Já estávamos no baile a um tempinho, dancei muito com minhas tias, e logo o Juan veio grudar em mim pra dançarmos juntos.
Tava um clima gostosinho a beça, e eu tava observando o pretinho no canto da parede não tirar o olhar de mim. Sorri pra ele que sorriu de volta e eu logo olhei pro dedo, caçar a aliança, ele não parecia envolvido, nem tinha cara de alguém que mora na favela.
Continuei dançando mais um pouco com o Juan, e depois ele subiu, o que deu espaço pro garoto chegar em mim e sussurrar no meu ouvido.
X: Muito gatinha tu, tô palmeando desde que chegou. - Falou um pouco alto por conta da música e eu passei a mão pela cintura dele. - Qual teu nome?
Isís: Isís! E o seu?
Gustavo: Gustavo. Nome de princesinha, igual tu é. - Sorri pra ele, e ele nem ficou de muita enrolação, deu um beijinho e eu dei espaço pra sua língua entrar. Era bom, encaixou, mas não era o que eu queria.
Ficamos ali nos beijinhos, até o Gustavo escorregar com um impacto. Olhei pra quem tava passando e era o Joca, sem camisa e com o fuzil atravessado nas costas. Ele olhou pra trás, e me encarou feio, franzindo as sobrancelhas. Fechei a cara pra ele, e voltei minha atenção ao Gustavo.
Isís: Tudo bem, Gustavo? - Toquei seu braço e ele sorriu pra mim, confirmando. - Você não é daqui, né?
Gustavo: Não pô, vim com uns colegas, primeira vez. - Sorri sem graça, e abri a boca pra responder ele, mas alguém me cutucou.
Bituca: Teu coroa tá te chamando lá em cima. - Olhei pro camarote e meu pai tava me encarando.
Isís: A gente se vê por aí viu, toma cuidado. - Fui indo atrás do Bituca que abria espaço pra mim, e subi, indo até meu pai. - Oi, papai.
Coronel: Deu o que no Joca? - Perguntou direto e eu entreabri a boca pra responder. - Tu não ta envolvida com ele, né Isís?
Isís: Não papai, deve ter esbarrado sem querer. - Fiz um beicinho e a veia da testa dele saltou.
Coronel: Sou tudo, menos otario. Eu ando palmeando vocês dois tem tempo, e eu sei quando você tá mentindo, eu que te fiz. - Riu fraquinho. - Tu tem 16 anos Isís, e é uma menina de ouro, não estraga a porra da sua vida com qualquer pessoa. - Meu coração apertou por mentir pro meu pai.
Isis: Não vai prejudicar ele, né pai? A gente nem tem nada, nunca teve, foi um beijinho só e pronto. Decidimos nos afastar porque sabemos que é errado, e não é justo, viver algo pra ter que esconder. - Fui sincera sentindo meus olhos marejarem e meu pai beijou minha testa.
Coronel: Não vou te proibir dos bagulho, quero que tu viva tua vida com responsabilidade e juízo, não precisa esconder nenhuma parada, mas o Joca, eu não acho que é o cara certo pra ti. O moleque já tem vida de adulto, idade de adulto e um corre pra preocupar, não acho certo vocês dois. - Falou calmo. - Não vou te proibir pra não precisar esconder, mas agora, não é hora de você ter essas preocupações.
Concordei com a cabeça e abracei ele, observando minha mãe olhar a gente lá do sofazinho onde ela estava sentada, e me chamou com a mão.
Fui até ela, sentei no seu colo e ela deu um beijo no meu ombro.
Diana: Teu pai comentou sobre o Joca. Você deveria ter falado com a gente, e ele não gostou nadinha de saber sobre vocês. - Fiz um beicinho.
Continuei sentada ali e meu celular começou a chegar algumas mensagens do Joca. Suspirei e abri a conversa.
Joca: Tá de sacanagem, Isís? (02:34)
Joca: Na moral, eu vou matar esse playba (02:35)
Isís: Que isso cara? (02:35)
Isís: Tá viajando aí já, não te devo compromisso não Joca, não temos nadinha
Joca: Eu sei (02:36)
Joca: Isso que me fode (02:36)
Joca: Veio toda gostosa, só pra mexer com a cabeça do sujeito
Isís: Você bebeu muito, não é possível
Joca: Bebi mesmo (02:37)
Joca: Tô te esperando aqui fora, quero trocar um papo contigo. (02:37)
Isís: Amanhã a gente conversa, meu pai sabe sobre a gente (02:38)
Joca: Desgraça
Guardei o celular no bolso e olhei minha mãe, que tava olhando pro meu pai.
Isís: Eu amo muito vocês! - Falei no ouvido da minha mãe que sorriu e beijou minha bochecha. - Me desculpa pelas vezes que eu erro, sempre quero ser melhor, por vocês dois.
Diana: Eu te amo, pacotinho.
