Hidden Reflections

Encontro na cafeteria

Felix despertou naquela manhã com o quarto vazio e em silêncio. Ao abrir os olhos, notou um bilhete dobrado cuidadosamente sobre o travesseiro ao lado. Risabae saíra cedo para um evento, mencionando que precisaria maquiar algumas modelos. Ele suspirou, sentindo o misto de alívio e nervosismo. Aquele dia era sua folga e, de repente, a ideia de ficar sozinho parecia tão tentadora quanto perigosa.

Ele pegou o celular distraidamente, mas seu coração acelerou ao ver uma nova mensagem. Era Hyunjin.

Hyunjin: "Bom dia. Alguma chance de você estar livre hoje?"

Felix respirou fundo, relembrando a conversa da madrugada, o calor que sentiu enquanto trocavam mensagens. Ele hesitou por um momento, mas logo começou a digitar.

Felix: "Bom dia. Na verdade... sim, tenho o dia todo livre."

A resposta de Hyunjin veio rapidamente, como se ele estivesse esperando por essa resposta.

Hyunjin: "Ótimo. Encontra comigo? Tem um café aqui perto, é tranquilo. A gente pode conversar."

Felix olhou para a mensagem, sentindo uma mistura de ansiedade e antecipação. Ele sabia que esse encontro não era apenas para "conversar", mas algo dentro dele o empurrava para isso. Ele queria ver Hyunjin, confirmar o que estava sentindo, mesmo que soubesse que estava entrando em um terreno perigoso.

Felix: "Certo. Me manda o endereço."

Alguns minutos depois, Felix estava se arrumando e conferindo o endereço que Hyunjin havia enviado. Ele tentou parecer o mais casual possível, mas, ao se olhar no espelho, percebeu que estava mais nervoso do que gostaria de admitir. Ajustou a jaqueta e respirou fundo antes de sair.

No café, Hyunjin já o esperava em uma mesa próxima à janela. Ele estava de óculos escuros e parecia casual, mas havia um ar de ansiedade e expectativa ao redor dele. Quando Felix entrou, Hyunjin o avistou e acenou com um sorriso leve.

Felix se aproximou, sentando-se à frente dele.

— Fico feliz que você veio.

Felix deu um sorriso tímido, ainda tentando entender o que estava fazendo ali.

— Bom, parece que não consegui ficar longe.

Eles se encararam por um momento, e o silêncio entre eles era carregado de palavras não ditas, sentimentos reprimidos.

— Olha, sei que a situação é complicada. Mas... eu precisava te ver, Felix. Precisava entender o que é isso que sinto quando estou perto de você.

Felix desviou o olhar, mexendo na xícara de café que o garçom trouxe. Aquilo tudo era assustador e novo, mas havia uma parte dele que ansiava pela intensidade daquele momento.

— Eu... eu também não consigo parar de pensar nisso. Mas, ao mesmo tempo, tem muita coisa em jogo. Risabae...

Hyunjin assentiu, parecendo compreender.

— Eu sei. E também não quero complicar sua vida. Só... queria ter uma chance de te conhecer melhor. De saber se existe alguma possibilidade pra nós, longe de tudo.

Felix o olhou nos olhos, sentindo uma mistura de medo e desejo. Ele sabia que aquele encontro podia ser o início de algo que não conseguiria controlar.

— E o que acontece se a gente decidir dar uma chance a isso?

Hyunjin inclinou-se levemente para a frente, o olhar fixo no dele, e sorriu.

— Então a gente descobre juntos. Sem pressa, sem promessas. Apenas... tentando entender o que sentimos.

Felix assentiu lentamente, sentindo o peso da decisão. Ele sabia que aquilo podia ser um erro, mas também sabia que, se não tentasse, passaria o resto da vida se perguntando "e se".

...

Depois de passarem a tarde juntos no café, conversando sobre tudo e nada ao mesmo tempo, Hyunjin ofereceu uma carona a Felix até o carro. Felix hesitou por um momento, mas aceitou, sentindo-se aquecido pela companhia. Enquanto caminhavam lado a lado, o silêncio entre eles não era mais desconfortável, mas cheio de uma energia que parecia pulsar no ar.

Ao chegarem ao carro, Felix abriu a porta e se preparava para entrar, mas sentiu a mão de Hyunjin segurar seu braço com suavidade, o suficiente para fazê-lo parar e se virar. Antes que pudesse reagir, Hyunjin o puxou para um beijo.

O beijo foi intenso e inesperado, e Felix mal teve tempo de raciocinar antes de se entregar, os lábios entrelaçados aos de Hyunjin, esquecendo-se momentaneamente do mundo ao redor. Sentiu o toque dos dedos de Hyunjin em seu rosto e gemeu baixinho, perdido no momento.

De repente, percebeu onde estavam — em público. Qualquer pessoa poderia vê-los.

Com o coração disparado, Felix afastou-se, dando um tapinha leve no peito de Hyunjin e rindo nervosamente.

— Você é maluco! Estamos no meio da rua!

Hyunjin apenas deu de ombros, sorrindo com aquele olhar intenso que sempre fazia Felix perder o chão.

— Talvez eu seja. Mas, Felix, não consigo evitar. Você me deixa assim.

Felix revirou os olhos, tentando manter a compostura, mas aquele sorriso o deixava vulnerável, desmontava suas defesas. Ele se controlou para não puxá-lo para outro beijo.

— A gente tem que ser mais cuidadoso. E... eu preciso ir.

Hyunjin assentiu, mas antes que ele entrasse no carro, segurou novamente seu braço, dessa vez com mais suavidade.

— Eu sei. Mas não vou mentir... já estou contando as horas para te ver de novo.

Felix sentiu o rosto esquentar, e o nervosismo o dominou de novo. Ele nunca imaginou que alguém poderia deixá-lo assim tão confuso e vulnerável.

— Até logo, Hyunjin.

Entrou no carro e fechou a porta, acenando rapidamente antes de arrancar, deixando Hyunjin na calçada com aquele sorriso que parecia gravado em sua mente. Durante todo o caminho de volta, a imagem de Hyunjin e o sabor daquele beijo proibido não saíam de sua cabeça. Cada vez que se lembrava, seu coração batia mais rápido, e um sorriso surgia em seus lábios, apesar de todas as complicações que sabia que aquilo traria.

Naquela noite, enquanto tentava dormir, Felix percebeu que havia cruzado uma linha da qual talvez não houvesse mais volta — e, estranhamente, ele não se importava.