ELENA GARCIA
Os dias passam. Na sexta, acordo cedo. Hoje é um dia bem corrido, pois faço as refeições do fim de semana. Depois de fazer minha higiene, visto a roupa de academia e vou malhar. Fico até dar meu horário, mas ele não aparece. Acho muito estranho, pois ele não falta nenhum dia.
Depois de tomar banho e vestir meu uniforme, vou preparar o café. Faço um bolo, panquecas e omelete, e deixo a mesa arrumada. Dona Maria sempre ajuda,esperamos por ele.
—Ele está demorando! — falo. Já passou do horário.
— Verdade, ele é muito pontual —
Minutos passam e eu já estou preocupada. Ele não se atrasa em nada, nunca.
— Está estranho — falo preocupada
— Está sim. Eu vou lá ver, filha — ela diz e sai.
Um tempo depois, ela aparece.
— Ele está doente, gripado, eu acho. Disse que não quer comer nada — meu peito aperta.
— Ele tomou remédio? —
—Ele disse que sim, geralmente ele não fica doente, ainda mais de gripe _
—Quem sabe não foram as visitas? Ele não tem o costume de ver pessoas e pegar gripe assim do nada _digo
—Verdade, pode ser. Vamos recolher tudo _Concordo
—Ele tem que se alimentar. Eu vou fazer um suco natural de laranja, vitamina C é boa para gripe _falo indo para a cozinha.
Preparo uma bandeja com o suco e um pedaço de bolo, uma fatia apenas. Espero que ele coma. Mando Dona Maria levar e fico na expectativa.
—Ele não quis _volta colocando sobre a bancada a bandeja intacta.
Termino de tomar meu café.
—Onde fica o quarto dele? _pego a bandeja.
—Lena, filha, é melhor deixar ele _a corto
—É teimoso. Sei bem, meu pai é igual. Dona Maria, homens são todos iguais, uma gripe acham que vão morrer _ela sorri concordando
Ela indica o quarto e vou em sua direção, espantada ao ver tudo preto, mesmo aqui em cima também. Bato na porta e ele manda entrar.
— Já disse que não quero nada — diz ele, deitado de costas. O quarto é todo preto, até a cama, realmente parece a casa do Drácula.
— Mas tem que comer — falo. Ele se vira e me olha.
— Vou vomitar tudo — diz, com a voz rouca.
— Vai não, escova os dentes primeiro. Depois você tenta comer aos poucos — respondo
Ele senta na cama, deixo a bandeja no móvel da TV e vou em sua direção. Toco sua testa, ele está muito quente e suado.
— Você está com febre — falo, preocupada
— Tive a noite também — diz
— Onde ficam as roupas de cama? —
— No closet à esquerda — ele responde.
— Vai escovar os dentes, tomar um banho. Eu vou trocar essa cama suada—
Ele concorda e vai para o banheiro. Arrumo a cama, trocando tudo, e entro novamente no closet para pegar uma roupa limpa para ele.
Vejo a porta do banheiro abrir, ele coloca a cabeça para fora. Sorrio, estendo a roupa limpa, ele pega e entra novamente.
Ele sai do banheiro tremendo de frio e volta a deitar,vejo seu cabelo molhado.
— Você tem secador de cabelo? — pergunto
— No banheiro, na gaveta de baixo do lavabo —
Entro no banheiro e pego.
— Eu posso secar seu cabelo? Não é bom ficar com ele molhado com febre—
— Pode sim, eu esqueci e molhei — ele diz
Conecto na tomada,ele vem para mais perto, seu cheiro é tão bom. Começo a secar o cabelo, tão sedoso e bonito. Tento não demorar muito, ele está com frio. Logo termino, ele faz um coque e deita. Pego a bandeja.
— Senta! — mando. Ele senta e coloco a bandeja no colo dele.
— Tenta comer um pouco, aos poucos, senão não vai conseguir. — Ele concorda e começa a comer.
— Vou trazer frutas depois, fruta é boa — falo. Ele me olha, acho que nunca vou me acostumar com o olhar dele, parece que lê minha alma.
Logo ele termina de comer, fico muito feliz.
— Vou fazer o almoço — pego a bandeja.
—Eu não que... —corto
—Beba água, é muito importante. Você perdeu muito líquido com a febre. Aqui tem água? —olho em volta.
—Tem no frigobar—aponta para uma espécie de geladeira perto do móvel da TV.
—Gelada não pode. Mamãe sempre diz que gelo não é bom para gripe—ele ri e começa a tossir.
—Vou mandar trazer água em temperatura normal. Toma um antitérmico—ele concorda. Vejo remédios no móvel ao lado da cama,deve ser para febre.
Pego a roupa de cama suja, ajeito embaixo do braço e a bandeja.
—Obrigado! _ele diz. Sorrio saindo do quarto.
Chego na cozinha. Dona Maria fica surpresa por ele comer e pela roupa de cama.
Preparo o almoço: faço um purê de batata com carne cozida desfiada. É leve. Arrumo a bandeja. Eu mesmo sei que, se for Dona Maria, ele talvez não coma. Bato na porta, ele manda entrar.
—Seu almoço—ele senta e coloco no seu colo.
Toco sua testa,ele ainda está quente.
—Mediu sua febre? _pergunto
—Sim— diz
Sento na cama,não vou ficar de pé.
— Sua comida é tão boa que até doente eu gosto — ele diz, sorrio.
— Obrigada, Senhor Peterson — agradeço. Não demora, ele come tudo.
Ele espirra, em seguida se limpa com papel higiênico, joga no lixo perto da cama, levanta, indo até o banheiro, lava as mãos, ele é um homem muito limpo.
—Depois, eu vou mandar mais frutas — falo.Ele sorri.
— Obrigado! — assinto, pego a bandeja e saio do quarto.
À tarde, faço as refeições dele do fim de semana, deixo tudo organizado na geladeira, mando as frutas pela Dona Maria. A água ela levou mais cedo.
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O milionário Recluso
RomanceQuando dois mundos se encontram... Ele vive em uma completa solidão, cheio de traumas; sozinho, vive aprisionado em seus pensamentos, no seu passado de dor e sofrimento. Ela, apesar de ser muito amada e rodeada de amigos e família, se sente sozi...