Acordei escutando o pagode tocar e o cheiro de churrasco invadindo meu quarto, todo sábado meus padrinhos e tias vem, e tocam o terror na minha manhã. Mas eu vou te falar adoro muito, como a beça e ainda tomo um whisky na conta do meu paizinho.
Levantei, pensei um pouco na vida e fui pro meu banheiro, tomar um banho.
Tava no banho e escutei uma batida na porta do meu quarto, e eu já sabia quem era, ele sempre sobe aqui cara.
Juan: Caralho, achei que tu não ia acordar nunca. - Gritou do quarto e eu revirei o olho, ainda embaixo do chuveiro. - Eita porra, vou pegar pra mim papo reto.
Franzi a sobrancelha tentando adivinhar de qual blusa minha ele tava falando e tratei de terminar meu banho bem rápido, pra não ser furtada.
Sai de toalha e fiz careta pra ele, olhando todas as posições que ele fazia em frente ao espelho, todo se achando, vestindo a MINHA camiseta novinha.
Isís: Nem ouse continuar com a minha camiseta novinha, vai deixar ela fedendo, ladrãozinho de esquina. - Dei um tapa na nuca dele que se encolheu e eu ri.
Juan: Porra irmã, fiquei gatão, tuas amiga pira nesse branquinho aqui. - Disse convencido e eu fiz careta fingindo que nem escutei.
Peguei um biquíni na gaveta e um short jeans, voltando pro banheiro pra vestir.
Ja saí vestida e ele tava jogado na minha cama.
Isís: Gente, a folga tá inacreditável. - Murmurei abrindo a porta do quarto e ele levantou, vindo atrás de mim. - Quem tá aí?
Juan: Tia Tainá, Tia Bruna, meu pai, minha mãe, Joca, o Argentino e a Helena. - Estranhei o último nome, não conheço nenhuma Helena.
Isís: Quem é Helena? - Questionei vendo ele dar de ombros e ir subindo a escada da laje, comigo atrás.
Juan: Sei lá, apareceu aí com o Joca. - Murmurei "hm" e observei todo mundo na laje.
A menina sentada ao lado do Joca, cabelo bem curtinho de franjinha, era magrinha e não tinha cara de ser aqui do morro. Parecia ser bem tranquila, reparei na mão do Joca em cima da sua coxa, e fiz um biquinho. Bonitinhos, ficaram um casal legal.
Coronel: Acordou? Tua mãe não deixou eu te chamar. - Beijou minha testa e eu sorri pra ele, pegando da carne que ele tava cortando.
Cumprimentei todo mundo e sentei no colo da minha mãe, conversando com as minhas tias e a dinda.
Bruna: Isís, como vai os namoradinhos? - Minha tia fez graça e eu ri, querendo chorar por dentro. Tô tão sozinha, afe!
Tainá: Você é chata eim cara, tem nem 40 e já tá cheia das piada de tio. - Revirou os olhos e ela riu mais ainda, fazendo minha mãe rir.
Bruna: Vou te levar comigo lá pra nova Holanda, lá tem uns boyzinhos super lindinhos, pena que não tenho mais meus 16.
Isís: Aquele povo feio tia, credo! - Fiz careta, não salvava nenhum daquela favela.
Diana: Deixa minha filha sem namorado, ela tá muito feliz apenas dando uns beijinhos. - Foi o suficiente pro meu pai brotar do chão do nosso lado, com o padrinho Argentino do lado.
Argentino: Safada! Eu sabia, eu avisei o Coronel pra te deixar trancada em uma torre até os 18, esse pau no cu não me escutou. - Apontou pro meu pai que só tirou a pistola da cintura e balançou no ar.
Coronel: Isso aqui que esses moleque vai receber se eu ver grudado no bico da minha cria. - Guardou novamente na cintura e eu ri, sabendo que é mais fácil meu pai gostar tanto do garoto, que vai preferir ele do que eu.
Letícia: Até parece, um bicho velho desse. - Soltou na roda e meu pai mostrou dedo.
Diana: Velho, mas ainda aguenta muita coisa. - Riu ficando vermelha e eu arregalei o olho, me traumatizando pelo resto da vida.
Juan: Os papo torto, cara. - Fez cara de nojo.
Tainá: Tudo bem, Helena? Você é quietinha. - Perguntou pra garota ao lado do Joca que sorriu tímida.
Helena: Tudo sim, Tainá. Vocês querem ajuda pra alguma coisa? - Se dispôs e minha mãe sorriu negando.
Diana: Fica tranquila menina, vou ir destampar as panelas. Corta a carne aí, amor. - Falou com meu pai, e eu me levantei pra ela ir até a cozinha.