Capítulo 7

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ELENA GARCIA

Dona Maria ficou muito feliz por ele ter me contratado. Conversamos um pouco, depois fui deitar. Tentei ler um livro no Kindle, mas queria ar livre. Apesar de ser muito medrosa, peguei uma manta, meu celular, meu Kindle e saí em direção ao jardim. Perto da piscina, sentei em uma das espreguiçadeiras. Observei ao redor,a academia tá com a luz acesa. Será que ele tá lá?

—Eu que não vou lá ver!— Sento, jogo a manta nas minhas pernas, ligo o Kindle e começo a ler. Tem cada cena! A mocinha tá na fase de deixar o boy atrás dela,ele fez ela sofrer, então ele que lute.

O meu celular toca. Atendo, é a Mari, toda descabelada, rindo, parece bêbada.

— Amiga, que saudade, Lena! — diz. Sorrio

— Mari, tu bebeu? — ela gargalha

— Um tiquinho assim, óh! — mostra os dedos, nego

— Quem é? — ouço a voz do Beto

—Lena, bonito, né? Foi embora e não disse nada. _Fala já aparecendo na chamada

—Desculpa, Beto, eu viajei rápido—Ele nega

—Não demora muito, porque essa daqui —puxa Mari para seu colo—vai nos enlouquecer, falando de você o tempo todo—

—Não sei quando volto—Falo a verdade

—É, Lena? —O celular é retirado das mãos dele.

—Senhorita Elena, que bela amiga! —Lipe diz, sorrindo.

—Lipe, você sabe que amo você. _Tento chantagem

—Ama nada, nos abandonou sem explicação—

—Não foi bem assim. _Tento explicar

—Foi sim. Ah, Lena, sobre aquele dia, o Pedro... _O corto

—Isso é passado. Agora ele segue a vida dele e eu a minha. Estou ótima. _Ele concorda

—Lena, volta logo. Aqui tá muito chato sem você e é ruim ser a única mulher do bonde—Mari pede

—Tá bom, chega! Vamos para casa?! _Beto diz

—Leva ela em segurança, Beto. Amo vocês—

Eles respondem e desligam. Volto a ler.

Algo mexe no jardim. Levanto com medo; meu coração está acelerado. Eu que não vou ficar aqui pego tudo e saio correndo. Entro na casa, fecho tudo e, ainda ofegante, deito na minha cama.

Sábado chega. Acordo cedo, arrumo a bolsa e vou deixar minhas roupas aqui. Se vou ficar, arrumo tudo, tomo um banho e vou fazer o café. Preparo tudo.

— Lena, não precisa! — Dona Maria chega na cozinha

— Bobagem, é rápido! — ela sorri.

Tomamos café juntas. Deixo o café dele arrumado na mesa de jantar. Saímos da casa e penso em chamar um táxi. Ao sair, vejo Christopher do lado de um carro preto, claro, tudo preto.

— O patrão mandou eu levar vocês em casa — ele diz

— Não precisa, eu chamo um táxi — falo

— Ordens são ordens — ele diz, abrindo a porta.

—Vamos, Lena?— Dona Maria já está entrando no carro, e eu também me sento.

Saímos da propriedade. Confesso que tive pena de deixar ele sozinho naquela casa grande. Dona Maria é deixada primeiro, em seguida eu. Chegando em casa, minha tia já está faxinando tudo, e começo a ajudá-la.

Depois do almoço que fiz, sentamos e conversamos.

— Como está o trabalho? — pergunta, sentando no sofá junto comigo.

— Está muito bom. Só fico com pena dele viver sozinho, sabe? Sem sair de casa, não deve ser fácil—

— Coitado! Onde estão os netos dele? Os filhos? Essa juventude de hoje não cuida dos seus idosos — sorrio, negando

— Não, tia! Ele é jovem, não é velho. Aliás, é muito bonito—Ele é um Deus grego!

— Meu Deus, Lena! Como assim!? Como explicar?

Conto toda a história que eu sei sobre ele e como ele chegou a esse ponto de não sair de casa.

Coitado! _ela diz

—Sim, eu tenho pena dele, queria muito ajudar, mas ele é muito fechado._

—Seja você mesma, carinhosa e gentil. Sei que uma hora você consegue o que deseja _nego

—Sei não, ele não conversa comigo—

—Lena, as pessoas aqui são de certa forma já diferentes do Brasil, ainda mais pelo que aconteceu com ele. Então, não se desgaste por algo que talvez não tenha solução. _Meu peito aperta

—Será que ele nunca vai mudar?_

—Talvez sim ou não. Veja, Lena, você tá sentindo algo por esse homem. _nego, levantando-se nervosa

—Não, tia, só tenho dó dele—Falo uma meia verdade. Depois que o vi, esqueci completamente se um dia gostei do Pedro. É até estranho

—Sei —diz— Tenho um encontro amanhã, _fala empolgada. Sorrio

—Que bom, tia, que deu tudo certo! _ela concorda

—Ele é o novo motorista da casa onde trabalho. Espero que dê certo _

Ficamos conversando sobre o encontro. Torço tanto para minha tia encontrar uma pessoa boa que a ame, ela merece muito.

No domingo, aproveito a saída dela e vou ao shopping comprar algumas coisas. Eu não trouxe muitas coisas lá do Brasil, então comprei roupas de dormir, tênis e vestidos. Tenho minhas economias,meus pais me pagavam um salário no restaurante, já que era em casa. Praticamente guardava tudo. Volto para casa e descanso.

O milionário Recluso Onde histórias criam vida. Descubra agora