Trégua

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A enfermeira entrou na sala com um sorriso calmo, quebrando o momento silencioso entre Felix, Hyunjin e o recém-nascido Theo.

— Risabae já está pronta para dar a primeira mamada — anunciou, olhando para Felix com um gesto para que ele a seguisse.

Felix olhou para Theo em seus braços, sentindo um breve aperto no peito antes de se levantar cuidadosamente. Hyunjin percebeu o momento e se colocou ao lado do noivo, oferecendo apoio silencioso.

Os dois caminharam até o quarto ao lado, onde Risabae estava recostada em travesseiros macios, visivelmente exausta, mas com um brilho diferente no olhar. Assim que viu Felix entrar, sua expressão suavizou por um instante, mas endureceu novamente ao perceber Hyunjin logo atrás. Apesar disso, ela não disse nada, concentrando-se em manter uma postura serena.

— Ele está aqui — disse Felix suavemente, aproximando-se da cama.

Risabae não respondeu de imediato. Ela apenas estendeu os braços, o olhar fixo em Theo. Felix, sem hesitar, colocou o bebê nos braços dela com cuidado. Assim que Theo foi envolvido pelo calor da mãe, Risabae pareceu relaxar, um pequeno sorriso escapando de seus lábios enquanto olhava para o filho.

— Oi, meu pequeno — ela murmurou, sua voz doce e cansada.

A enfermeira se aproximou, mantendo uma postura profissional, mas com um sorriso acolhedor.

— Precisamos estimulá-lo a mamar, então vou ajudá-la a preparar o seio, Risabae. Tudo bem?

Risabae assentiu, um pouco desconfortável, mas determinada. Ela manteve os olhos em Theo enquanto a enfermeira puxava delicadamente a alça de seu top e começava a apertar o seio com cuidado, explicando cada passo.

— É importante que ele pegue a auréola corretamente para estimular o leite — dizia a enfermeira. — Pode ser um pouco desconfortável no começo, mas logo se acostuma.

Risabae não respondeu, mordendo levemente o lábio enquanto o leite começava a escorrer. Theo, instintivamente, moveu a cabeça para o lado, abrindo e fechando a boquinha. A enfermeira o guiou até o seio, ajudando-o a abocanhar.

Assim que Theo começou a mamar, Risabae soltou um suspiro longo, quase aliviado. As pequenas mãozinhas do bebê repousavam no peito dela, enquanto ele sugava com determinação, os olhinhos fechados em concentração.

Felix, que estava ao lado de Hyunjin, observava em silêncio, o rosto iluminado por um sorriso. Ele sentiu a mão de Hyunjin apertar a sua levemente e, sem pensar, agarrou-se ao noivo, descansando a cabeça no ombro dele.

— Ele é incrível, não é? — Felix murmurou, quase para si mesmo.

— É, sim — respondeu Hyunjin, baixinho, como se temesse quebrar a tranquilidade do momento.

Risabae não tirava os olhos de Theo, sua expressão completamente absorta no filho. Apesar do desconforto inicial, ela parecia mais relaxada agora, acariciando as costas do bebê com movimentos suaves.

— Ele é perfeito... — Risabae sussurrou, quase sem perceber que tinha falado em voz alta.

Felix olhou para ela e, pela primeira vez desde que tudo começara, viu uma vulnerabilidade que ela nunca deixara transparecer.

— Você fez um ótimo trabalho, Risabae — disse Felix, sua voz gentil. — Ele é lindo.

Risabae finalmente ergueu o olhar, encontrando os olhos de Felix. Por um momento, parecia que ela iria dizer algo, mas apenas assentiu antes de voltar sua atenção para Theo.

A enfermeira sorriu, satisfeita com o progresso.

— Ele está mamando muito bem. Isso é um ótimo sinal. Vamos deixá-los assim por um tempo.

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