Capítulo 5

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ELENA GARCIA

Depois do almoço, saio e vou dar uma volta no jardim de trás da casa, perto da piscina. Tem plantas lindas, tudo bem cuidado. Deito na grama e sinto uma paz. Trabalhar em um restaurante não é muito calmo. Foi uma ótima escolha. Tenho a sensação de estar sendo observada;Depois do almoço, saio e vou

Faço uma torta cremosa de frango, mousse de abacaxi, simples e rápida.

— O cheiro tá ótimo — Dona Maria diz, entrando na cozinha.

—A senhora que conhece ele, como ele é grandão, uma simples torta não é pouco? — pergunto. Ela ri, negando.

Não, ele come pouco à noite — concordo.

Fiz duas,essa é dele, a menor. A maior é nossa e dos seguranças — ela concorda.

—Você é uma moça que pensa em todos, geralmente, as outras não eram assim — posso imaginar.

—Ele só come em casa, não sai? — pergunto

Eu sei que se eu não contar, você vai perguntar até descobrir. Ele tá assim faz quatro anos._

Quatro anos? — pergunto, incrédula.

—Sim, eu trabalhava para os pais dele, um casal muito amoroso. Ele é filho único. Há cinco anos, aconteceu uma tragédia: os pais dele morreram em um acidente de helicóptero. Ele sofreu muito sozinho. Ele tentou, por um ano, conviver em sociedade na empresa. Ele tinha uma noiva, mas não conseguiu seguir na relação, terminou e veio morar aqui sozinho. Desde aquele dia, não sai de casa - ela diz.

—Eu posso imaginar a dor que ele sentiu—digo

—Ele desenvolveu ansiedade, depressão e várias outras coisas—Meu Deus!

—Ele ainda está com depressão?—

—Ele fez tratamento; acho que ele superou a depressão, mas o pior é que ele não sai de casa - Concordo

—Ele não tem amigos, vive aqui sozinho e recebe somente pessoas da empresa relacionadas a negócios— Que triste viver assim.

—Ele não costuma sair nem na propriedade? _ Ela nega.

—Não, tudo que ele quer ou compra pela internet, ou Christopher busca—Quanta tristeza.

—Por favor, não diz nada sobre o que lhe falei _ela pede

—Tudo bem! Dona Maria _ela sorri.

Levamos o jantar para a sala, deixamos tudo arrumado, só à espera dele chegar. Ouço passos, olho e o vejo chegando, alto, muito alto. Ele está de calça de moletom e camisa branca, totalmente diferente de mais cedo. Seus músculos apertam a camisa. Ele senta e vejo as veias dos seus braços enormes.

—O que fez? —pergunta Travo.

—Ééé... —engulo seco, seu olhar é duro.

—Salada, uma torta de frango cremosa —falo rápido na esperança de não errar nenhuma palavra.

—Pode ir, Elena, eu sirvo _Dona Maria fala, agradeço saindo.

—Volte e me sirva! _ouço ele dizer.paro no meio da saída

Volto meia trêmula ao servi-lo, nem sei como não derrubei tudo na mesa, porque eu fico assim com ele, tudo é tão intenso. Percebo que ele come bem, aliás, quatro pedaços e muito bem, depois, a sobremesa. Por fim, sai da sala sem dizer nada.

—Nem um "obrigado" — sussurro, vendo-o sair.

—Relaxa, Elena, ele é assim mesmo—Ela diz,sorrindo em seguida

Lena, dona Maria pode me chamar de Lena_ digo enquanto pego a louça.

—Tá bom, Lena—

Levamos tudo para a cozinha. Dona Maria manda um segurança vir buscar a torta; só depois jantamos.

—Menina, tá divino— Dona Maria elogia.

—Obrigado, aprendi tudo com meus pais; eles têm um restaurante no Brasil—falo, lembrando deles.

—Pois teve ótimos professores— diz, voltando a comer.

—Dona Maria, qual é o nome do patrão?— pergunto curiosa.

—Anthony Peterson—

—Lindo nome— igual ao dono,penso.

—Sim, é verdade, a família dele é milionária. Após a morte, tudo ficou para ele. Então, ele é bonito e rico—falta apenas ser feliz.

Depois do jantar, limpo tudo e converso um pouco com a dona Maria. Vamos dormir. Tomo um banho, escovo meus dentes e deito, repondo algumas mensagens antes de dormir.

No dia seguinte, acordo bem cedo. Visto uma roupa de academia, pois preciso me movimentar e caminhar, que é minha atividade preferida. Coloco um tênis e vou até o portão da propriedade. Voltando em seguida, vejo alguns seguranças, mas continuo e faço várias voltas. Depois de mais de meia hora, volto para casa, tomo banho, visto meu uniforme e vou fazer o café.

A dona Maria chega,já preparei o café e espero apenas o bolo ficar pronto. Arrumamos a mesa com bolo, pão de queijo, omelete e frutas, deixando tudo bem bonito. Espero a chegada dele, que não demora.

Bom dia _diz, sentando. Seu perfume chega às minhas narinas; hoje ele está perfeito em um terno azul escuro, quase preto. Respondemos ao seu bom dia. Não consigo deixar de olhar para ele. Sirvo seu café e o omelete, e vejo ele pegando um pão de queijo.

—Bolo?_pergunto. Ele concorda. Corto uma fatia, ele come e ainda pega o pão de queijo, sorrio contente.

—Pode usar a academia se quiser— _diz, sem olhar para mim.

—Não precisa, senhor— seu olhar é duro.

—Não é seguro caminhar tão cedo por aí_Engulo em seco, como ele viu minha caminhada?

Ele volta a comer em silêncio. Não demora, ele termina e sai. Arrumamos tudo e vamos tomar nosso café. Mando bolo para os seguranças também.

—Ele gostou de você, ofereceu a academia dele— _Saio dos meus devaneios

—Acho que não irei. Imagina, seria demais—Falo.

—Elena, não seja boba. Vai sim—

—Não tenho muita certeza de que farei isso. Não quero cruzar com ele por lá—Bem capaz de eu ir e, de tanto olhar, escorregar na minha baba e cair—Sorrio sozinha.

O milionário Recluso Onde histórias criam vida. Descubra agora