Capítulo 39

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[Emma]


Confesso que eu já estava a ponto de surtar por falta de notícias quando o médico finalmente apareceu, e no mesmo instante o meu coração se fechou, pois ele parecia péssimo. Minha mãe, meu irmão e eu nos levantamos em um salto, segurando as mãos uns dos outros, como se esse gesto pudesse nos brindar de qualquer notícia ruim, foi então que ele falou.

— Regina sobreviveu — ele disse, e por um segundo senti o ar voltar aos meus pulmões, mas logo percebi que havia mais. — Ela passou por um trauma extremo e foi uma verdadeira sorte ela ter resistido. Na verdade, Kristof... a sorte dela foi você – disse o médico seriamente, meu irmão corou e ele continuou – Se ela não tivesse recebido atendimento no local, ela não teria sobrevivido... – Dava pra ver que a minha mãe estava extremamente preocupada, mas ela olhou pro meu irmão com o peito estufado de orgulho, mas antes que ela pudesse dizer alguma coisa, o médico continuou - Fizemos tudo o que podíamos. A cirurgia foi longa e delicada... mas conseguimos estabilizá-la. - Eu deveria estar aliviada, e em parte estava, mas a expressão no rosto do médico me dizia que não era o fim das más notícias – Ela quebrou 1 costela, a perna esquerda teve de ser reconstruída, ela teve várias lesões abdominais que lhe causaram uma extensa hemorragia interna que tiveram muitas complicações e por isso... O útero dela foi danificado de forma irreversível — ele fez uma pausa, como se buscasse a forma menos dolorosa de prosseguir, mas eu já sentia a sentença se formando em minha mente. — Tivemos que removê-lo completamente. Foi a única maneira de parar a hemorragia. Ela está viva, mas... — ele hesitou, como se não quisesse dizer as próximas palavras. — Ela não poderá mais ter filhos.

Eu senti o chão sumir sob meus pés. O peso daquelas palavras parecia mais pesado que qualquer coisa que já havia ouvido. O choque percorreu meu corpo de maneira lenta e dolorosa, como se cada palavra cravasse fundo em mim. Ela estava viva, mas a vida que ela conhecia havia mudado para sempre, pois além dela ter perdido o nosso bebê, ela também não poderia mais gerar novamente.

Eu deveria estar agradecida, deveria estar aliviada por ela ter sobrevivido, mas a dor daquela perda inesperada me atingiu como um golpe, pois ficando com ela, eu nunca mais terei a chance de ter um filho meu, mas não importa, não desde que ela esteja bem.

Acho que minha mãe e o meu irmão sentiram a minha tristeza, pois eles me abraçaram com força e então a minha mãe olhou fixamente para mim e falou.

- Apenas agradeça por ela estar viva, porque isso já é um milagre imenso – disse ela seriamente, então ela respirou fundo, olhou pro médico e perguntou – podemos vê-la?

O médico assentiu, compreendendo a angústia em cada um de nós.

— Regina está no CTI agora. Ela precisa de monitoramento constante nas próximas horas, mas está estável. No entanto, apenas uma pessoa por vez pode entrar, e a visita será limitada a cinco minutos para cada um, no máximo — ele disse, em um tom firme, mas com um traço de compaixão. — Ela ainda está sedada e não pode falar, mas... acredito que será bom para ela sentir a presença de vocês.

Minha mãe soltou um suspiro profundo, absorvendo aquela notícia. Seus olhos, sempre tão fortes, estavam marejados, mas sua voz continuou firme quando respondeu.

— Entendemos. Obrigada, doutor.

O médico fez um sinal para que o seguíssemos. Ele nos guiou pelo corredor, o som das máquinas e monitores ecoando enquanto nos aproximávamos da entrada do CTI. Meu coração parecia martelar contra meu peito, e embora eu quisesse ver Regina o mais rápido possível, sabia que precisava de um momento. Então, por escolha minha, deixei que minha mãe e meu irmão entrassem primeiro. Eu ficaria por último.

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⏰ Última atualização: 7 days ago ⏰

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