Chegamos em casa assim que o sol começou a aparecer, Luísa veio calada o caminho inteiro e eu não fiz questão de puxar assunto.
Essa mulher vai me dar mais dor de cabeça, do que matar aquele filha da puta.
Luísa: Cuidado tá, você não é mais importante que ninguém aqui nessa casa, não pense que me ameaçar é uma boa opção. - Falou do pé da escada e eu encarei ela.
Joca: Então você fica na sua, não tenho interesse em você, muito menos em ter alguma coisa, tô aqui pra cumprir o que me passaram, por mim tu se fode pra lá que eu não ligo. - Falei alto e entrei pro meu quarto trancando a porta.
Isís: Sumiu a noite toda, tá tudo bem? (05:49)
Joca: Tava ocupado (06:36)Coloquei o celular em cima da mesa do armário e tirei minha roupa, ficando só de cueca. Deitei na cama e logo capotei, tava cansado pra caralho.
(...)
Acordei com o sol na cara, sentindo a cabeça doer. E escutei meu telefone tocando.
"Coronel"
Joca: Bom dia amor. - Fiz graça com a voz de sono, e escutei a risada baixa do outro lado.
Coronel: Tudo certo por aí? Maltês me disse que ontem foi na moral, papo reto.
Joca: Só cumpri o que me passaram. Qual a próxima etapa?
Coronel: Invadir o morro, pegar o Corola e trazer pra mim. - Resmunguei sabendo que isso ia dar uma dor de cabeça do caralho. - Te coloquei aí por um motivo, tu é o meu melhor soldado, conheço teu potencial e sei que vai dar conta do recado. Qualquer bagulho me aciona.
- Desligou antes mesmo de eu poder responder.Tirei o telefone da orelha e entrei no WhatsApp vendo minha mensagem que mandei ontem pra Isís, só ser visualizada. Mandei outra pra ver se ela respondia.
Joca: Vai me deixar na voz mesmo? (13:56)
Vesti um short e sai do quarto, indo direto pra cozinha, e dando de cara com a Luísa, que sorriu pra mim.
Luísa: Bom dia Joca, hoje temos mais uma reunião. - Encarei ela calado e tomei uma água, pronto pra subir novamente. - Joca, fica tranquilo, não vou te forçar a nada.
Joca: Não sei com quem tu acha que tá falando Luísa, você não vai mesmo me forçar a nada, tá maluca? Não te quero, to fodase pro teu ego ferido, tô aqui temporariamente a trabalho, e vamo combinar né, marmanja velha dessa fazendo essa palhaçada, parece até piada. Não te quero Luísa, entendeu agora? - Aumentei o tom de voz e ela ficou calada, me olhando sem expressão. - Quando o Maltês chegar, manda o tucano vir me chamar, meu contato contigo vai ser o menor possível.
Isís. 🦋
Encarei a mensagem do Joca mais uma vez, pensando se iria responder ou não. Ai gente, não preciso de ninguém sendo grosso comigo não na moral, fui criada muito bem pra implorar atenção de alguém.
Removi a notificação da tela e voltei a conversar com a minha mãe, enquanto ela fazia projeto no computador.
Diana: Tá incomodada? - Questionou e eu fiz um beicinho, negando com a cabeça. - Sabe que se tiver, pode falar comigo né? Mesmo que seja sobre o Joca. - Senti minhas bochechas corarem e fiquei calada. - Para de mentir pra mim e pro seu pai, não somos bobos pacotinho, já tivemos sua idade.
Isís: Mãe, você tá criando coisa na cabeça já. Joca tá lá em minas, bem longe daqui, meu pai já conseguiu o que ele queria, e já afastou. - Falei direta e ela riu, bem fraco.
Diana: Isís, distância nunca atrapalhou ninguém, eu só quero que você tome cuidado. Se acontecer algo mais sério entre vocês, vocês ultrapassarem o ponto do beijo, infelizmente você tá crescendo, preciso aceitar. - Fez um biquinho e eu sorri de canto. - Me conta, vamos conversar, eu não te quero fazendo as coisas no escuro, sem ter direção.
Isís: Não passou disso, não tô preparada pra fazer nada, e não tem nada entre eu e o Joca. Conversamos ainda, mas não estamos juntos. - Afirmei, e eu tava sendo sincera, nós não estávamos juntos. - Meu pai impediu qualquer contato entre nós, não quero decepcionar vocês.
Diana: Você não vai nos decepcionar, nunca! Seu pai também vai entender que você cresceu, mesmo que suas atitudes as vezes não agrade ele, ele vai entender. Eu te amo muito, quero que você viva e curta muito a vida, com responsabilidade e muito juízo. Gosto do Joca, ele é um rapaz bacana, gosto do jeito que ele te trata e da forma que se comporta. - Sorri pra ela.
Isís: Mas nunca vai dar certo. Meu pai enfiou ele em uma casa com outra mulher, a gente conversou, tá ele o tucano e a mulher, acha mesmo que ainda tem chances de rolar algo? - Falei baixo, triste.
Diana: Você gosta dele? Confia nele? - Balancei a cabeça concordando. - E não precisa falar assim, seu pai não iria de propósito, colocar ele junto com outra mulher, pra rolar alguma coisa. Seu pai te ama pacotinho, e muito. Desde quando descobrimos a gravidez, no mesmo dia seu pai ja estava conversando com a barriga. - Riu lembrando e eu sorri, feliz. - E se você confia no Joca, não preocupa, o que é pra ser seu, sempre vai ser seu. - Fui até ela e deitei do seu lado, calada, e senti seu carinho na minha cabeça. Me sentindo mais tranquila e leve por ter falado com alguém.
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