forma mais didática.
__ Por exemplo, uma alma que viveu noventa e nove anos dentro de um corpo, terá que renascer e viver por mais um ano em outro corpo, para só então poder partir para o outro plano e poder decidir se quer voltar a este mundo ou não. E isso se aplica a qualquer quantidade de tempo, anos, meses ou até um dia...
__ Por isso tantos bebês e crianças morrem?
__ Exatamente, esse é um dos motivos, suas almas já cumpriram seu tempo neste mundo e devem regressar...
__ Espera, - interrompi - mas... e as pessoas que vivem mais de cem anos? Uma vez vi uma reportagem sobre a mulher mais velha do mundo e ela tinha, sei lá, uns cento e dez anos. Como isso é possível?
__ A soma do tempo que uma alma permanece na terra pode perfeitamente
ultrapassar cem anos, com tanto que sejam consecutivos. Entretanto, essa regra não se aplica ao tempo de permanência de um anjo da guarda ao lado de uma alma protegida. Quando a alma cumpre seu tempo neste mundo e, por qualquer que seja o motivo, decide que quer voltar, ter mais cem anos para aprender o que ainda não aprendeu, outro anjo é designado para conectar-se a ela, e protegê-la até que esse tempo acabe. - Robert fez uma pausa breve, para que eu respirasse fundo, e depois voltou a falar. - Houve um tempo em que não havia nenhuma substituição. O mesmo anjo era encarregado de cuidar de determinada alma, não importava quantas vezes ela decidisse regressar. As coisas eram muito mais fáceis, pois, a convivência facilita tudo. Durante muito tempo as coisas funcionaram exatamente assim... Mas então... Tudo começou a mudar - completou, com voz distante.
__ A mudar em que sentido? - indaguei curiosa.
Ele reclinou-se para o lado, admirando a imensidão de árvores ao nosso redor. Mantive os olhos em seu rosto, porque não havia mais nada alí que eu desejasse admirar que não fosse seus olhos de anjo... Aquele rosto perfeito, que era um desenho exato da verdadeira beleza, cada traço, cada linha, cada mínimo pedacinho...
Ah, meu coração não encontrava posição para continuar batendo no peito, tamanho era o amor que pulsava dentro dele.
Um amor que eu não acreditava ser possível um coração sentir na vida real. Apenas nos
filmes que eu estava cansada de assistir, nos livros que eu amava ler ou nas musicas que mais ninguém da minha idade agüentaria ouvir. Todos os amores lidos, assistidos e cantados que eu conhecia pareciam pequenos perto do que eu sentia. Nem mesmo Werther amara Charllote,
nem mesmo Julieta amara seu Romeu, ou a própria Afrodite, deusa do amor, seria capaz de sentir o que eu sentia por Robert.
Ele continuava fitando a floresta da Tijuca, e quando voltou a falar sua voz era centrada.
__ Não sou o tipo de anjo que você imagina. Completamente celestial, sem nenhuma chance de cometer qualquer tipo de erro. Não. Eu... não sou... perfeito.
__ Como pode não ser perfeito? - retorqui pasma. - Você é um anjo!
__ Os anjos da guarda são os anjos mais imperfeitos que existem. Abaixo de nós, neste quesito, estão apenas, vocês, os humanos.
__ Então... por que são designados a cuidarem de nossas almas sendo seres errantes? Já não basta a nossa própria imperfeição?
Ele riu e virou o rosto para me encarar. Seus olhos estavam intensos.
__ É que nem sempre fomos assim, imperfeitos. - sussurrou, e voltou a ficar em silencio.
__ Continue! - pedi, ansiosa por mais.
Robert respirou fundo antes de prosseguir. Havia certo tipo de dor em seu rosto.
__ Há algum tempo, alguns anjos da guarda começaram a ter sentimentos, até então,
totalmente desconhecidos para nossa natureza.
__ Como assim?
__ O excesso de contato com sua alma protegida os fazia sentir exatamente a emoção predominante naquele coração. Alguns começaram a sentir medo, outros solidão, paixão, inveja, acredite, até o ódio alguns de nós chegaram a conhecer. Isso já seria um grande problema, se o sentimento
que cada anjo alimentasse fosse na mesma proporção do sentimento de sua alma protegida.
__ Na mesma proporção? - por que eu não conseguia fazer perguntas mais inteligentes do que apenas a repetição de frases que eu não entendia?
__ Não fomos feitos para esses tipos de sentimentos, Ísi. Não fomos feitos para o medo, dúvidas, raiva, nem mesmo para o amor, quero dizer... não esse tipo de amor que os humanos sentem. Fomos feitos para um amor totalmente diferente, mais puro, mais solidário, mais perto da compaixão do que da paixão. Não temos uma estrutura sólida para suportar essas sensações como vocês. Somos muito mais sensíveis e vulneráveis aos sentimentos humanos do que pode imaginar... Por isso as coisas ficaram meio difíceis no meu mundo, pois começamos a experimentar essas emoções com o triplo de intensidade que vocês. Se uma alma sentia algum tipo de medo, seu anjo da guardava, involuntariamente, sentia o mesmo medo triplicado; se uma alma sentia raiva de alguém, seu anjo da guarda sentia a mesma raiva três vezes mais; se uma alma estava apaixonada, seu anjo da guarda alimentava a mesma paixão com muito mais intensidade.
Ele continuou:
__ Alguns problemas começaram a surgir por causa destes novos sentimentos. Anjos
enlouquecidos, literalmente enlouquecidos. Sofrendo, apavorados, e sem nenhuma
possibilidade de proteger qualquer alma que fosse. Um verdadeiro caos, foram tempos bem difíceis. Por isso foi criada uma lei para nos proteger... - Robert sorriu com um tipo de amargura debochada - a "Lei dos Cem Anos". Para nossa própria segurança, ficou estabelecido que cada anjo permaneceria apenas cem anos ao lado de uma alma, nenhum dia a mais depois disso.
__ Então... um dia você será... o anjo da guarda de outra pessoa? - murmurei, quase enjoada com a possibilidade.
__ Nunca serei de mais ninguém além de você! - ele me encarou e sua voz era um sussurro, uma promessa.
__ Mas... e quando nosso tempo acabar, quero dizer...? - era doloroso demais pensar naquilo. Que um dia ele protegeria uma alma que não seria a minha.
__ Nosso tempo já acabou, Ísi, e continuo sendo só seu! - minha cabeça não conseguia
entender com clareza suas palavras.
__ Há quanto tempo essa Lei foi criada?
__ Cento e dezesseis anos e meio, para ser bem específico.
__ Isso quer dizer...
__ Que nosso tempo acabou há dezesseis anos e meio. - completou ele, interrompendo-me. - Quando a Lei foi decretada tivemos um prazo de cem anos para nos acostumarmos com a ideia da separação, e nos despedirmos de nossa alma protegida, mas... como eu poderia aceitar a ideia de me separar de você? - os olhos de Robert arderam para mim. - Quase cheguei a desejar que você escolhesse não voltar para este mundo, porque eu sabia que se voltasse eu
não ia poder me separar de você.
__ Mas eu voltei.
__ Sim, voltou.
__ E acha que... fiz mal?
__ Ísi, me arrependo de cada segundo que desejei o contrário. - havia vida naquelas palavras.
Minha vida.
__ Desde o início, quando sua alma veio para este mundo, eu sou seu anjo da guarda. Fui
criado especialmente para você. Protejo sua alma há tanto tempo que nem acreditaria o
quanto. - ele sorriu para mim - Quando você nasceu para mim, pela primeira vez, fiquei
fascinado com a pureza, a magia, o mistério e a beleza que irradiavam em sua alma. Não faz ideia do quanto é especial!
Não consegui processar o comentário, aquilo não fazia muito sentido para mim, mas achei que não era hora para discutir o assunto, havia outras coisas para se discutir naquele
momento.
__ Se estamos juntos há tanto tempo, isso quer dizer que você pode sentir o que sinto, não é? - perguntei, lembrando-me do que ele dissera a pouco sobre o excesso de contato com a alma protegida.
__ Com o triplo de intensidade! - foi a resposta dele.
Algumas coisas faziam mais sentido agora como, por exemplo, o porquê Robert sempre parecia saber exatamente como eu me sentia.
__ E sempre foi assim para mim. - comentou ele, meio distante.
__ Sempre?
__ Sim, desde o primeiro segundo em que me conectei a você passei a sentir o que você sentia. Eu não sabia que não era da
mesma forma para os outros, acreditava que sentir suas emoções fazia parte do ofício - Robert sorriu em silêncio. - Só descobri que não devia ser assim quando a Lei foi decretada.
__ Me desculpe, ás vezes tenho um raciocínio meio lento demais pra assimilar as coisas -
resmunguei quase para mim mesma - Se nosso tempo já acabou... eu não devia ter outro anjo da guarda agora? E você não está violando a lei de... Deus, por continuar comigo? - minha cabeça girava tentando entender tudo.
__ Sim, você deveria ter outro anjo da guarda agora. - seu rosto se contraiu quando repetiu minhas palavras, mas se suavizou em seguida. - E quando foi que eu disse que Deus decretou a Lei dos Cem Anos? - havia um quase sorriso em seus lábios.
__ Se não foi Deus, então... quem foi?
__ Preste atenção, para cada casta de anjos existe um tipo de liderança que responde por eles. Estes líderes são anjos perfeitos, sem nenhum tipo de contato com os humanos. São eles quem decidem o que é melhor para cada legião. - forcei minha melhor cara de quem está entendendo tudo, mesmo estando um pouco confusa com aquilo.
Robert continuou. Falava devagar o suficiente pra que eu pudesse acompanhar suas palavras.
__ Asbel, Ogue e Ozni. Formam a Tríade, a liderança da minha categoria de anjo, se é que me entende? - assenti uma vez com a cabeça. As coisas estavam ficando mais claras para mim.
__ Então essa... Tríade decidiu que os anjos da guarda deveriam proteger nossas almas pelo tempo de cem anos apenas? - era mais uma conclusão que uma pergunta na verdade.
__ Sim, a Tríade praticamente impôs esta lei. Mas não sou obrigado a cumpri-la! - garantiu.
__ Não? - minha pergunta era cheia de curiosidade.
__ Não. Porque Deus, em sua infinita misericórdia, concedeu a nós, os anjos da guarda, algo que até então havia concedido apenas aos humanos.
__ O quê?
__ Livre-arbítrio. Ele sabia que, apesar de sermos ainda seres celestiais, começava a nascer em nós uma vontade que nenhum outro anjo jamais tivera.
__ Que seria...?
__ A vontade de saber como era ser um... humano. Deus nos permitiu fazer escolhas, não há nada mais humano do que o poder de escolher, mas sabemos que toda escolha tem uma conseqüência. E não estou muito certo de que minha escolha de ficar com você pra sempre se enquadre em meu limite de livre arbítrio... Talvez sim. Mas Ogue não concorda com minha decisão. Diz que o que fiz criou grandes problemas para o nosso mundo.
__ Que tipo de problemas?
__ Bom, tente ver a situação como um jogo de andar casas. Todas as casas têm uma peça dentro, os humanos são as casas, os anjos são as peças.
Fiquei imaginando um grande tabuleiro com quadradinhos enfileirados e várias pecinhas espalhadas, cada uma ocupando seu lugar.
Robert continuou.
__ Toda peça deve dar um passo à frente quando o dado é jogado.
__ No caso, quando se passam os cem anos? - perguntei apenas por garantia. Rob assentiu.
__ Exatamente, essa é a lógica da Lei; a única regra e por isso mesmo a mais importante.
Todos precisam dar um passo à frente e mudar de casa. Assim nenhuma casa fica vazia ou com dois ocupantes.
__ E você não andou... - concluí. - Continuou na mesma casa, mesmo depois de terem
jogado o dado! - afirmei, entendendo sua lógica.
__ Isso mesmo! - confirmou.
__ Então uma casa ficou vazia?
__ Não. Nenhuma casa, nunca, jamais, pode ficar vazia. - assegurou sério demais. - A
Tríade deu um jeito de colocar alguém em meu lugar, na casa que eu não quis ocupar. Foi uma verdadeira confusão, muitas
peças tiveram que mudar seus lugares por minha causa.
__ Por nossa causa! - corrigi. Robert encarou-me em silêncio e milhões de pensamentos
passavam em seus olhos.
Ele sorriu e concordou.
__ Felizmente Asbel e Ozni são muito... condescendentes com relação aos meus sentimentos por você, mas Ogue ainda está furioso pela desordem que causei.
__ E ele pode fazer alguma coisa... contra você, por isso? - perguntei, o medo me tomando voz.
__ Ele não faria isso! - disse Rob, meio pensativo. - Na verdade, não sou o único a não cumprir a Lei. - ele me lançou um risinho breve. - Talvez, muito provavelmente, o único a permanecer ao lado da mesma alma, mas alguns anjos, não aceitando a ideia de terem que se separar de suas almas protegidas e a cada cem anos conhecer uma alma diferente, rebelaram-se e escolheram não proteger alma nenhuma.
__ O quê? - aquilo me soava como alguma piada infeliz. Anjos da guarda em... greve?
__ Eles formam a Legião dos Autoexilados. Simplesmente vagam pelo mundo sem nenhum motivo ou razão específicos, e assim continuaram eternamente. Vagam absorvendo tudo o que podem sobre a alma humana. São extremamente inteligentes e bem informados neste assunto, buscam uma forma de aprender a controlar os sentimentos humanos de modo que também
possamos senti-los mais facilmente, sem tanta... intensidade - ele parecia incluir-se neste desejo. - Os Autoexilados alimentam uma fixação incomum e pouco saudável pela alma humana, o que algumas vezes pode torná-los nocivos demais.
Eu o encarei em silêncio, tentando ir a fundo no significado da palavra nocivo. Não consegui.
__ Lembra-se da garçonete no karaokê aquele dia? - perguntou Robert, me encarando.
__ Rita? - é claro que eu me lembrava da garota que havia me tratado tão rudemente.
__ Sim, Rita. Bom, ela é, na verdade, uma Autoexilada. E estava lá apenas para ver com os próprios olhos como me comporto diante de você! É meio difícil para um anjo, Autoexilado ou não, entender como consigo suportar tão bem suas emoções. Eu mesmo não entendo. Teoricamente eu já devia ter... enlouquecido por estar a tanto tempo convivendo com o que você sente. Mas só consigo pensar que enlouqueceria se tivesse me separado de você - Robert levantou os olhos para me encarar mais uma vez, e tive dificuldades pra conseguir falar.
__ O casal no parque aquela tarde...? - perguntei, lembrando-me exatamente do olhar da garota bonita e do cara que estava com ela. Não eram olhares comuns.
__ Acho que mentiu quando disse que tinha um raciocínio lento. - observou Robert.
__ Autoexilados curiosos? - indaguei já sabendo sua resposta.
__ Sim. Eles estão por toda parte. - confidenciou.
__ Nossa! Com certeza precisarei de um tempinho pra aceitar tudo o que está me dizendo - comentei abanando a cabeça, depois de um momento em silêncio digerindo nossa conversa nada comum. Então me lembrei de que havia algo muito importante a ser esclarecido, e que Robert ainda não havia respondido minha primeira pergunta.
__ Certo, você já me explicou um bocado de coisas, mas ainda não entendi o porquê não pode mais me tocar!
Robert ficou sério de repente.
__ Lembra-se do seu último sonho? - perguntou, erguendo sugestivamente uma sobrancelha.
É claro que eu me lembrava. Como não lembraria?
__ O que tem ele? - ofeguei.
__ Talvez eu tenha passado um pouquinho dos limites. - sibilou, a expressão sugestiva ainda no rosto - E agora estou sendo punido por isso.
__ Está falando... do beijo? - eu mal consegui respirar, ao me lembrar daquele momento.
Ele concordou com a cabeça.
__ Sim, estou falando do beijo! - ele tinha os olhos presos em meu rosto agora, como se nada mais no mundo importasse. Minhas pernas começaram a tremer de um jeito quase ridículo, e eu realmente pensei que, se ele continuasse me olhando daquela maneira, eu desmaiaria.
Respirei fundo, e tentei me manter sã o suficiente para continuar a conversa.
__ Foi bom você ter tocado neste assunto de sonho outra vez - falei, evitando os olhos dele, descaradamente. - Você disse que essa é uma maneira que os anjos têm de se comunicar com os humanos. Como isso funciona? Você... pode entrar em meus sonhos?
__ Tecnicamente, sim...
__ Então quero sonhar com você todas as noites! - pedi com urgência, voltando a me perder naquela tempestade em primavera. O vislumbre de um sorriso ergueu o canto dos lábios dele. Corei ao perceber o quanto minha voz havia soado desesperada.
__ Não posso interferir diretamente em seus sonhos, Ísi. - explicou. - Não posso te induzir a sonhar com algo que já não esteja lá, em sua mente, a menos que seja para salvar sua vida.
__ Então, todas as vezes que sonhei com você... não foi você quem me induziu a isso?
__ Não, mas eu estava lá... em sua mente. Então, de certa forma, estávamos realmente juntos. - seus olhos mergulhavam cada vez mais profundo nos meus, deixando-me ridiculamente tonta.
__ Então, não eram apenas sonhos? - murmurei.
__ Não!
__ Mas também não eram reais. - insisti.
__ Não! - havia um brilho muito particular em seus olhos.
__ Isso é o que eu chamo de paradoxo metafísico. - arfei, sem conseguir entender a situação.
__ E dos bons! - completou Robert concordando.
Respirei fundo tentando não perder o único fio que me prendia em alguma coerência.
__ Certo, quando você me beijou aquela noite, foi mais sonho ou mais realidade? - minha voz era ansiosa.
Seus olhos de repente fitaram meus lábios com desejo, como se recordassem aquele momento glorioso.
__ Mais realidade! - revelou ele, com satisfação.Aeeeee, finalmente atualizei, neah? Kkkkk
E então, Roberzets (nossa, que termo horrível), o que estão achando das revelações bombásticas do anjo da guarda mais perfeito do mundo?
Coitada da Ísi, vai entrar em pane com tanta informação.Por favor, comentem, votem, se possível, indiquem aos amigos.
Para quem ainda não faz parte do nosso grupo no whatsapp, e quer entrar, só mandar o número in box, ok?
Bjs bjs, e até mais!Obs: todas, absolutamente todas, as informações contidas neste capítulo (e nos próximos), são, total e puramente, fruto de ficção, o que significa que não pretendem carregar nenhuma "verdade" ou teoria religiosa em si. Também não pretendem condizer com qualquer outra teoria, já existente, sobre anjos.
São baseadas em pesquisas de fontes diversas, e adaptadas, segundo a minha imaginação, para o livro.
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Intrínseco
Fantasy"Será mesmo possível alguém se apaixonar pelo seu próprio anjo da guarda? Acredito que sim, pois eu estava, irreversivelmente, apaixonada pelo meu. E por mais bizarro e absurdo que pudesse parecer, por um milagre, ele também estava apaixonado por mi...