Capítulo 3

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ELENA GARCIA

Depois de uma despedida emocionante, deixo meus pais e Mari no aeroporto e vou para o avião. Uma nova história espera por mim, uma nova vida.

Chego em Denver, vou direto para a casa da minha tia. Eu já estou acostumada a vir, então não estranhei. Desde muito nova, já fazia essa conexão, aprendendo o inglês junto com o português, então sei muito bem o inglês.

Minha tia é governanta em uma casa de família e eu não terei a companhia dela até o fim de semana, pois ela fica no trabalho. Chego na casa, que é um bairro simples comparado aos demais.É uma casa pequena, com apenas dois quartos, sala, cozinha, banheiro, lavanderia e garagem. Encontro tudo arrumado e a geladeira cheia de alimentos brasileiros, ela preparou tudo para minha chegada.

—Meu amor, desculpa a tia por não estar aí com você — diz quando atendo a ligação.

—Tudo bem, tia, no fim de semana nos vemos.

—Toma cuidado nas ruas e fecha as portas e janelas direito — sorrio.

—Tá bom, tia, não se preocupe — disse eu, já preocupada. Sou medrosa e já imagino vários cenários ruins.

Abro a geladeira, tem vários alimentos. Ela pensou realmente em tudo, até pão de queijo.

—Pega o carro, está na garagem, só precisa ir ao mecânico. O número está na geladeira— Ela pensa em tudo mesmo.

—Farei isso, tia, eu vou pegar—

—Juízo, mocinha, não quero que o John e a Vera acham que não cuido de você — diz ela.

Converso mais um pouco com ela e logo desligo. Ela tem que voltar ao trabalho, arrumo minhas coisas e vou descansar. Sinto que coisas boas esperam por mim.

Passam-se alguns dias vendo anúncios nos jornais. A maioria é de restaurantes movimentados. Eu quero paz, então sem chance de trabalhar em algo que não vou ser feliz.

—Ainda nada? — minha tia pergunta. Estamos jantando. Fiz um peixe assado com farofa de banana e arroz.

—Não, tia, eu já estou ficando ansiosa — ela, segura minha mão.

—Meu amor, logo você encontra. Ansiosa, sua comida é maravilhosa, não tem quem não goste —

—Tomara que sim — falo, eu lamento e logo volto a comer.

—Que delícia, menina, você tem mãos de fada — ela diz enquanto come.

O fim de semana foi muito animado! Minha tia é uma pessoa muito agitada, diferente de mim, que adoro ficar parada, ela não. Fomos ao parque, andamos de bicicleta e ela sempre com sua câmera, tirando várias fotos nossas.

 Fomos ao parque, andamos de bicicleta e ela sempre com sua câmera, tirando várias fotos nossas

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Eva 35 anos

Um mês se passou. Eu tentei um trabalho em uma lanchonete, mas não era bem como eu queria, era tudo muito gorduroso e as comidas nada saudáveis. Ter que fazer algo que não gosto é muito desgastante, então não fiquei uma semana. Saí. Depois, tentei em um restaurante, fui ser assistente da subchefe. A mulher se achava a melhor do mundo, arrogante, tudo era motivo para reclamar, dizendo que não estava bom e que não era assim que pedi. Três dias, três longos dias, eu corri de lá. Nunca mais tentarei restaurantes daqui, misericórdia.

Como minha tia trabalha com famílias e tem experiência nesse ramo de casas, imagino que seja melhor tentar algo assim. Falei com ela e estou esperando notícias. Tenho medo de voltar ao Brasil,quero viver aqui e trabalhar em algo que não seja restaurante.

Pedro tem ligado para mim, mas não atendo. Ele fez a escolha dele, eu fiz a minha. Não pretendo voltar tão cedo. Meu celular toca, atendo.

—Lena, meu amor, tudo bem? —diz em um tom feliz.

—Tô bem, tia. Que animação é essa? —fico curiosa.

—Tenho duas propostas para você. Falei com algumas amigas que me indicaram. —Aí, meu Deus!

—Que ótimo! Diz logo! —grito ansiosa.

—Calma, menina. Senta primeiro—Corro e sento no sofá. 

—Pronto, agora diz—Ela ri do outro lado da linha.

—Tenho duas casas para você. Uma é de uma família de 7 pessoas: um casal e seus 5 filhos—

—"Misericórdia!" —sussurro. Ela ri.

—Pois é, menina, não deve ter televisão em casa. É uma escada,o mais velho tem 11—

—Pretendo ter cinco também —falo convicta. Meu sonho é ter uma família grande.

—Meu Deus, Lena?! —sorrio.

—Mas só quero bagunça dos meus. Então diz o outro: porque cinco crianças? —ela ri.

—A outra é uma pessoa só, quer dizer, o "Outro". Ele vive sozinho fora da cidade, num pedaço da floresta. Vai ter que dormir lá, tem a governanta dele e seguranças. Você vai cozinhar só para ele—

—Eu quero o cara sozinho! —falo o óbvio.

—Lena, pensa direito. Pode ser um psicopata, sei lá, ele vive lá sozinho—sorrio

—Ou não, tia, não tem outras pessoas. É seguro, eu não tenho medo—falo, não muito convicta.

—Não sei não, e seus pais, o que vão achar disso?— eita.

—Por enquanto, não falarei dessa parte do 'velho' que vive sozinho—ela ri.

—Elena Garcia!–sorrio—Vou ver com a governanta dele primeiro, vou saber se ele é bem da cabeça ou não, se cometeu nenhum crime. Depois te ligo.

—Tá bom, tia, obrigado— agradeço.

—Por nada, meu amor—desliga.

—Acho que arrumei um trabalho— pulo no sofá contente.

O milionário Recluso Onde histórias criam vida. Descubra agora