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Felix entrou na casa de Hyunjin em passos arrastados, com o rosto ainda molhado pelas lágrimas. Ele havia segurado todo o tempo em que conversava com Risabae, mantendo a compostura até o fim, mas no momento em que entrou no carro, tudo desmoronou. A raiva, o desgosto e, principalmente, a mágoa o atingiram com força. Cada palavra cruel dela ecoava em sua mente, e ele não conseguia se desvencilhar da sensação de ser julgado, menosprezado, como se houvesse algo de errado com ele por ser quem era.

Hyunjin estava na sala quando ouviu a porta se abrir e se fechou, e o som abafado dos passos de Felix o alertou. Ele se virou rapidamente e, ao ver o rosto de Felix, percebeu imediatamente que algo estava errado. Felix tentou limpar o rosto, disfarçar o quanto estava abalado, mas Hyunjin o conhecia o suficiente para saber que ele não estava bem.

— Felix? — perguntou Hyunjin, dando alguns passos para se aproximar, os olhos carregados de preocupação. — O que aconteceu?

Felix engoliu em seco, tentando compor-se, mas a dor era visível em seus olhos. Ele respirou fundo, como se precisasse de ar para poder falar, mas o nó em sua garganta só parecia aumentar. Ele tentou sorrir, um sorriso frágil e sem força, mas seus lábios tremeram e ele desviou o olhar, ainda tentando esconder o quanto estava machucado.

— N-nada... — murmurou ele, a voz falhando.

Hyunjin suspirou, cruzando os braços e o observando com intensidade, sem desviar o olhar. Ele sabia que Felix era forte, que tinha um espírito resiliente, mas também sabia que, quando ele tentava esconder suas dores, era porque elas o atingiam em algum ponto muito profundo.

— Felix, olha pra mim — pediu Hyunjin, sua voz firme mas suave. Ele estendeu a mão, tocando o ombro de Felix. — Me diz o que houve com a Risabae. Não precisa esconder de mim.

Felix fechou os olhos por um instante, sentindo o toque confortante de Hyunjin, mas as palavras duras de Risabae ainda pulsavam em sua mente. Ele sentiu os olhos se encherem de lágrimas novamente e tentou segurar, mas uma delas escapou, deslizando pela bochecha. Ele finalmente levantou o olhar, encarando Hyunjin, a vulnerabilidade transparecendo em sua expressão.

— Eu... eu fui lá — disse ele, com a voz embargada. — Eu... achei que a gente ia se entender, mas...

Ele hesitou, as lembranças das palavras de Risabae lhe causando uma dor quase física. Ele mordeu o lábio, respirando fundo antes de continuar.

— Ela... disse coisas horríveis pra mim, Hyunjin. — Felix sentiu a voz vacilar, mas continuou. — Me chamou de... de afeminado, como se isso fosse uma coisa nojenta, como se... como se eu fosse nojento.

Os olhos de Hyunjin se estreitaram, e Felix pôde ver a raiva e o desprezo surgirem em seu rosto. Hyunjin apertou a mão no ombro de Felix, com mais firmeza, como se quisesse protegê-lo daquele julgamento cruel.

— Ela disse isso? — perguntou Hyunjin, sua voz baixa e controlada, mas carregada de indignação. — Ela teve coragem de dizer isso pra você?

Felix assentiu, os olhos baixos. Ele sentia uma mistura de humilhação e tristeza, mas a indignação de Hyunjin parecia aliviar parte daquela carga, como se finalmente alguém estivesse enxergando o quanto aquilo havia doído.

— Sim... Ela acha que eu sou... confuso, que eu não sei o que quero. Que eu sou... errado, de algum jeito. — Felix olhou para Hyunjin, os olhos brilhando de lágrimas. — Eu me senti tão... pequeno.

Hyunjin respirou fundo, controlando a própria raiva para não transparecer, pois sabia que Felix precisava de seu apoio. Ele segurou o rosto de Felix com delicadeza, usando os polegares para limpar as lágrimas que teimavam em escorrer.

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