CARLOS WEST
Ao longo dos dias, Mariana continua simplesmente me ignorando. Só conversamos sobre algo relacionado à empresa e, no evento, a mesma coisa. Quatro dias assim. Hoje saí, pois durante o dia não há evento, só à noite. Até pensei em chamá-la para um passeio, o tempo aqui está ótimo. Porém, ela não respondeu nem ao meu bom dia. Isso é desmotivante. Já quase cinco horas da tarde, voltei ao hotel.
Quando entrei no quarto, ouvi vozes animadas. Tem uma entre sala com uma mesa e dois sofás, no centro dos sofás, uma mesa de centro. Ela estava no sofá menor, eu durmo no maior. Ela sorria animada com alguém. De relance, identifiquei que era uma chamada de vídeo com um homem. Ela falava em sua língua natal, ou seja, português. Não sei falar português.
Passei por ela e fui tomar um banho. Não sei por que ela mudou comigo. Pensei que estávamos bem. Queria pelo menos sua amizade, seria muito bom. Ela é tão amigável com todos. Por que comigo está assim? Eu não entendo.
Voltei do bando, com a toalha na cintura. Ela estava na cama, sentada, e seu olhar percorreu meu corpo. Desviei o olhar e fui até um pequeno closet que fica no ambiente, vesti uma roupa confortável, pois o evento é às 7 horas da noite: uma calça de moletom e uma camisa preta, além do perfume que eu mais gosto. Saí em direção à sala,ela ainda estava na cama. Pedi um lanche para nós dois, vi que ela não pediu, e sentei no sofá revisando alguns documentos.
O lanche chegou, agradeci ao funcionário e lhe dei uma gorjeta, saindo em seguida.
Fui até a porta do quarto e vi que ela mexia em seu notebook. Dei uma tosse falsa, só na intenção de chamar sua atenção. Ela levantou o olhar.
—Eu pedi um lanche, então você quer?_ perguntei, sem saber muito bem como me dirigir a ela
—Tudo bem, eu só vou terminar esse e-mail e já vou _ Ela disse, concordei, saindo em seguida.
Sentei no sofá. O lanche que o funcionário colocou na mesa de centro da sala tinha frutas, café, queijos e alguns tipos de pães, geleia de frutas e suco. Esperei por ela, não me sinto bem em comer primeiro e deixá-la comer sozinha.
Não demora, ela vem e senta no chão, em um tapete branco, normal, apenas com alguns desenhos que mudam sua aparência. Diria que é indiano pela geometria dos desenhos.
—Não é igual à comida brasileira, mas é boa _ Tento falar, quebrando o silêncio do ambiente
—Você gosta da culinária brasileira? _ Ela pergunta, enquanto corta um pão e põe geleia
—Sim, a Elena me apresentou à comida brasileira. Devo admitir que foi a melhor que já provei. Vou sempre que posso na casa dela e do Anthony, pois as comidas de lá são maravilhosas _ Ela dá um meio sorriso.
—A Elena é maravilhosa na cozinha, então você está certo_ Ela diz, em seguida dá uma mordida no pão
Voltamos ao silêncio que não gosto. Queria conversar com ela, mas tenho medo.Eu queria dizer o que sinto ou dizer algo, sempre tive facilidade com as mulheres, mas com ela tudo é tão difícil.
—Hoje é às 7, né? Então vai ser só o evento - ela diz
—Sim, hoje é simples, é só ir , tirar algumas fotos e ir ao coquetel do evento. Geralmente, lá revemos e conhecemos vários empresários, assim vendemos e levamos nossa marca para todo o mundo - tento explicar.
—Não me parece ser simples. Você que faz ser simples. Já estou nervosa - diz, comendo uvas
—Você se saiu bem nos outros dias, então é só fazer o mesmo. Se eles perguntar dos produtos, é só ter calma e falar o que você aprendeu - ela dá meio sorriso e nega.
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O milionário Recluso
RomanceQuando dois mundos se encontram... Ele vive em uma completa solidão, cheio de traumas; sozinho, vive aprisionado em seus pensamentos, no seu passado de dor e sofrimento. Ela, apesar de ser muito amada e rodeada de amigos e família, se sente sozi...