Papais

229 27 0
                                        

Os dias avançavam, mas as noites pareciam intermináveis. Theo, com seus choros constantes, tirava o pouco de energia que restava em Risabae. Mesmo com toda a ajuda de Felix e Hyunjin, ela sentia como se estivesse falhando como mãe.

Uma tarde particularmente cansativa começou com Theo chorando sem parar. Risabae andava de um lado para o outro na sala com o bebê nos braços, tentando acalmá-lo.

— O que você quer? O que você tem? — ela perguntou, frustrada, enquanto Theo chorava ainda mais alto.

Felix saiu da cozinha, preocupado. Ele estava preparando algo para Risabae comer, mas largou tudo ao ouvir a voz dela começar a se elevar.

— Ris, deixa eu pegar ele.

— Não! — ela gritou, segurando Theo mais perto de si. — Ele é meu filho, eu tenho que dar conta!

Felix parou no meio do caminho, levantando as mãos em sinal de rendição.

— Tudo bem, eu sei. Mas você não precisa fazer isso sozinha.

Theo continuava chorando, e Risabae deixou escapar um suspiro trêmulo, os olhos começando a lacrimejar.

— Ele não para de chorar, Felix. Eu não sei o que fazer.

Felix deu um passo à frente, a voz calma.

— Ris, me dá ele aqui. Só por um minuto.

Ela hesitou, os ombros tensos, mas acabou entregando Theo a Felix, que o segurou com cuidado. Felix começou a balançá-lo gentilmente, enquanto sussurrava palavras tranquilizadoras.

— Shh, tá tudo bem, pequeno. Tá tudo bem.

Theo começou a se acalmar, e Risabae soltou um som que parecia uma mistura de frustração e alívio antes de desabar no sofá.

Hyunjin apareceu na porta, com os cabelos ainda bagunçados pela última troca de fralda que ele e Theo haviam enfrentado juntos. Ele olhou para Risabae, depois para Felix e Theo, e caminhou até o sofá, sentando-se ao lado dela.

— Tá difícil, né? — ele perguntou, a voz suave.

Risabae bufou, cobrindo o rosto com as mãos.

— Difícil não começa a descrever. Eu me sinto... incapaz.

— Ris, todo mundo sente isso no começo — Felix disse, olhando para ela enquanto ainda embalava Theo.

— Não é só isso. Eu olho pra vocês dois com ele... vocês parecem saber exatamente o que fazer. Eu tento, e tudo o que eu consigo é fazê-lo chorar mais.

Hyunjin trocou um olhar com Felix antes de falar.

— Ris, a gente também tá aprendendo. Ninguém sabe tudo de cara. E você tá sendo mais dura consigo mesma do que deveria.

Ela balançou a cabeça, os olhos vermelhos de cansaço.

— Eu gritei com ele hoje. Um bebê, Hyunjin. Eu gritei com o meu próprio filho.

Felix se aproximou, com Theo agora dormindo em seus braços. Ele se ajoelhou na frente de Risabae, colocando uma mão em seu joelho.

— Você tá exausta, Ris. E ninguém vai te julgar por isso. Você tá carregando um peso enorme, mas não precisa carregar sozinha.

Hyunjin concordou, colocando uma mão no ombro dela.

— E se você não quiser amamentar por enquanto? A gente pode complementar com fórmula. Não precisa ser tudo nos seus ombros.

— Mas e se isso me fizer parecer uma mãe pior? — ela perguntou, a voz tremendo.

— Isso te faz parecer uma mãe que tá tentando sobreviver. — Felix deu um sorriso fraco.

Hidden ReflectionsOnde histórias criam vida. Descubra agora