Capítulo 35

134 20 5
                                    

[Emma]


— A Regina foi levada...

Quando ouvi essas palavras saindo da boca da minha mãe, meu coração disparou em desespero. Minha mente imediatamente foi para a única pessoa que seria capaz de fazer algo assim: Zelena. Mas será que aquela ruiva infernal teria coragem de ir tão longe?

Minha cabeça estava a mil, e eu sabia que acusar sem provas não ajudaria. Precisava manter a calma, deixar o lado racional assumir o controle.

— Temos que falar com a polícia — comecei a dizer, mas fui interrompida por minha mãe.

— Nada de polícia — ela respondeu, visivelmente abalada. Seu tom era desesperado, e eu pude notar seus sinais de ansiedade começando a se manifestar. — A polícia não vai fazer nada, principalmente se descobrirem que a Regina é... — ela hesitou por um momento, então completou, baixando o tom — uma prostituta.

Por mais que eu estivesse preparada para aceitar Regina do jeito que ela é, ouvir minha mãe colocar isso dessa forma me atingiu como um soco no estômago. Mas engoli o incômodo e tentei me concentrar na situação.

— Mãe, se a Regina sumiu, precisamos de ajuda... — falei, minha voz trêmula com a preocupação crescente.

— Sim, nós precisamos... — ela respondeu, mas havia algo na sua voz, um cansaço profundo que me deixou ainda mais preocupada. Ela suspirou e então continuou: — Procura a minha bolsa.

Eu a encarei, confusa, mas fiz o que ela pediu. Enquanto revirava os compartimentos da bolsa, ela falou:

— Existe uma célula dormente, uma rede de proteção que eu mantenho, disponível 24 horas para esse tipo de imprevisto... com qualquer uma das minhas meninas.

Meus olhos se arregalaram ao ouvir aquilo. Eu sabia que minha mãe era uma cafetina, mas jamais imaginaria algo assim, que ela teria um sistema tão complexo.

Observei minha mãe pegar o telefone com mãos trêmulas, e mesmo mal, ela manteve a voz firme ao pedir o rastreamento do número 01758. Meu coração afundou no peito quando percebi que esse era o número de Regina. Um número, como se ela fosse apenas uma peça no tabuleiro, ou pior, como os gados que eu costumo ver na fazenda.

Regina tinha um número, assim como os animais que eram marcados e catalogados.

O nó no meu estômago apertou ainda mais. A dor de saber que alguém que eu amo é tratada dessa forma me deixou atônita, mas eu segurei a onda. Até porque eu faria qualquer coisa para recuperar Regina, para tirá-la dessa vida, e para salvar a minha mãe desse mundo obscuro que ela havia construído.

Mas naquele momento, ao ouvir minha mãe negociar a busca de Regina como se fosse uma transação qualquer, algo dentro de mim estremeceu. Era como se eu não a reconhecesse. A mulher à minha frente, fria e calculista, parecia um estranho reflexo da mãe que eu conhecia e minha mente lutava para aceitar o que estava acontecendo, mas admito que estava sendo muito complicado pra mim.

Minha mãe explicou que, até o momento, a equipe não havia conseguido rastrear Regina. Aparentemente, ela estava em uma área afastada ou em uma "zona morta", sem cobertura de sinal de torres de celular, um lugar protegido que só mantinha contato com o mundo exterior através de sinais analógicos. Por isso, o rastreamento estava demorando mais do que o esperado. No entanto, a equipe já estava priorizando o caso e fazendo de tudo para localizá-la o mais rápido possível.

Enquanto processava essa informação, minha mãe também contou que, durante o ataque, Gaston, desesperado para proteger as mulheres da minha vida, havia pulado da janela do terceiro andar. Na tentativa de agir heroicamente, ele acabou quebrando o pé e também estava no hospital.

Confesso que fiquei surpresa, pois mesmo sabendo que Gaston faria qualquer coisa para salvar Regina, ter a comprovação de que ele realmente faria qualquer coisa por ela e que até se machucou por isso mexeu comigo.

Fui imediatamente tentar saber mais notícias sobre o estado dele. Ao vê-lo no hospital, em meio à tensão e desespero que todos estávamos vivendo, senti uma outra preocupação invadir minha mente: as crianças. Elas estavam sozinhas no apartamento da Regina, completamente alheias ao caos que se desenrolava. Precisávamos garantir que elas estivessem seguras, mas como fazer isso em meio a tudo o que estava acontecendo?

_________________________________

E agora? Será que a Emma vai honrar as bolas que tem? 

A Prostituta (G!p)Onde histórias criam vida. Descubra agora