16. O Beijo (II parte)

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__Você não vai ficar com ele. Robert me pertence e nada vai mudar isso! - disse Beatriz, ainda me segurando pelo braço.
- Do que está falando? - como eu conseguia ser tão cínica?
- Não pense que porque somos amigas não farei com você o que faria com qualquer outra que tentasse tirá-lo de mim. - ela encarava-me de frente. - Aliás, acho que justamente pelo fato de sermos amigas e de você saber o que sinto, você mereceria uma punição muito maior... caso tentasse afastá-lo de mim.
Ela falava com precisão, como se estivesse elaborando que tipo de punição seria mais
adequada para uma traidora do meu nível.
- Você me fez uma promessa, Heloísi. E espero que ainda esteja disposta a cumpri-la! - seus olhos me induziam a dizer as palavras erradas.
- Estou! - murmurei com arrependimento. Como eu era fraca. Por que não lhe contava de uma vez toda a verdade? O que de tão horrível ela poderia me fazer se descobrisse que eu também era desesperadamente apaixonada por Robert?
Covardemente, preferi continuar escondendo tudo. Tive medo de fazê-la sofrer ainda mais.
Beatriz soltou meu braço e saiu do banheiro prometendo que tomaria conta de todos os meus passos.
Fui para o ginásio com a convicção de que ela era uma pessoa extremamente obsessiva. Beatriz seria capaz de muita coisa, e ter certeza disso era assustador.
Na saída, ela ficou encarando-me consternadamente, enquanto eu andava ao lado de Robert até o carro dele.
Senti-me muito mal, como se eu fosse algum tipo de criminosa. Mas eu sabia que não podia culpá-la, ela o amava, talvez não tanto quanto eu, mas ainda assim era amor. Só podia ser.
O caminho de volta foi tenso, cheio de um silencio preocupado. Eu não sabia em que Robert devia estar pensando enquanto dirigia, não tive ânimo para tentar conversar, dessa vez o silencio me pareceu a melhor opção, eu só queria poder ficar na minha e tentar entender porquê as decisões mais simples são sempre as mais importantes.
"É você dizer tudo a ela", "Não posso" "Por que o?" "Não tenho coragem" "Então você
não quer, é diferente" "Você não entende, o é o simples quanto parece" "É sim, é você chegar nela e dizer que também está afim do cara, se ela quiser sofrer, que sofra" "Beatriz não merece isso, apesar de tudo, ela é uma pessoa legal" "Você também é uma pessoa legal, nem por isso vejo as pessoas tentando te poupar de qualquer sofrimento. A começar pelos seus pais, que não te pouparam na hora de te descartar como um monte de nada" "Por que sempre tem que falar dos meus pais?
Suspirei, derrotada, invadida por toda tristeza que eu vinha tentando evitar.
- Está tudo bem? - perguntou Robert, parando o jipe em frente ao meu prédio.
Balancei a cabeça, sem coragem para falar e ser traída por minha própria voz.
- Então que carinha é essa? - Robert me olhava cauteloso e cheio de preocupação.
Ah, o que eu devia fazer? Mentir e dizer "não é nada", ou dizer a verdade, falar que nada estava bem porque eu e minha amiga estávamos apaixonadas pelo mesmo garoto que, coincidentemente, era ele?
- Não é nada. - falei, sem conseguir ser muito convincente.
- Tem certeza? Não quer me contar o que está havendo? - insistiu.
Fechei os olhos e encostei confortavelmente a cabeça no encosto do banco. Foi só um
segundo até que as primeiras lágrimas começassem a brotar.
"Você é fraca demais", "Eu sei".
- Está chorando? - A voz de Robert era um alarme. Continuei quieta, os olhos ainda
fechados. - Ísi, por favor, me diz o que está havendo? - abri os olhos e encontrei a expressão mais preocupada que já vi em um rosto.
- Eu... estou bem, - murmurei, secando os olhos em minha blusa e tentando sorrir. - É sério!
- Você não parece bem! - observou ele, inclinando-se para mim no carro.
O que aconteceu em seguida foi algo quase que impossível de ser narrado. Acho que não sou capaz de dizer exatamente o que aconteceu, porque não sei de verdade o que aconteceu. Posso apenas dizer que foi a sensação mais estranha, dolorida, e... espantosa que já senti em minha vida.

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